quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CAPÍTULO VIII - O ensino de Cristo com respeito à Sua segunda vinda.

...continuação.

Importante
: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).


As Parábolas - Na parábola do trigo e do joio e na da rede (Mt 13:24-30, 36-43 e 47-50) o Senhor faz, conforme todos admitem, uma representação desta dispensação da graça, que termina com a Sua segunda vinda. No reino, o trigo e o joio têm de crescer juntos até a colheita, no fim do mundo. Então, haverá a separação. Todos os filhos do maligno, representados pelo joio, deverão ser eliminados da cena. Ao mesmo tempo que a maldição sobre os ímpios, recai a glória sobre os justos.
"Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai." (v. 43)
Isso não deixa lugar para um milênio na terra. O atual reino do Filho do Homem será seguido pelo reino eterno do Pai (como se vê em 1ª Co 15:24,25). Os justos e os injustos estarão juntos até o tempo da colheita, quando haverá completa e final separação. O fim desta dispensação trará condenação imediata e eterna aos ímpios, ao mesmo tempo que glória eterna aos justos.

A Bíblia Scofield tenta evitar essa conclusão, mediante o seguinte comentário:
"O ajuntar do joio em feixes para a queima não significa julgamento imediato. Ao fim desta época (esta dispensação), o joio é separado para ser queimado."
Para responder a isso, basta-nos citar as palavras do próprio Senhor Jesus:
"Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo.
Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidade.
E lança-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes." (Mt 13:40-42)
Surge a pergunta: Por que motivo se mostra a Scofield tão ansiosa por livrar os feixes de joio do fogo em que o Salvador os figura como atirados? A resposta é: as notas Scofield ensinam que, depois da colheita, no fim desta época, haverá um milênio, em que multidões de não regenerados viverão sob o governo de Cristo e dos Seus santos. O Salvador, contudo, afirma que não haverá ímpios sobre os quais reinar, porquanto, ao terminar esta dispensação da graça, eles serão lançados na fornalha de fogo.

A parábola da rede também ensina que, no fim desta dispensação da graça, os ímpios serão lançados na fornalha de fogo (v. 49 e 50). É, realmente, um absurdo afirmar, como o fazem as notas Scofield, que o joio é conservado em feixes durante mil anos para só depois ser queimado.

A parábola das minas (Lc 19:11-27) mostra como, ao regressar o nobre, todos os servos, os fiéis como os infiéis, recebem a recompensa merecida, e ele dirá:
"E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim." (v. 27)
Essa parábola esclarece que, quando o Senhor voltar, não apenas recompensará os Seus servos, mas também visitará os ímpios com o seu julgamento final. Seus inimigos serão mortos e nenhum será deixado para o que os pré-milenistas chamam de "falsa obediência", durante o suposto milênio.

A parábola das dez virgens é semelhante às anteriores. Ela indica, igualmente, que a volta de Nosso Senhor é o grande final, a consumação de todas as coisas. Há algo que ela esclarece perfeitamente: quando o noivo chega, fecha-se a porta (Mt 25:10). Um dos piores aspectos do ensino da maioria dos pré-milenistas é a segunda oportunidade. Afirmam eles que não será senão depois do glorioso aparecimento final de Cristo que o grande grupo dos salvos será levado para Deus. Sustentam haver esperança de salvação depois do Senhor ter vindo para os Seus, quer durante o período de tribulação, quer durante o milênio. No entanto, as Escrituras declaram que quando Ele vier para os Seus a porta será fechada, finalmente, e para sempre.

A parábola dos talentos (Mt 25:14-30) apresenta o mesmo ensinamento. A vinda do Senhor trará gloriosa recompensa aos Seus servos fiéis e, ao mesmo tempo, terrível maldição e condenação para os "inúteis e maus".


O discurso do Monte das Oliveiras - Não temos nesta passagem o ensino acerca do "arrebatamento"? Não lemos aqui:
"Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro."? (Mt 24:40)
Note-se, contudo, que não se fala em "arrebatamento secreto". Sua vinda será exatamente o contrário disso. Virá como o relâmpago, será visível e a reunião dos Seus eleitos será feita "com grande clangor de trombeta" (Mt 24:26, 27, 30 e 31). Atentemos, outrossim, para os versículos 37-40:
"E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca,
E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem.
Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro."
Aqui existe não apenas uma comparação entre o dia de Noé e o de Cristo. Os resultados desses dois dias são também comparados. No dia de Noé, alguns ficaram em segurança e outros foram levados a uma destruição terrível. Assim ocorrerá quando Cristo vier: alguns serão conservados em segurança e outros sofrerão uma sentença tremenda. Sua vinda trará destruição aos que O rejeitaram. Mais uma vez, chamamos atenção para o fato de não se esboçar aqui lugar para um milênio na terra (após a Sua vinda), durante o qual pessoas não nascidas de novo viveriam sob o governo pessoal de Cristo e de Seus santos.


A cena do julgamento de Mateus 25 - Todas as nações serão reunidas perante o trono de glória de Cristo e ali separadas: ovelhas à Sua direita e bodes à esquerda. A seguir, lhes será determinado, respectivamente, vida eterna e castigo eterno. Parece claro tratar-se de um julgamento geral e final. Mas a maioria dos pré-milenistas o considera (como o fazem as notas Scofield) um julgamento de "nações vivas", como nações. O "teste" neste julgamento - declara Scofield - é...
"...o tratamento dado pelas nações ao remanescente dos judeus, que terão pregado o Evangelho a todas as nações, durante a tribulação."
W. E. Blackstone, autor do manual pré-milenista "Jesus is coming", por tal forma se impressionou com a obra dos judeus durante o período de tribulação, e com a luta que teriam, que armazenou caixas de Bíblias em cavernas do Edom, onde supunha eles haveriam de se esconder. Parece-nos suficiente dizer que tal interpretação do termo "irmãos", empregado no v. 40, não se ajusta à definição da palavra (dada por Cristo) em Mateus 12:49-50 (comparar com Mt 28:10).

A dificuldade na interpretação desta cena de julgamento gira, em grande parte, em torno do significado da expressão "todas as nações" (Mt 25:32). Por que deveria ela ter sentido diverso daquele que tem em alguns capítulos adiante:
"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os..." (Mt 28:19, v. também 24:14)
Aí, "todas as nações" se interpreta como toda a humanidade. Por que lhe atribuir uma significação diferente em Mt 25:32? Em Romanos 16:26, onde Paulo diz que o mistério do Evangelho é tornado conhecido "a todas as nações", ele quer dizer todas as pessoas em geral. Por que não entender da mesma forma Mt 25:32?

