quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CAPÍTULO XVI - Estará próximo o grande evento?

...continuação.

Importante: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).

Quando Cristo esteve na terra, alguns pensavam que o reino viria imediatamente na sua glória, porém Ele corrigiu essa idéia - (Lucas 19:11-27). É verdade que o Salvador exaltado disse:
"Certamente cedo venho" (Ap 22:20).
Devemos, no entanto, nos lembrar de que, do ponto de vista divino, a vinda está sempre próxima pois, para Ele, mil anos são como um dia (2ª Pedro 3:8) e, também, de que o Novo Testamento considera toda esta dispensação como "os últimos dias" (Hebreus 1:1,2; 1ª João 2:18).
Haverá quaisquer indicações nas Escrituras para advertir que estará próximo o Seu aparecimento glorioso? Alguns fatos são citados, dos quais os seguintes são os principais:

1 - A chamada dos gentios - O ministério de pastores e professores terá de continuar até que todos os eleitos sejam reunidos e toda a Igreja, levada à estatura da perfeição em Cristo (Ef 4:11-13). Todas as nações terão de ouvir o evangelho através da instrumentalidade dos servos de Cristo e então virá o fim (Mt 28:19,20; 24:14). Isso não quer dizer que todos os indivíduos terão de ouvir e, muito menos, de ser salvos. Significa que as nações, cada uma e como um todo, terão oportunidade e que haverá indivíduos de todas as nações entre os remidos (Ap 7:9).

2 - A conversão de Israel - O Dr. Charles Hodge insiste que em Romanos 11 se ensina que haverá uma conversão nacional dos Judeus. Dr. G. Vos concorda que "no futuro se verificará uma ampla conversão de Israel." Alguns exegetas têm considerado a expressão "todo o Israel" de Rm 11:26 como dizendo respeito ao Israel espiritual, enquanto que os Professores Louis Berkhof e William Hendriksen a tomam como significando "todos os eleitos entre o povo do antigo concerto." Não nos julgamos aptos para, com firmeza, adotar uma dessas opiniões. Concordamos, todavia, com a prudente declaração do Bispo Waldegrave. Comentando o cap. 11 da carta aos Romanos, diz ele:
"É provável que haja um generalizado voltar de Israel para o Senhor antes da Sua vinda."
Isso não significa que todo israelita será salvo, porém que entre eles haverá conversões em escala jamais atingida. Quase ao fim de Seu ministério na terra, o Senhor disse que os judeus não O veriam até que O aclamassem como bendito. Em outras palavras, a atitude de um número muito grande de judeus estará mudada, quando Ele vier pela segunda vez (Mt 23:39; Lucas 13:35). Não se diga que isso coloca a vinda de Cristo num futuro demasiado longínquo. Assim como Deus deu capacidade à luz para viajar à espantosa velocidade de 300.000 Km por segundo, pode também, quando o desejar, enviar a luz do Seu evangelho e rapidamente reunir o número total dos Seus escolhidos entre gentios e judeus.
Preocupamo-nos em ressaltar (contrariando muito do ensino dispensionalista atual) que a bênção virá aos judeus apenas por uma forma: através da fé em Cristo (Rm 11:23); que só poderão ser salvos por meio do evangelho da graça soberana (Rm 11:32; At 4:12); e que não existe esperança alguma para um judeu simplesmente por ser judeu. Ele precisa, como o pecador gentio, se arrepender e ser convertido, para que seus pecados possam ser apagados (At 3:19). Não há distinção entre judeu e grego (Rm 10-12). Ambos têm de ser salvos pelo sacrifício expiatório de Cristo. Falar em esperança para o judeu só pelo fato de ser judeu, como fazem alguns dispensionalistas, é pregar um outro evangelho (Gl 1:8). Será correto saudar a volta dos Judeus não convertidos, rebeldes, para a Palestina como o cumprimento de profecia? Parece-nos que não, pois que a profecia une intimamente as idéias de conversão e "restauração" (v. Dt 30:8-10; Ez 20:38). As promessas do Antigo Testamento - de restauração à terra - tiveram cumprimento parcial na volta do cativeiro da Babilônia. São cumpridas totalmente na vinda do Israel espiritual - a descendência inumerável de Abraão - (Gl 3:29 e Rm 4:16-18) para o seu verdadeiro lar em Cristo e, afinal, à sua herança nos novos céus e nova terra (2ª Pe 3:13; Ap 21:1). A real circuncisão são os crentes judeus e gentios (Fp 3:3), cidadãos da Jerusalém celestial (Gl 4:26), os que chegam ao Monte Sião (Hb 12:22). Já demonstramos, no capítulo VI, que o Novo Testamento dá um sentido espiritual e amplo às promessas do Antigo Testamento, as quais, à primeira vista, podem parecer interessar exclusivamente aos judeus.

3 - A vinda do Anticristo - No tempo dos apóstolos, já atuava o sentimento anticristão (2ª Ts 2:7, 1ª Jo 2:18). Alcançará o máximo de sua força logo antes da segunda vinda do Senhor. Haverá uma grande apostasia e o poder anticristão será, muito provavelmente, concentrado em um indivíduo, a encarnação de toda a impiedade (2ª Ts 2). Muitas vezes, se tem perguntado:
"Tornar-se-á o mundo melhor ou pior, à aproximação da vinda do Senhor?"
Há passagens na Bíblia que parecem ensinar claramente que o mundo será muito ímpio então, como foi nos dias de Noé e nos de Ló. Por outros trechos, entende-se que se dará um desenvolvimento gradativo do reino de Cristo (ex. Mt 13:31-33). Ambos os quadros são indubitavelmente verdadeiros. Conforme diz o Prof. R.B. Kniper:
"Falando de um modo geral, as condições da terra estão se tornando melhores e piores ao mesmo tempo. Testemunha-se a cristianização de povos pagãos e o retrocesso de cristãos ao paganismo."
É provável que...
"... ao passo que o reino da verdade se for estendendo gradativamente, o poder do mal reunirá forças, à aproximação do fim." (Dr. Vos)
Embora tais acontecimentos tenham sido apresentados com clareza como antecedendo a Vinda, ninguém, senão Deus, sabe a época em que ela se dará. Tomará de surpresa a humanidade. Nenhum dos sinais dados é de tal natureza que possa determinar "o dia e a hora". Além disso, lembremo-nos de que a primeira vinda de Cristo foi prenunciada por sinais e, no entanto, surpreendeu a todos ou a quase todos. A maioria tinha prestado pouca ou nenhuma atenção aos sinais.
Disse Agostinho:
"Aquele dia está escondido para que todos os dias estejamos alerta."
Discordando do dogmatismo de alguns de seus contemporâneos, que consideravam iminente a segunda vinda, ele escreveu, com grande beleza:
"Aquele que ama a vinda do Senhor não é o que afirma estar muito distante, nem o que a declara próxima, mas é quem a aguarda com fé sincera, firme esperança e amor fervoroso, esteja próxima ou longínqua."
continua...


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