quinta-feira, 26 de março de 2015

Sinais dos Tempos.

Sinais dos Tempos: Como identificá-los e saber que o fim está próximo? Por Franklin Ferreira.

Entrevista originalmente concedida a Aline Campos, editora da revista Movimento Gospel Nº 18, Set-Out (2014), p. 28-30.
"E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as nações. Então virá o fim" (Mt 24.14)
Quais são os sinais do fim dos tempos?
Os sinais que precederão a vinda de Cristo são: 1) o evangelho será proclamado a todos os povos (Mc 13.10); 2) uma futura conversão de Israel (Rm 11.25-29), que será a culminação da aliança da graça e da história da redenção; 3) a grande tribulação e a grande apostasia ocorrendo juntas (Mt 24.9-12,21-24); 4) a revelação do anticristo, o “homem da iniquidade” (2Ts 2.1-12); 5) o recrudescimento das guerras, fomes e terremotos em diversos lugares, o que é descrito como o “princípio das dores” (Mt 24.8); 6) a criação será abalada (Mt 24.29). Então, como o clímax destes sinais, “como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente”, todos “verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mt 24.27, 30).

Os acontecimentos dos nossos dias são sinais dos tempos?
Ainda que esses sinais aconteçam durante a história, parece que eles ocorrerão simultaneamente na iminência do fim. Parece que a chave para entender esses sinais é oferecida em Mateus 24.33: “Quando virdes todas essas coisas, sabei [ou você saberá] que ele [o fim] está próximo, às portas”. Na iminência da vinda de Cristo, as guerras, os terremotos, a fome, as epidemias, “os poderes dos céus” abalados (Mt 24.29) acontecerão todos ao mesmo tempo, assim como sobrevirá a grande tribulação e a conversão de Israel. 

Onde e como podemos identificá-los?
Estes sinais ocorrerão simultaneamente, antes do retorno de Cristo. Por isso, lembramos que existem nas Escrituras passagens que nos incentivam a estar prontos para a inesperada vinda de Cristo, estimulando-nos a estar preparados e vigilantes. Portanto, provavelmente, estes sinais serão mais intensos e extensos que as ocorrências parecidas que os precederam durante a história. E, me parece, esses sinais, não podem ser considerados independentemente, mas em conexão com a grande tribulação. Quando eles ocorrerem, serão reconhecidos pelos filhos de Deus como o que realmente são.

Quais as prerrogativas para a volta do Senhor?
A segunda vinda de Cristo será um evento único, que ocorrerá no “dia do Senhor”, um termo que se refere especialmente à sua vinda em glória. Cristo voltará uma única vez, corporal e visivelmente, gloriosa e triunfalmente, para vencer cabalmente todos os poderes do mal e renovar a criação.

A questão dos conflitos mundiais, doenças, guerras, a fome no mundo são sinais da vinda de Jesus?
A Escritura ensina que o tempo exato da vinda de Cristo é desconhecido. Isso significa que uma vigilância contínua pela vinda de Cristo é exigida; devemos estar prontos para uma vinda inesperada, já que os sinais podem acontecer simultaneamente, num pequeno período de tempo. Mas devemos notar que esses sinais estiveram presentes no tempo do Novo Testamento, ao longo da história e estão presentes agora. Ainda que esses sinais tenham aparecido durante toda a história, antes da volta de Cristo eles se intensificarão, dirigindo-se para o clímax. Portanto, ao considerarmos a exortação à vigilância (Mt 24.32,33), não precisamos interpretá-la como uma exortação para se buscar sinais imediatos do aparecimento do Senhor. Antes, trata-se de uma exortação para permanecermos ativos na realização da obra do Senhor, para não sermos surpreendidos por sua vinda.

O mundo será destruído?
Ainda que esta ideia seja popular, especialmente pela influência do fundamentalismo americano do começo do século 20, a posição bíblica, afirmada pela tradição reformada conectada com João Calvino, afirma o conceito de renovação da criação. Por isso, é importante ter em mente uma compreensão firmemente bíblica de Deus: o Eterno é o criador e renovador da criação, sustentando-a por sua providência. A Escritura nunca apresenta o Senhor Deus como destruidor.
Como Anthony Hoekema escreveu [em seu livro A Bíblia e o futuro], “tanto em 2Pedro 3.13 como em Apocalipse 21.1, o termo grego utilizado para designar a novidade do novo cosmos não é neos mas sim kainos. A palavra neos significa novo em tempo ou origem, enquanto a palavra kainos significa novo em natureza ou em qualidade. A expressão (...) ‘novo céu e nova terra’ (Ap 21.1) significa, portanto, não a emergência de um cosmos totalmente outro, diferente do atual, mas a criação de um universo que, embora tenha sido gloriosamente renovado, está em continuidade com o universo presente”.
Portanto, a Escritura nos assegura que Deus criará uma nova terra na qual viveremos para seu louvor, com corpos ressurretos e glorificados. Nessa nova terra é que esperamos passar a eternidade, desfrutando de suas belezas, explorando seus recursos e utilizando seus tesouros para a glória de Deus. Uma vez que Deus fará da nova terra seu lugar de habitação, e uma vez que o céu é onde Deus habita, estaremos no céu enquanto estivermos na nova terra. Tudo que é bom na cultura, que pela graça de Deus pode ser aproveitado em seu reino, será renovado e aperfeiçoado na nova criação. Em outras palavras, o “novo céu e a nova terra” será tanto um estado como um lugar, onde “o SENHOR está presente” (Ez 48.35).