O ambiente geral da cena demonstra tratar-se de julgamento de indivíduos e não de nações como nações. Quem poderia, jamais, pensar em nações sendo enviadas, como nações, a um castigo eterno ou a uma vida eterna? (v. Mt 25:46). E quem jamais ouviu falar de nações visitando doentes e presos?

Além disso, convém observar que, conquanto a palavra "nações" seja um substantivo neutro em grego, o pronome que vem logo a seguir é masculino.
"E todas as nações (neutro) serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros (masculino), como o pastor aparta dos bodes as ovelhas." (ACF)
O uso do pronome masculino indica indivíduos e não nações.

Esta cena de julgamento assemelha-se notavelmente à descrita em Ap 20:11-15. Ambas dão ênfase à sua universalidade, assim como ao fato de tratar-se de um julgamento de obras - as obras evidenciando, está claro, a fé interior. Encontramos a mesma ênfase nas palavras do Senhor (Mt 16:27):
"Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras."
A mesma nota é patente nas solenes palavras:
"Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.
E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação." (Jo 5:28,29)
Ao som da mesma voz, ouvida ao mesmo tempo, todos sairão dos túmulos para o julgamento. Nenhum dos Seus ouvintes, por maior que fosse o esforço de imaginação que fizesse, poderia compreender as palavras de Jesus como significando dois julgamentos separados por mil anos.

O chamado Credo de Atanásio é um excelente resumo da maior parte do que aprendemos dos ensinos de Jesus:
"Subiu ao Céu, está assentado à mão direita de Deus Pai, Todo Poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. À Sua vinda todos os homens se erguerão de novo com os seus corpos e darão conta dos seus atos."
Não se diga que toda esta discussão tem pouca importância. A idéia dos ímpios serem convocados à presença de Deus mais de mil anos depois dos justos leva, no mínimo, à diminuição do "terror do Senhor", um terror que as Escrituras repetidamente associam à Sua vinda, ao soar da última trombeta para o grande julgamento final e universal.
Além disso, quando serão julgados aqueles que - dizem - serão salvos durante o milênio? De conformidade com o quadro dos pré-milenistas, o julgamento dos santos já terá tido lugar e o dos ímpios é o único que terá ainda de ocorrer.

O Senhor Jesus ensina claramente que haverá um julgamento geral, universal, quando da Sua segunda vinda. Virá em forma visível e gloriosa. Para os ímpios isso significará juízo final, irrevogável. Para os santos não será a felicidade de um milênio mas, realmente, os céus dos céus, onde passarão a habitar - pois não disse Ele:
"[...] Vou preparar-vos lugar.
E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também."? (Jo 14:2,3)
Regozijai-vos, salvos. Vós, pecadores impenitentes e descuidados mestres de religião, alertai-vos. Cristo virá e a porta será fechada. A sentença será pronunciada: eterna bem-aventurança ou desgraça eterna.

continua...


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CAPÍTULO VII - Algumas considerações gerais baseadas no N.T.

...continuação.

Importante: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).

Observemos, agora, certos filões que passam através do ensino do Novo Testamento, bem como alguns dos termos ali empregados com relação à vinda do Senhor.

Alguns conceitos neo-testamentários.


1 - Os últimos dias - Esta expressão é usada frequentemente referindo-se à dispensação da Graça em que vivemos agora.
"Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho." (Hebreus 1:1)
Veja-se, também, Atos 2:17, Tiago 5:3 e 1ª Pedro 1:20. Em Hebreus 9:26, lemos:
"Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo."
Aqui, toda esta Dispensação é considerada como "a consumação dos séculos." Em outras palavras, a encarnação de Cristo introduziu o período final da história do mundo. Comentando as palavras "é já a última hora", de 1ª João 2:18, o rev. J. M. Ghysels observa:
"É fora de dúvida que, de conformidade com as Escrituras, o último período da história do mundo se iniciou com a ascensão de Cristo e a descida do Espírito Santo. A época em que vivemos é a última no programa divino."
Se este período é o último, então nada resta senão o estado eterno. Não há lugar para a inserção de um milênio.

2 - Já cidadãos do céu - Cristo subiu e está à destra de Deus e os crentes, unidos vital e misticamente a Ele, estão, portanto, com Ele, em um sentido espiritual, habitando o mundo eterno (céu). Ver Efésios 1:3; 2:6, Filipenses 3:20 e Colossenses 3:1-3. O mundo celestial e a esfera terrena são, agora, estados paralelos, a ambos pertencendo o crente. Conforme nos faz lembrar Dr. Vos, o cristão tem aqui na terra apenas os seus membros, que devem ser mortificados. Seu verdadeiro ser, no entanto, pertence aos lugares elevados, celestiais. Isso não significa uma diminuição de seu interesse pela vinda de Cristo. "Na realidade", diz Dr. Vos,
"o fato de ser o Cristão apresentado como centralizado e potencialmente ancorado no céu não é uma deserção, porém, uma afirmação profunda e prática do teor sobrenatural da vida do crente."
Embora na terra, ele já é um habitante do céu. Sua alma, em verdade, penetrará na mansão celestial, por ocasião de sua morte e, quando Cristo vier, o seu corpo herdará a eternidade, assim como a sua alma, completando-se, finalmente, a sua redenção.
Tal é já, agora, a posição do cristão: habitante do céu. Voltemo-nos, porém, para a descrição do milênio feita por Papias e por muitos depois dele. Citando uma suposta declaração de Cristo, disse Papias que, durante o milênio,
"as parreiras terão 10.000 galhos cada uma; em cada galho haverá 10.000 ramos; em cada ramo, 10.000 rebentos; em cada rebento, 10.000 cachos e em cada cacho, 10.000 uvas e cada uva, ao ser espremida, produzirá 225 galões (1.022 litros) de vinho. E quando algum dos santos pegar um cacho, um outro gritará: 'Eu sou melhor, pegue-me.'"
Cereais e ervas de toda espécie produzirão - assegura-nos Papias - "nas mesmas proporções" em que o farão as parreiras.
Parece-nos genuinamente cristão e de conformidade com as Escrituras reputar essa espécie de milênio como "carnal". É um sentimento cristão e eucarístico o preferirmos estar para sempre com o Senhor, no céu. Os que já são cidadãos do céu e vivem na perspectiva de gozar plenamente dos privilégios dessa cidadania bem podem voltar as costas a 10.000 vezes 10.000 uvas do milênio. Como os patriarcas, "desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial" (Hb 11:16). Colocam seu afetuoso interesse nas coisas que são de cima, não nas da terra (Cl 3:1,2).

