quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Apêndice.

...continuação.

Importante: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).

As setenta semanas de Daniel 9.


As setenta semanas de Daniel (ou os setenta "setes") constituem a base de muitos esquemas de épocas. É bom observar o fim para o qual foram decretadas as setenta semanas:
"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo." (Daniel 9:24)
De acordo com Daniel, esses seis resultados têm de ser obtidos antes que terminem as setenta semanas. É, portanto, errado considerar todos, ou alguns deles, como devendo ser cumpridos em um milênio depois das setenta semanas, como geralmente se faz.
O acabar com o pecado e a expiação da iniquidade tiveram lugar através dEle, que "se manifestou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Hb 9:26). Ele trouxe uma justiça que permanece para sempre (2ª Cor. 5:21). Após seu ministério e o de Seus apóstolos, nenhuma outra revelação profética seria necessária e Ele foi o Santíssimo, ungido com o Espírito (At 10:38).

Cristo é o personagem proeminente no trecho. Dele se diz, no versículo 26, que "já não estará" [1], isto é, será desprezado e rejeitado. É Ele quem "confirma" ou "faz prevalecer" a aliança (v. 27). Deve-se notar que a palavra empregada não significa "fazer aliança", e sim, "fazer prevalecer" a aliança, que é a Aliança da Graça, existente desde a antiguidade. (Ver nota abaixo).

Aquele que traz a desolação (fim do v. 27) é Tito, o comandante romano, cujas destruições horríveis são descritas por Josefo.

Não se justifica, absolutamente, o procedimento dos que tentam separar a 70ª semana da 69ª por um intervalo já muito mais longo que o total das 70 semanas. Se alguém alegar ter o próprio Daniel feito um intervalo, devemos responder que ele faz dois - 7 semanas e 62 semanas e 1 semana. Todos os intérpretes consideram as 62 semanas como vindo imediatamente depois das primeiras sete, sem qualquer interrupção. O intervalo assinala, apenas, um grande acontecimento na história de Israel: a restauração de Jerusalém sob a liderança de Esdras e Neemias. Semelhantemente, não há quebra de continuidade entre a 69ª e a 70ª semanas. Somente entre elas está o aparecimento portentoso de Cristo.

Não existe qualquer motivo para tomarmos os 70 "setes" como 490 anos. Em lugar algum do Velho Testamento se chama de "semana" ou "um sete" a um período de sete anos. É melhor interpretar esses "setes" como "uma designação propositadamente indefinida de um período de tempo medido pelo número 7, cuja duração cronológica tem de ser determinado sobre outras bases", conforme sugere Keil.


[1] Nota da tradutora: O autor segue uma versão inglesa que, conforme a tese de Edward J. Young ("The Preacher of Daniel"), representa melhor o sentido do texto hebraico. Duas frases de nossa Versão Revista e Atualizada no Brasil carecem de revisão. No v. 26 (cap. 9 de Daniel), a frase "já não estará" deve ser traduzida por "nada há para ele" ou "nada terá". No v. 27, "fará firme concerto" deve ser "fará o concerto prevalecer" (Novo Comentário da Bíblia) ou "confirmará a aliança", ou, ainda, "fará prevalecer a aliança".


Chegamos ao final da série de estudos intitulada "O Maior de Todos os Acontecimentos", pelo ponto de vista do amilenista Rev. William J. Grier.


2 comentários:

  1. 1. Quem fará um firme acordo no período de 1 SEMANA ( a aliança de Cristo é eterna!), cessará o sacrifício e a oferta ou o sacrifício contínuo, colocando o sacrilégio (Dn 11:31), segundo o contexto imediato (parte b do versículo anterior), é o governante que virá, e não o Ungido morto.

    2. Não intervalo entre as primeiras 7 semanas e as 62, pois compreendem o tempo entre o decreto da restauração de Jerusalém e a vinda do Messias (v. 25), esses eventos são ininterruptos segundo o próprio profeta. A destruição da cidade e do Templo, seguindo a linha amilenista, deveriam ter ocorrido na última semana (nos 7 anos seguidos) e não quase 40 anos depois, no ano 70 DC. Portanto, até mesmo o amilenista coloca um intervalo entre a semana 69 e a 70.