O que precisamos entender sobre o milênio?
Há uma só passagem bíblica que cita a noção de “mil anos” (Ap 20.1-15). E muito já foi escrito sobre esse texto, derivando daí quatro posições principais sobre o milênio, as quais listo em ordem cronológica, isso é, na medida em que surgiram no decorrer da história da igreja: pré-milenismo histórico, amilenismo (posição conhecida como “milenismo realizado”), pós-milenismo e pré-milenismo dispensacional. Ainda que muito tenha sido escrito num tom polêmico, é preciso dizer que todas estas posições são opções legítimas dentro da tradição cristã e evangélica. Mas, me parece, tão ou mais importante que afirmar uma interpretação sobre o milênio é tentar entender as implicações práticas de tal posição. Por exemplo: quais são as implicações de certa interpretação quanto ao milênio para a relação com a cultura, arte, política, economia, igreja, evangelização e missões? Este é um estudo extremamente frutífero e que redundaria em mais humildade na hora de debatermos as interpretações quanto ao milênio – além de reservar algumas surpresas para os que dedicarem-se a tal estudo.

O evangelho será pregado em todo o mundo antes do fim?
O evangelho não será pregado a todas as pessoas, mas deverá ser pregado a todo grupo étnico. A palavra grega usada em Marcos 13.10, traduzida por “nações”, é ethnē, que pode ser traduzida como “países” e “nações”, mas também como “famílias” e “tribos”. A implicação é que quando todos os grupos étnicos tiverem conhecimento do evangelho, então virá o fim. Daí a necessidade de priorizarmos a tarefa missionária, especialmente entre os povos não alcançados, investindo os melhores esforços na tradução da Escritura para idiomas que ainda não têm acesso às porções bíblicas.

Podemos interpretar eventos isolados como indicação do fim dos tempos?
A respeito da segunda vinda de Jesus não é possível determinar com precisão uma data. Sobre isso, ele mesmo declarou: “Mas, quanto ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão somente o Pai” (Mt 24.36). Não se pode saber, então, a ocasião exata do retorno de Cristo. Todas as tentativas que as seitas têm feito para determinar o momento preciso desse retorno acabam por mostrar o quanto elas estão erradas em suas previsões. O que se pode dizer, com certeza, é que Cristo virá em hora inesperada. Por isso, devemos estar atentos. Qualquer um, portanto, que afirme conhecer a data em que Cristo virá, independentemente de quem é ou de quão importante seja, deve ser completamente rejeitado.

A nação de Israel seria o sinal mais importante do fim dos tempos?
Depende de como se conecta Israel com os sinais do fim. A fundação do Estado de Israel, a principal democracia no Oriente Médio na atualidade, foi um dos grandes momentos do turbulento século 20, especialmente depois do sofrimento indizível do Holocausto (Shoah). Mas, me parece, o sinal determinante que se espera em conexão com Israel e o fim dos tempos é o cumprimento da palavra apostólica: “E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados” (Rm 11.26-27).

4 comentários:

  1. Oi Mac, aqui é o Murilo

    Despertou-me interesse o que o autor fala sobre a "conversão de Israel" para que se cumpra o tempo do retorno de Cristo. Este Israel que o autor cita é literal - como povo, etnia, nação - ou ele está no sentido espiritual, considerando Israel como aqueles que aceitaram a Jesus como salvador?

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    1. Murilo, creio que o Franklin esteja falando do Israel étnico.

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  2. No verso de Marcos, sobre a pregação do evangelho a todas as nações, fala de um evangelho do reino,o que ele quis dizer com do reino?

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  3. Olá, Mac, tudo bem? Sei que o que eu vou perguntar não tem muito a ver com o post, mas por favor, me tire essa dúvida:

    No primeiro podcast "plenitude dos tempos" o Alex falou o nome de um teólogo luterano do século XVII que usou pela primeira vez o termo "escatologia". Vc lembra o nome desse teólogo? Poderia me passar o nome dele escrito, pois como o Alex falou, eu não conseguir procurar na net por causa da pronúncia.

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