3 - As duas épocas - O apóstolo Paulo diz que Cristo está entronizado
"acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século [literalmente], mas também no vindouro." (Ef 1:21)
Nas expressões "neste século" e "no vindouro" engloba o apóstolo todos os tempos, presente e futuro, sob o poder de Cristo. O próprio Senhor Jesus usou linguagem semelhante. Prometeu aos discípulos que fossem fiéis, "já no presente, o cêntuplo... e no mundo porvir a vida eterna." (Mc 10:30). O "século futuro" é, evidentemente, o estado eterno, pois nele há "vida eterna."
Cristo falou, também, do pecado para o qual não existe perdão "nem neste século, nem no futuro." Aqui se observa, de novo, claramente, que, ao mencionar essas duas épocas, Jesus está se referindo a todo o tempo ao presente e o porvir. Em Lucas 20:34-36, lemos:
"E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento;
Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento;
Porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição."
Mais uma vez, vemos, aí, todo o tempo - o presente e o futuro - sob as duas expressões: "deste mundo" (esta época) e "a era vindoura" (aquela época). Agora, porém, observamos que é mencionada a linha divisória entre as duas épocas, a saber, a ressurreição dos mortos - que todos os cristãos compreendem como devendo ocorrer quando da segunda vinda de Cristo.
O pré-milenismo assegura que há três épocas: a atual, a milenária e a do estado eterno. O Novo Testamento, todavia, apresenta simplesmente duas épocas: a presente dispensação da Graça e a vindoura, que é o estado eterno, sendo a linha divisória entre elas o extraordinário acontecimento da segunda vinda de Cristo. Podemos observar, de passagem, que o Novo Testamento se refere a época atual como um "século mau" (Gl 1:4), de forma que não vale a pena esperar por um mundo convertido dentro dos limites desta dispensação.

Alguns termos neo-testamentários.


Vamos examinar, agora, alguns dos termos empregados no Novo Testamento com respeito à segunda vinda, a fim de obtermos uma base clara para a continuação de nossos estudos.
Os pré-milenistas comumente fazem distinção entre o "arrebatamento" e a "revelação", aquele devendo ocorrer quando Cristo vier repentinamente e em segredo, nos ares, para levar os seus santos; esta, tendo lugar depois de decorrido um período de sete anos de tribulação, que se seguirá ao "arrebatamento secreto". A "revelação" determinaria o início do milênio. "O arrebatamento concerne apenas à Igreja; a revelação é para toda a terra", diz o Dr. Feinberg, pré-milenista, que faz distinção, também, entre "o dia de Cristo" e "o dia do Senhor", identificando "o dia de Cristo" com o arrebatamento e "o dia do Senhor" com a revelação. A Bíblia Scofield, que tem sido instrumento na divulgação de tais idéias, adota os mesmos pontos de vista do Dr. Feinberg. Vejamos como interpreta 1ª Coríntios 1:7:
"De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo."
Segundo Feinberg, "estas palavras são usadas em conexão com a volta do Senhor":

a) Parousia - que significa, apenas, a presença pessoal, e é empregada com respeito à volta do Senhor, relacionando-a com a felicidade dos santos e a destruição do homem do pecado.

b) Apocalipsis - "ato de desvendar", "revelação". O uso dessa palavra imprime ênfase à visibilidade da volta do Senhor."

Imediatamente a seguir, a Bíblia Scofield traz a seguinte nota:
"O dia de Cristo" se refere exclusivamente às recompensas e à bem-aventurança dos santos, por ocasião da Sua vinda, ao passo que "o dia do Senhor" se relaciona com julgamento."
Na realidade, a palavra "parousia" (cujo significado verdadeiro é "chegada") é usada, ao se tratar da vinda do Senhor, não somente como trazendo bem-aventurança aos santos, mas também, juízo sobre os ímpios (ver Mateus 24:37-39) onde a vinda, ou "parousia", é citada como trazendo julgamento como nos dias do dilúvio, enquanto que "apocalipsis" ("revelação"), que Feinberg aplica ao "dia do Senhor", é usada referindo-se à vinda de Cristo, para expressar a abençoada esperança dos Santos em 1ª Co 1:7 e 2ª Ts 1:7.
Não é exato, igualmente, que "o dia de Cristo" seja expressão usada unicamente para significar a recompensa e bem-aventurança dos santos. Em Lucas 17:24,29 e 30, Cristo fala do dia do Filho do homem (sem dúvida o mesmo dia de Cristo) trazendo destruição, como o dia de Sodoma.
O "dia do Senhor" também não está relacionado só a julgamento. O "dia do Senhor" e o "dia de Deus" em 2ª Pedro 3 são evidentemente o mesmo (até a Bíblia Scofield tacitamente admite isso) e esse dia é mencionado como sendo de bênção, que os crentes devem "aguardar, apressando-se para a Sua vinda" (2ª Pedro 3:12), sendo que, além disso, trará grandes mudanças cósmicas, no firmamento e na terra.
Em sua segunda carta aos Tessalonicenses, capítulo 2, Paulo esclarece melhor o assunto, pois de sua leitura se depreende que "o dia do Senhor" se identifica com a "parousia", a saber, a vinda do Senhor e, assim, com "o dia de Cristo." Diz, em parte:
"Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele,
Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto."
Aqui, a vinda do Senhor ou "parousia" é claramente o mesmo dia do Senhor. Os crentes de Tessalônica pensavam que o bendito dia do Senhor, quando Ele viria para os Seus, estava iminente. Se Paulo tivesse idéias pré-milenistas, teria respondido simplesmente:
"Não, vós estais enganados. O dia do Senhor não virá primeiro. O dia de Cristo ou, para empregar outra expressão, a "parousia" virá em primeiro lugar e só depois de decorridos sete anos de intervalo, chegará o dia do Senhor, ou a revelação."
Mas o apóstolo não diz nada disso. O que diz é:
"E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda [parousia]." (v. 8)
Exatamente a mesma vinda (parousia) a que está ligada a reunião dos santos (v. 1). Nada mais evidente do que se inferir que o dia do Senhor e a vinda do Senhor para os Seus santos são um e o mesmo acontecimento e que o anticristo terá de ser revelado antes desse dia, a saber, antes da vinda do Senhor (parousia). A Bíblia Scofield faz um esforço quase desesperado para evitar essa conclusão. Procura inserir o "arrebatamento secreto" dos santos antes do aparecimento do anticristo.