    3. O que explicaria o intervalo entre a semana 69 e a 70 não seria a chamada "Era da Igreja", como afirma o Dispensacionalismo Clássico, mas a pregação do Evangelho a todas as nações, conforme Mt 24, pois, depois disso, aí sim virá o fim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. 1. Quanto ao seu primeiro ponto, de que não seria o Messias o sujeito de quem se diz que "fará um firme acordo", Lloyd-Jones comenta:

      “E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana”.

      Ora, nesse caso também não existe uma boa tradução. Talvez a melhor forma de colocá-la seja esta: “Ele fará o pacto firme”, ou “Ele fará o pacto prevalecer”. O importante é que não leiamos: “Ele fará um pacto”. O significado é muito mais forte que isso. A Authorized Version traduz por confirmado, o que comunica uma sugestão correta, mas com muita freqüência pessoas o interpretam como: “Ele fará um pacto”. E não é isso que nos é transmitido. A sugestão é que já havia um pacto em existência o qual Ele fará firme. Ele o estabelecerá. Ele está para torná-lo eficaz...

      ...Somos ainda informados no versículo 27 que na metade da semana “Ele fará cessar o sacrifício e a oblação”. Algo está para acontecer em conseqüência da ação dessa pessoa que porá fim aos sacrifícios e oblação. E a última de que somos informados é que “sobre a asa das abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador”. Ora, neste ponto a Authorised Version é confusa. A Revised Version, que é muitíssimo superior, traduz: “e sobre a asa das abominações virá aquele que faz assolação”. Essa é uma tradução muito excelente, e na margem da Revised Version há talvez uma nota ainda muito melhor, ou seja: “Sobre o pináculo das abominações virá Um (ou será Um) que fará assolação e até mesmo consumação, e que determinada ira será derramada sobre a desolação e o assolador”. Eis as reais afirmações que nos confrontam. Ora, as palavras: “sobre a asa das abominações”, ou “sobre o pináculo das abominações” são seguramente uma referência à destruição do templo. Começando no próprio pináculo, o templo iria ser completamente destruído...

      ...Porventura o sujeito de quem se faz referência em todo o parágrafo não seria o Messias? O outro príncipe surge e realiza sua obra, mas o tema, o sujeito, é o Messias. “Ele fará um pacto firme com muitos por uma semana” – e o Messias fez isso. Vocês recordarão que fizemos um grande esforço para enfatizar que a leitura correta é “confirmará” – não fará – “o pacto”. Ele estabelecerá um pacto que já estava em existência. E o Senhor Jesus Cristo não teria feito isso? O pacto da graça e da salvação retrocede a Abraão; aliás, retrocede ao jardim do Éden, como já vimos previamente (ver volume 1, Deus o Pai, Deus o Filho). O Senhor Jesus Cristo veio para confirmar esse pacto, e Ele o confirmou. Ele o estabeleceu. Ele o tornou sólido. Ele é a ratificação de todo o pacto. E o ratificou derramando Seu sangue, como o autor da Epístola aos Hebreus nos ensina (cap. 9).


      2. Essa questão do intervalo cai por terra quando se entende que a expressão em português "semanas" está equivocada. Esse período de "setenta setes" expressa melhor o simbolismo dos números nas profecias, de modo que "sete" é sempre um número que simboliza perfeição. Quando multiplicado por ele mesmo e por dez, representa completude. Evidentemente podemos comparar esse mesmo princípio com textos como o dos mil anos (Ap 20:4-7) e o do número de vezes que devemos perdoar (Mt 18:22). Assim, o amilenista não tem problemas com a questão da destruição do templo dem 70 d.C.

      3. Nem a era da Igreja nem a pregação do Evangelho pois simplesmente não há intervalo, uma vez que o contexto não sugere essa quebra repentina. O que de fato acontece é que a última semana não corresponde a um período de tempo de sete anos literais.

      Excluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...