Lê-se em 2ª Ts 2:7:
"Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado."
"E então será revelado o iníquo" (v. 8). Sobre isso diz a Scofield:
"Essa pessoa não pode ser senão o Santo Espírito, na Igreja, que será tirado do caminho."
Observe-se que a Scofield usa a expressão "o Santo Espírito na Igreja", querendo dizer, naturalmente, o Espírito Santo e a Igreja. Essa não é uma forma louvável de se lidar com as sagradas Escrituras, pois não há qualquer referência à Igreja nessa passagem. De acordo com a teoria Scofield, a Igreja deve ser retirada do caminho antes de que surjam o anticristo e a tribulação que ele acarretará. E por um grande rasgo de imaginação exegética, a Bíblia Scofield consegue encontrar o "arrebatamento secreto" no versículo 7, citado.
Afirma o Dr. Feinberg que a aproximação do primeiro acontecimento (o arrebatamento ou o dia de Cristo) não será prevista por quaisquer sinais, ao passo que o segundo (a revelação ou o dia do Senhor) o será. Contraria frontalmente as palavras de Cristo, registradas em Mateus 24:29-33, o asseverar-se que não haverá sinais da aproximação da vinda de Cristo para os Seus eleitos. Claro que não poderia haver grande surpresa quando do segundo evento, se os pré-milenistas tivessem razão, porquanto, uma vez chegado o "dia de Cristo", viria o período de sete anos do Anticristo e a consequente tribulação. O período de sete anos, uma vez iniciado, se desenrolaria até o seu determinado fim e seguir-se-ia o "dia do Senhor" ou "a revelação". Acontece, porém, que os bons estudantes do grego nos informam de que a palavra "revelação" (apocalipsis) traz intimamente associada a idéia de algo repentino e inesperado. De acordo com o esquema pré-milenista, todavia, esse acontecimento não pode ser nem repentino nem inesperado.
O "dia do Senhor" terá de ser repentino e inesperado, de conformidade com 1ª Ts 5:3, embora os pré-milenistas assegurem que um aviso com sete anos de antecedência será dado pelo acontecimento tremendo e aterrador que será o arrebatamento.
Ousamos assegurar que todos os esforços para estabelecer qualquer diferença entre os termos "vinda", "revelação", "dia de Cristo" e "dia do Senhor" têm falhado e só podem falhar. Essas expressões são como que sinônimas, indiferentemente aplicáveis, referindo-se todas ao grande evento que ocorrerá no fim do mundo, quando Cristo virá trazer recompensa e bem-aventurança ao Seu povo e julgar o mundo com justiça.

continua...


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

CAPÍTULO VI - Interpretação da profecia do A.T. no N.T.

...continuação.

Importante
: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).


Argumenta-se contra o "a-milenismo" que ele não toma em consideração a profecia do Antigo Testamento. Nossa resposta é que o milenismo não dá atenção à interpretação neotestamentária das profecias do Antigo Testamento. Os escritores do Novo Testamento tomam profecias que, se entendidas sob o ponto de vista literal, referem-se a Israel, e aplicam-nas à Igreja Cristã.

Insistimos aqui: houve uma Igreja nos tempos do Velho Testamento e os crentes daquela época e os do Novo Testamento formam uma Igreja — a mesma oliveira (Romanos 11) — remida pelo mesmo precioso sangue e nascida do mesmo Espírito e os profetas do Velho Testamento apontaram direta e definidamente para a Igreja do Novo Testamento.

A alegação da maior parte dos pré-milenistas é que a formação da Igreja do Novo Testamento foi oculta dos profetas do Antigo (esse é o ponto de vista da Bíblia Scofield). Desejam que acreditemos que os profetas, que tão claramente descreveram a pessoa, missão e obras do Messias, deixaram "
de todo ausente da página profética o segundo acontecimento em importância, o fenômeno complementar, ou seja, o surgimento e o progresso da Santa Igreja por todo o mundo." Desejam que acreditemos que Cristo veio estabelecer aqui um reino visível, terreno, porém, tendo sido rejeitado pelos judeus nas condições propostas, o oferecimento foi retirado e o reino, adiado até a Sua segunda vinda. Durante o intervalo entre as duas vindas, Cristo estabeleceu a Sua Igreja, que não é, segundo dizem, em qualquer sentido, o cumprimento de promessas e profecias do Antigo Testamento, mas algo novo e desconhecido dos profetas. É um "parênteses" que já abrange quase dois mil anos, a cujo respeito nem uma palavra sequer foi claramente dita pela profecia do Velho Testamento. Esse é o ponto de vista de Dr. A. Ironside, que diz:
"O relógio profético silenciou no Calvário. Nem um 'tic' se ouviu desde então."
Ao nosso ver, no entanto, asseverar que os profetas do Antigo Testamento não fizeram menção da Igreja Cristã é uma injúria, em vista de muitas passagens do Novo Testamento, tal como Romanos 9:24-26, onde encontramos a declaração de Paulo de que a chamada de judeus e gentios para a Igreja Cristã era o cumprimento exato de uma profecia de Oséias. Em Atos 26:22, afirma o mesmo apóstolo que pregava...
"...nada mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer."
Em Atos 2, Pedro declara que uma profecia de Joel estava sendo cumprida (nos tempos evangélicos). Referindo-se ao derramamento do Espírito Santo (Pentecostes), assim se expressa:
"Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: 'E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne.'"
O relógio profético evidentemente continua a bater.
Inúmeras vezes, temos ouvido pré-milenistas escarnecer dos cabeçalhos de capítulos da Versão Autorizada da Bíblia Inglesa, tais como:


Isaías 30 — "As misericórdias de Deus para com a Sua Igreja."

34 - "Deus vinga a Sua Igreja."

43 - "Deus conforta a Igreja."

44 - "As promessas de Deus à Sua Igreja."

45 - "Ciro chamado por causa da Igreja."

50 - "A ampla restauração da Igreja."

54 - "A Igreja é confortada."

64 - "A oração da Igreja."


Todos esses títulos estão errados - dizem os pré-milenistas - e demonstram espantosa ignorância dos que os redigiram, pois não havia Igreja nos tempos do Velho Testamento e os profetas não tinham conhecimento algum quanto à Igreja do Novo Testamento. Contudo, Estêvão falou de uma Igreja no tempo de Moisés (Atos 7:38) e Paulo diz que os crentes do Antigo e os do Novo Testamento formam uma só oliveira... (Rm 11.17).

Quando Paulo diz, em Efésios 3:5 e 6, que "noutros séculos não foi manifestado" como então fora "revelado" que os gentios seriam co-herdeiros e participantes do mesmo corpo, não diz, absolutamente, que isso era de todo desconhecido no passado, porém, que não era sabido com a clareza e plenitude atuais (ver também Rm 16:26).

Paulo afirma que a promessa do Velho Testamento foi feita a Abraão e à sua semente. Cita a promessa "Tenho feito de ti pai de muitas nações" e insiste em que tal promessa está cumprida - não no sentido literal, mas na semente espiritual de Abraão (Rm 4). Aqueles que foram seus descendentes na carne e palmilharam o caminho de sua fé, bem como quantos, não sendo seus descendentes, têm participado da mesma fé, podem chamar a Abraão seu pai. Essa é a maneira de Paulo compreender as profecias do Velho Testamento e estamos em terreno bem firme seguindo o grande apóstolo.

No capítulo 3 da carta aos Gálatas, Paulo declara que a profecia feita a Abraão no Velho Testamento "Em ti serão benditas todas as nações da terra" está sendo cumprida agora, quando Deus justifica os gentios por fé. À luz de tal asserção, parece-nos injustificado e até mesmo ousado declarar que as profecias do Antigo Testamento silenciam no tocante à Igreja do Novo Testamento e que não há "tic" do relógio profético nesta dispensação.

Atos 15:13-18 é uma passagem muito importante para o assunto em discussão. Paulo é atacado por alguns Cristãos judaizantes por admitir gentios crentes à Igreja. Reúne-se um concílio em Jerusalém para tratar especificamente desse assunto, com a presença de Pedro e Paulo. Tiago, o líder da Igreja em Jerusalém, diz que o rumo tomado por Paulo não era algo novo, pois havia sido seguido por Pedro bastante tempo antes, com expressa aprovação divina, conforme o próprio Pedro acabara de relatar. Mais do que isso, diz Tiago, esse recebimento dos gentios na Igreja não tinha sido uma alteração nos planos de Deus, porém fazia parte deles desde o princípio, como atestavam os profetas. Continua Tiago citando os profetas (principalmente Amós), como se segue:

"Depois disto, voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído."
Amós estava falando dos juízos que viriam sobre Israel, e, depois, transmite esta promessa de Deus:
"Reedificarei o tabernáculo de Davi."
Tiago afirma que essa reedificação do tabernáculo de Davi está ocorrendo com a visitação de Deus aos gentios para tirar deles um povo para o Seu nome. Congregando os gentios, Deus está consertando a Igreja do Antigo Testamento, que se encontra quebrada.
Lembremo-nos de que o assunto em debate no Concílio é apenas o recebimento dos gentios na Igreja e Tiago está citando uma profecia de Amós em favor desse recebimento. Quão absurdo, assim, é a Bíblia Scofield sustentar que os gentios mencionados por Amós não eram os gentios do tempo de Tiago, mas do milênio, pelo menos dois mil anos mais tarde!

O Concílio não estava discutindo o mapa profético do futuro, mas um problema premente, do momento. Esse problema, repetimos, dizia respeito à admissão dos gentios à Igreja e Tiago cita o que Amós diz acerca da reconstrução do tabernáculo de Davi, para justificar o recebimento dos gentios. Isso ele faz com a evidente aprovação de Pedro, Paulo e de todo o Concílio. Em outras palavras, segundo o ponto de vista dos apóstolos, o tabernáculo de Davi se tornou o templo vivo da Igreja do Novo Testamento.

Há algum tempo, deparamos com alguém (pertencente a um grupo do qual seria improvável esse conceito) que admitiu haver Tiago realmente aplicado a profecia de Amós à Igreja Cristã. No número de março de 1944 de "A Testemunha", a revista mensal dos Irmãos Liberais, um escritor declara:

"Pode-se deduzir também, de Atos 15, que Tiago não tinha ido muito além (i.e., não sabia mais) do que os escribas do Velho Testamento, aos quais não havia sido revelado o mistério de Cristo e, por isso, mencionou Amós como profetizando acerca da abertura da porta da fé aos gentios."
Já é alguma coisa constatar-se a admissão de haver Tiago verdadeiramente interpretado Amós como prevendo que a porta da fé se abriria aos gentios nesta dispensação, conquanto seja, de fato, muito triste testemunhar o amesquinhamento da autoridade apostólica, por parte do escritor citado.
Nos capítulos 8 a 10 da epístola aos Hebreus, verificamos que o escritor sacro proclama que o novo concerto (dos tempos do Novo Testamento) é o cumprimento destas palavras de Jeremias:

"Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto."
Israel e Judá são, claramente, o Israel de Deus, a Igreja do Novo Testamento. Dessa maneira, os cabeçalhos de capítulos da Versão Autorizada da Bíblia, em inglês, que aplicam as profecias do Antigo Testamento à Igreja do Novo, têm o apoio do próprio Novo Testamento.
O Senhor Jesus mesmo fez referência à profecia do Velho Testamento no tocante à vinda de Elias e asseverou aos seus ouvintes: "Elias já veio" (na pessoa de João Batista - Marcos 9:12,13). Entretanto, alguns dos literalistas não estão satisfeitos e dizem que Elias ainda está para vir!

Zacarias profetizou:

"Eis que o teu rei virá a ti... montado sobre um jumento... sobre um asninho, filho de jumenta... e o seu domínio se estenderá de um mar a outro mar, e desde o rio até às extremidades da terra." (9:9,10)
Mateus cita esse trecho (Zc 9:9) e afirma que se cumpriu na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21). A Bíblia Scofield considera a entrada triunfal como um mero oferecimento de Cristo para ser rei, afirmando que Ele não veio, na realidade, como tal. Todavia, Mateus declara ter Ele vindo como rei. Alguns intérpretes apegados à letra esperam que venha a montar em um jumento e entrar em Jerusalém, ainda no futuro, porque não estava com o aparato de realeza, na ocasião descrita por Mateus, no capítulo 21.
Em Atos, capítulo 2, versículos 30 e 31, Pedro diz de Davi:

"Sendo, pois, profeta e, sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono; prevendo isso, referiu-se à ressurreição de Cristo..." (Versão Revista)
Na opinião de Pedro, não necessitamos esperar até o milênio para termos Cristo no trono de Davi. Ele ali se assentou ao ressurgir. Isso é confirmado por outros textos das Escrituras, que falam de Cristo como já reinando (1ªCo 15:25), dispondo de todo o poder no céu e na terra (Mt 28:18), e tendo todas as coisas debaixo de seus pés (Ef 1:22). Não se diga que o olho físico não O pode contemplar trajado com vestes reais, enquanto governa as nações da terra. Com os olhos da fé, nós O vemos como nosso grande Sumo Sacerdote atrás do véu; qual o obstáculo para que O vejamos, também, como nosso Rei? "Andamos por fé e não por visão."
O Novo Testamento nada diz com respeito a uma volta dos judeus à própria terra, com Cristo reinando em um trono em Jerusalém sobre um mundo em que os judeus terão preeminência como um país. Não se argumenta, alegando que o Novo Testamento não se refere aos judeus como um povo - Paulo, na realidade, trata do problema judaico com bastante profundidade em sua carta aos Romanos, capítulos 9 a 11. Não diz, todavia, uma só palavra com respeito a um futuro reino judaico. Não se pode alegar que o apóstolo não via necessidade ou não tinha motivos para citar um reino futuro em que os judeus sobressairiam como nação. Paulo descobriu a existência de duas pedras de tropeço para os judeus. Uma era a cruz (1ªCo 1:23). Qual era a outra pode-se depreender de Atos 22, onde se lê, no versículo 22, que eles o ouviram até que disse haver sido enviado aos gentios, depois do que fizeram tremenda algazarra. A segunda pedra de tropeço era a cristianização dos gentios. Ora, se a glória antiga de Israel devesse um dia ser revivida sob o governo pessoal de Jesus Cristo, sem dúvida alguma Paulo se apressaria a assegurar aos judeus que havia uma coroa, como tinha havido a cruz. Era apenas uma questão de tempo, porquanto viria a existir um reino em que os judeus ocupariam o lugar de maior destaque, e Jerusalém passaria a ser a capital do mundo.

Assim, as pedras de tropeço teriam sido removidas. Contudo, o apóstolo não fez isso. Pelo contrário, afirmou que o muro de separação entre judeu e gentio estava derrubado e não apresentou a menor indicação da possibilidade de ser restaurado um dia. Crentes - judeus e gentios - são um em Cristo. Os escritores do Novo Testamento não falam em Cristo reinando em Jerusalém, sobre um trono terreno. Insistem, firmemente, no fato de que Ele já reina, hoje.

Um pré-milenista de projeção, L. S. Chafer, diz que após esta dispensação (da Graça) haverá o "re-ajuntamento de Israel, e a restauração do judaísmo." Acrescenta existir...

"um povo terreno, que continuará como tal na eternidade, e um povo celestial, que habitará nas mansões celestiais para sempre."
Isto é, Deus terá dois povos distintos, um na terra e outro no céu, eternamente. Pode-se considerar essa idéia como um literalismo lógico, mas parece claro tratar-se de verdadeira insensatez.
O literalismo que insiste em interpretar as profecias do Antigo Testamento como se referindo ao povo de Israel segundo a carne não se coaduna, em absoluto, com a aplicação geral das promessas à semente espiritual, como se encontra no Novo Testamento. Este insiste em que não é judeu o que o é exteriormente (Rm 2:28,29); que nem todos os de Israel são de fato israelitas (Rm 9:6); que os que são de Cristo são descendência de Abraão (Gl 3:29); que a bênção de Abraão veio aos gentios por Jesus Cristo (Gl 3:14) e que não pode haver judeu nem gentio (grego) porque "todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28).

O literalismo que ainda está esperando que Cristo venha se assentar no trono de Davi, em Jerusalém, não se ajusta à afirmação de Pedro de que Ele já se assentou no trono de Davi, quando ressurgiu dos mortos.

O literalismo que aguarda uma restauração do templo de Jerusalém, com todas as nações vindo tomar parte nas suas cerimônias e sacrifícios pelo pecado, diverge da asserção do Novo Testamento de que tais cerimônias e sacrifícios foram abolidos (Hb 10:8,9).

Muitas profecias do Antigo Testamento foram cumpridas em seu sentido literal. Outras, muito numerosas também, apresentadas em linguagem figurada, o Novo Testamento declara cumpridas, não à risca da letra, mas em um sentido espiritual.

Quanto às profecias ainda não cumpridas, não se diga que, assim, será difícil saber quais as que devem ser consideradas literalmente e quais as de aplicação espiritual. Tudo o que é importante está claro; há, entretanto, detalhes que apenas os próprios acontecimentos esclarecerão. Foi assim quando da primeira vinda de Cristo. Assim será por ocasião da Sua segunda vinda. Lembremo-nos de haver sido um excesso de apego à letra que levou à rejeição de Jesus de Nazaré e é o que tem mantido os judeus na incredulidade. Foi um literalismo exagerado, por parte dos Seus próprios discípulos, que lhes dificultou frequentemente a compreensão de Seus ensinos. Por exemplo: entenderam a Sua advertência: "Acautelai-vos do fermento dos fariseus" como sendo uma censura por não terem levado pães. Foi, ainda, excesso de apego à letra que conduziu as multidões a criticar a referência feita à Sua obra de redenção, dizendo: "Como pode este homem dar sua carne a comer?"

A aplicação das profecias do Antigo Testamento no Novo nos leva a atribuir uma significação ampla e espiritual a promessas que, à primeira vista, poderiam parecer interessar exclusivamente aos judeus.


continua...


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CAPÍTULO V - Interpretação da profecia do A.T.

...continuação.

Importante
: O texto a seguir é de autoria do Rev. William J. Grier (1868-19??).


Um profeta era cheio de autoridade e infalível ao ensinar a vontade de Deus. A idéia generalizada de ser o profeta alguém que predizia o futuro é incorreta. É verdade que fazia previsões de fatos ainda por acontecer mas isso, algumas vezes, constituía uma parte relativamente pequena do seu trabalho. O profeta falava como intérprete de Deus e no seu falar havia lições de verdade e deveres, de fé e esperança para o presente, interpretação do passado, bem como predição do futuro. Facilmente o comprovamos, quando estudamos os livros de Oséias, Jeremias, Ezequiel, ou qualquer outro dos profetas. Mas, no presente estudo, estamos considerando a palavra "profecia" na sua significação mais limitada, ou seja: predição do futuro.

No
capítulo II, observamos que os pós-milenistas, que esperam por um mundo convertido antes da vinda do Senhor (é justo assinalar que muitos "pós" não o fazem) não estão em terreno firme. Vimos, também, que a suposição dos pré-milenistas de que haverá um milênio de bém-aventurança terrena, após a vinda de Cristo, é totalmente excluída do Novo Testamento. Os defensores deste último ponto de vista (a saber, os pré-milenistas) sentem-se em posição muito forte, quando apelam para o Antigo Testamento. Por outro lado, o grande especialista no Antigo Testamento, Prof. Robert Dick Wilson, de Princeton, costumava dizer a alguns de seus alunos, entre os quais se contou o autor, que as profecias do Velho Testamento, em vez de favorecerem a crença dos pré-milenistas, são forte argumento contra ela.
Foi um estudo meticuloso das profecias do Velho Testamento, particularmente de algumas partes do livro de Ezequiel (junto com um repetido estudo das Escrituras do Novo Testamento sobre a segunda vinda), que forçou este autor a abandonar a crença pré-milenista.

Os pré-milenistas geralmente se apegam muito à letra, na interpretação da profecia do Antigo Testamento. E deduzem que o Senhor Jesus, visivelmente, em pessoa e em um trono em Jerusalém, reinará sobre o povo de Israel, restaurado na Palestina. Seu reino se estenderá sobre as nações gentias, com os judeus, entretanto, acima dos outros povos (Is 60:1-22). Acontecerá, porém, que a obediência das nações a Cristo será simulada. Durante aquele período, as pessoas, que terão corpos mortais, viverão em casas, comerão de vinhas, terão filhos, serão sujeitas a doenças e à morte, embora não tanto como agora (Is 65:20, 21). O templo será restaurado com as suas cerimônias e sacrifícios sangrentos como ofertas pelo pecado, para expiação das culpas do povo (Ez 45:17). Os sacerdotes do templo ensinarão ao povo a diferença entre as coisas limpas e as impuras (Ez 44:23). As tribos da terra subirão todos os anos a Jerusalém, para comemorar a festa dos tabernáculos. Cristo entrará no templo pelo portão oriental, enquanto os sacerdotes estarão preparando as Suas ofertas queimadas e as ofertas de paz (Ez 46:2). E de novo será praticada a circuncisão, sob o Seu reinado (Ez 44:9).

A própria profecia do Velho Testamento contém uma advertência contra tal literalismo. Deus disse que falaria aos profetas do Antigo Testamento em sonhos e visões e em palavras obscuras (Nm 12:6-8, Os 12:10). Assim, devemos estar preparados para a leitura de linguagem figurada e enigmática. Até a primeira profecia (Gn 3:15) está encoberta por uma forma velada e misteriosa. Emprega figuras de linguagem. Conforme disse Lutero:
"Compreende e abrange tudo o que há de nobre e glorioso nas Escrituras."
Fala de vitória sobre a serpente, usando do símbolo de se lhe esmagar a cabeça. Isaías fala da sua ruína, figurando-a como tendo pó por alimento e a criancinha pondo a mão na sua cova. João retrata Satanás (a mesma serpente) como ligado com uma corrente. Gênesis, Isaías e o Apocalipse dizem a mesma coisa e nos apresentam uma gloriosa verdade mediante o uso dessas imagens.
Existe outra profecia antiga, que diz:
"Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo." (Gn 9:27)
Quem habitará nas tendas de Sem? Deus ou Jafé? Se o texto se refere a Jafé, ele habitará nas "tendas de Sem" como conquistador, súdito ou amigo? E de quem será Canaã serva, de Jafé ou de Sem?
Em última análise, o habitar nas tendas de Sem se refere ao recebimento dos gentios, bem como dos judeus, ao aprisco do Senhor. A linguagem é figurada e um literalismo crasso desviaria completamente o intérprete.

Quando Ezequiel fala do povo regressando à sua própria terra, dá a perceber que não devemos interpretar essa restauração no seu sentido literal, pois diz:
"E meu servo Davi será rei sobre eles..." (Ez 37:24)
Se tomarmos o assunto literalmente, então Davi deverá ressuscitar dos mortos para apascentar toda a casa de Israel e sobre ela reinar - Davi, não Cristo. Não fica bem aos literalistas dizer que Davi, aqui, é o divino Davi, isto é, Cristo. Devem manter coerência no seu literalismo.
Qualquer pessoa que se der ao trabalho de estudar as medidas dadas por Ezequiel para o templo restaurado, e a cidade, e as divisões de terras entre as tribos, chegará à conclusão de que não se adaptam à Palestina, absolutamente. E, tomadas no seu sentido literal, envolverão a anomalia de água jorrando para cima. Não satisfaz o poder dizer-se, em resposta, que todas as coisas são possíveis a Deus. Em Sua Palavra, repetidamente, Ele nos conduz à crença em coisas que estão acima da razão, mas jamais em coisas contrárias à razão.

Nos capítulos 38 e 39, Ezequiel fala de Gogue, com todas as suas hordas e uma multidão subindo com ele contra Israel e cobrindo a terra como uma nuvem. É completamente derrotado. Israel leva sete anos para queimar a madeira de suas armas. Todos os Israelitas se empregam durante sete meses em enterrar os mortos. Tomando isso literalmente e fazendo-se um cálculo bastante modesto, deveria haver 360.000.000 de cadáveres. Pensemos, então, nos vapores pestilentos que emanariam de tal amontoado, no mau cheiro, sob o sol do oriente, enquanto tão grande número de mortos estivesse insepulto! Conforme diz o Dr. Patrick Fairbairn:
"Quem resistiria, quem poderia viver ali? Isso desafia todas as leis na natureza... Insistir em que tal descrição possa ser compreendida literalmente seria nivelá-la às fantasias mais extravagantes de novela ou às mais absurdas lendas do Papismo."
Os números "sete anos" e "sete meses" são, sem dúvida alguma, simbólicos; sete é o número da perfeição e o que se quer destacar no texto é a total, completa derrota da multidão dos inimigos do povo de Deus.
Quando Isaías nos diz:
"[...] se firmará o monte da casa do SENHOR no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros [...]" (Is 2:2)
Uma interpretação literal levaria à suposição de que a colina do templo em Jerusalém será tornada mais alta que os picos do Himalaia. Todavia, a explicação é simples: a elevação já se verificou, há muito - quando Cristo apareceu em carne, e a glória do templo ao qual Ele veio cresceu de tal forma que toda a grandeza do mundo tornou-se insignificante, se a Ele comparada (Ag 2:9).

Os literalistas, muitas vezes, atribuem grande importância às assim ditas incondicionais promessas da terra a Israel, para sempre, e da restituição do trono à linhagem de Davi. Deveriam lembrar-se, no entanto, de que Deus disse a uma geração de Israel, com respeito à posse da terra:
"Não verão a terra de que a seus pais jurei." (Nm 14:23. Ver também 1Sm 2:30)
De fato, como diz Fairbairn, só se poderia esperar o cumprimento das promessas, se a Igreja (do Velho ou do Novo Testamento) fosse fiel ao seu chamado (Ver Jr 18:9,10). Se ocorresse o contrário, então Israel se tornaria em "príncipes de Sodoma e povo de Gomorra" (Is 1:10) e "filhos dos etíopes" (Am 9:7). Quanto à promessa de que não faltaria um homem de sua linhagem para se assentar no seu trono, Davi sabia perfeitamente estar ela sujeita à determinada condição. Tanto assim que, no leito de morte, ele citou as palavras que lhe haviam sido ditas pelo Senhor:
"Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca, disse, te faltará sucessor ao trono de Israel." (1Rs 2:4)
Houve profecias do Antigo Testamento que se cumpriram à risca na primeira vinda de Cristo. Outras - que descreviam Suas orelhas como sendo furadas, Ele afundando em águas profundas, cães andando ao Seu redor e Sua voz sendo ouvida através de chifres de unicórnios - não foram cumpridas. O literalista deve sustentar que tais profecias deverão ter cumprimento e que o Senhor ainda terá de sofrer novas humilhações.
Temos demonstrado que a interpretação literal da profecia do Antigo Testamento leva à extravagância e ao absurdo. Mostraremos, agora, que conduz, também, à própria contradição. Ezequiel diz quatro vezes que, no dia em que Israel for restaurado, o ofício de sacerdócio será reservado aos filhos de Zadoque, apenas (40:46; 43:19, 44:15 e 48:11). Jeremias declara que então todos os Levitas serão sacerdotes (33:18), enquanto que Isaías afirma que Deus levantará sacerdotes e levitas de todas as nações (66:20,21). Como poderão explicar isso os que se atêm exclusivamente à letra?

A interpretação literal não faz apenas que um profeta do Antigo Testamento contradiga outro, mas leva o Antigo Testamento a contradizer o Novo. Ezequiel fala do templo reconstruído e de sacrifícios pelo pecado. De conformidade com os pré-milenistas, haverá sacrifícios, outra vez, durante o milênio. As "Notas Scofield"
[o1] dizem:
"Sem dúvida, esses sacrifícios serão "in memoriam", i.e., unicamente comemorativos do grande sacrifício de Cristo na cruz."
Isso é inaceitável, porém, uma vez que Ezequiel os qualifica como "ofertas pelo pecado" e os descreve como "expiatórios". Ora, o Novo Testamento insiste em que todo o sistema de cerimônias carnais está abolido, em vista de sua inutilidade. Os estatutos e ritos foram para sempre pregados na cruz de Cristo. Da lei cerimonial e dos sacrifícios podemos dizer com Martinho Lutero:
"Como Moisés, estão mortos e enterrados e que nenhum homem saiba onde se encontram." "Um templo onde houvesse o ritual de holocaustos, agora, seria a mais ousada negação do todo-suficiente sacrifício de Cristo e da eficácia do Seu sangue para expiação. Aquele que dantes oferecia sacrifícios confessava o Messias. Quem o fizesse agora O negaria, solene e sacrilegamente." (A Estrutura da Profecia, de Douglas, citada na obra Ezequiel, de Fairbairn)
Podemos acrescentar que, quando Jesus disse:
"[...] a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai." (Jo 4:21)
Ele determinou o desaparecimento total, e para sempre, de todo culto meramente localizado.
Se o leitor ainda se sente perturbado porque as profecias de reconstrução do templo e de restauração à terra parecem, de fato, dever ser interpretadas literalmente, faça a si mesmo a seguinte pergunta: Se os profetas se tivessem referido à Igreja do Novo Testamento sem empregar imagens de Israel de antigamente, mas em termos da graça e da verdade neo-testa-mentárias, teriam sido compreendidos? Se houvessem proclamado as glórias do povo de Cristo, não mediante os símbolos da terra, do templo e dos sacrifícios, mas na riqueza e plenitude da linguagem do Novo Testamento, nada teriam transmitido. Nenhuma mensagem teriam levado aos santos daquela época, pois não poderiam suportar tal excesso de luz.

Lembremo-nos de que, quando Cristo veio, foi tão difícil — mesmo aos Seus discípulos, por Ele escolhidos — compreender Sua mensagem, que certa vez lhes disse:
"Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora." (Jo 16:12)
Só se utilizando de figuras conhecidas como a terra, o templo e os sacrifícios, podiam os profetas descrever o desconhecido. As bênçãos marcantes do passado seriam a porção do Israel de Deus, mais plenamente, sob a Nova Aliança. Assim, o reinado de Davi, que tinha levado libertação e felicidade a Israel, é usado para simbolizar libertação maior:
"[...] meu servo Davi será príncipe no meio delas." (Ez 34:24)
Os males que tinham advindo ao povo pelos seus pecados, na Velha Aliança, seriam removidos sob a Nova. Um dos maiores males, nos tempos do Antigo Testamento, foi a divisão entre Israel e Judá. Assim, o período abençoado do Novo Testamento é apresentado sob a imagem de Israel e Judá reunidos. Não foi o Antigo Testamento uma dispensação típica? Deve-se observar, de passagem, que, mesmo no Novo Testamento, não se evita o emprego da língua judaica tradicional, quando se fala do reino de Deus. No fim do livro de Atos, por exemplo, a fé que Paulo demonstrava em Cristo, a qual o havia levado a ser preso, é descrita como "a esperança de Israel" (At 28:20). Expressões do Velho Testamento como "consolação de Israel", "redenção de Israel" e "restauração do reino de Israel", são empregadas tanto com referência aos gentios como aos judeus (ver Lc 2:25,32).
Com frequência, pronunciam os profetas maldições sobre Edom, Filístia, Assíria, etc. Os que se atêm à letra afirmam que essas maldições ainda pertencem ao futuro. Entretanto, onde se encontram os edomitas, os filisteus, os assírios? Quem os pode encontrar? Zacarias predisse que as famílias de Davi, Natãn, Levi e Simei pranteariam cada uma a sua linhagem à parte (12:12-14). O literalista sustenta que isso ainda está por acontecer, mas ninguém, sobre a face da terra, pode hoje identificar a descendência de qualquer dessas famílias.

Quando contemplamos os vívidos quadros das coisas futuras descritas pelos profetas, muitas vezes com pequenos detalhes, devemos nos recordar das condições em que escreveram, a fim de que os possamos compreender. Usualmente, eles profetizavam em estado de êxtase, em circunstâncias sobrenaturais (ver 1Sm 10:10-12). Não perdiam as faculdades mentais; contudo, como Paulo, quando foi levado ao terceiro céu, talvez não pudessem dizer se estavam no corpo ou fora do corpo. Encontramos nas profecias, repetidamente, expressões como: "Eu estava no Espírito e ouvi"; "a mão do Senhor estava sobre mim;" "O Espírito do Senhor veio sobre mim." Devemos ter cuidado para não tomar ao pé da letra a descrição do que eles viram quando em condições sobrenaturais. Em êxtase ou transe, Pedro teve uma visão: um lençol e dentro dele animais quadrúpedes, répteis e aves. A princípio, considerou a visão sob o ponto de vista literal. Depois, compreendeu sua significação espiritual. Quando a mão do Senhor estava sobre Ezequiel e lhe foi determinado dramatizar tal fato, deitando-se sobre o seu lado direito durante 390 dias, comendo alimento cozido com esterco (4:9-12), alertemo-nos contra uma interpretação literal. Quando Deus ordenou a Oséas ir e tomar uma esposa da prostituição - uma meretriz - se tomarmos isso ao pé da letra, colocamos uma mancha no caráter puro e santo de Deus. Conforme disse João Calvino, se Oséas realmente se casou com uma mulher dessa qualidade, melhor seria que se houvesse escondido por toda a vida, do que desempenhar o papel de profeta.

Interpretar as profecias do Antigo Testamento sempre ao pé da letra, como muitos procuram fazer, é transformar em pedra o que Deus nos quis dar como pão.


continua...


[01] Notas Scofield - Bíblia editada em inglês, pelo Rev. C. I. Scofield, em 1909, com referências, anotações e comentários. Muitas edições têm sido posteriormente feitas e várias traduções publicadas.

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