Importante: O texto a seguir é de autoria de William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.
A relação entre a prisão de Satanás e o reinado dos santos.
Nós nos referimos ao milênio no mundo como “a prisão de Satanás”, e ao milênio no céu como “o reinado dos santos”. Os versículos 1-3, que estudamos no capítulo anterior, se referem à prisão de Satanás. Os versículos 4-6 são concernentes ao reinado dos Santos. Por “santos” nós queremos dizer os redimidos no céu.
Certamente, estes dois aspectos do milênio – a prisão de Satanás e o reinado dos santos – estão intimamente relacionados. É em relação ao reinado pessoal de nosso Mediador divino e humano, que Satanás está preso, de forma que a influência dele na terra definitivamente é restrita em um aspecto (como nós já vimos). É em relação ao mesmo reinado pessoal de Jesus em e desde o céu que as almas dos crentes que partiram estão reinando.
Agora, com relação a este reinado de mil anos dos versículos 4-6, eu me empenharei para responder a quatro perguntas: “Quando” ocorrerá? “Onde” ocorrerá? “Qual” é seu caráter? E “quem” dele participará?
Quando ocorrerá?
Foi indicado que na terra, o milênio ou os “mil anos” abrange o período da primeira até a segunda vinda de Cristo. Não com exatidão, mas aproximadamente. Na terra, o milênio terminará justamente pouco antes da segunda vinda, para ceder espaço ao “pouco tempo de Satanás” (um período de grande tribulação para a Igreja, o tempo do Anticristo) que precederá imediatamente o retorno glorioso de Cristo. Naturalmente que no céu não haverá nenhum tal “pouco tempo”. Portanto, o reinado dos santos se estende totalmente desde a primeira até a segunda vinda de Cristo. Claro que não se estende além da segunda vinda. Por que não? Os santos não reinarão com Cristo no céu, e igualmente após o retorno de Cristo para o julgamento? Realmente, mas se você ler cuidadosamente os versículos 4-6, você notará que o reinado dos santos é de fato o reinado de suas almas. Depois da segunda vinda de Cristo, não somente as almas reinarão, mas alma e corpo! Portanto, o milênio no céu se estende até a segunda vinda e a ressurreição, não além deste ponto.
Onde ocorrerá?
A resposta é: onde os tronos estiverem, porque nós lemos:
Qual é seu caráter?
É um viver com Cristo: “e viveram e reinaram”. No céu estas almas são ilustradas como que tomando parte em todas as atividades do Mestre. Elas estão com ele no monte divino de Sião. Elas (simbolicamente falando) seguem-no em cavalos brancos. Julgam com ele e constantemente o louvam pelos seus juízos íntegros (“justos e verdadeiros são os teus caminhos”). Elas têm uma parte em sua glória real. Portanto, elas se assentam com ele em seu trono. Elas recebem o seu nome em suas frontes. Não somente ele, mas também cada uma delas, recebe uma coroa dourada, as quais elas depositam em adoração diante de seu trono.
E quem dele participará?
Em primeiro lugar, a alma dos mártires, “decapitados por causa do testemunho de Jesus”. Segundo, também, todos os outros crentes que descansaram em Jesus, “tantos quantos não adoraram a besta”, etc.
A relação entre a prisão de Satanás e o reinado dos santos.
Nós nos referimos ao milênio no mundo como “a prisão de Satanás”, e ao milênio no céu como “o reinado dos santos”. Os versículos 1-3, que estudamos no capítulo anterior, se referem à prisão de Satanás. Os versículos 4-6 são concernentes ao reinado dos Santos. Por “santos” nós queremos dizer os redimidos no céu.
Certamente, estes dois aspectos do milênio – a prisão de Satanás e o reinado dos santos – estão intimamente relacionados. É em relação ao reinado pessoal de nosso Mediador divino e humano, que Satanás está preso, de forma que a influência dele na terra definitivamente é restrita em um aspecto (como nós já vimos). É em relação ao mesmo reinado pessoal de Jesus em e desde o céu que as almas dos crentes que partiram estão reinando.
Agora, com relação a este reinado de mil anos dos versículos 4-6, eu me empenharei para responder a quatro perguntas: “Quando” ocorrerá? “Onde” ocorrerá? “Qual” é seu caráter? E “quem” dele participará?
Quando ocorrerá?
Foi indicado que na terra, o milênio ou os “mil anos” abrange o período da primeira até a segunda vinda de Cristo. Não com exatidão, mas aproximadamente. Na terra, o milênio terminará justamente pouco antes da segunda vinda, para ceder espaço ao “pouco tempo de Satanás” (um período de grande tribulação para a Igreja, o tempo do Anticristo) que precederá imediatamente o retorno glorioso de Cristo. Naturalmente que no céu não haverá nenhum tal “pouco tempo”. Portanto, o reinado dos santos se estende totalmente desde a primeira até a segunda vinda de Cristo. Claro que não se estende além da segunda vinda. Por que não? Os santos não reinarão com Cristo no céu, e igualmente após o retorno de Cristo para o julgamento? Realmente, mas se você ler cuidadosamente os versículos 4-6, você notará que o reinado dos santos é de fato o reinado de suas almas. Depois da segunda vinda de Cristo, não somente as almas reinarão, mas alma e corpo! Portanto, o milênio no céu se estende até a segunda vinda e a ressurreição, não além deste ponto.
Onde ocorrerá?
A resposta é: onde os tronos estiverem, porque nós lemos:
“Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada a autoridade de julgar”.De acordo com o livro inteiro de Apocalipse, o trono de Cristo e de seu povo sempre esteve no céu. Ali também é onde as almas dos mártires moram em seu estado desencarnado, por que nós lemos:
“Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus”.João vê almas, não corpos. Tais almas desencarnadas estão vivendo no céu, não na terra. E, também, onde Jesus vive, porque nós lemos:
“E viveram e reinaram com Cristo”.De acordo com o Apocalipse, o Cordeiro é representado como que vivendo no céu. Portanto, o reinado de mil anos acontece no céu.
Qual é seu caráter?
É um viver com Cristo: “e viveram e reinaram”. No céu estas almas são ilustradas como que tomando parte em todas as atividades do Mestre. Elas estão com ele no monte divino de Sião. Elas (simbolicamente falando) seguem-no em cavalos brancos. Julgam com ele e constantemente o louvam pelos seus juízos íntegros (“justos e verdadeiros são os teus caminhos”). Elas têm uma parte em sua glória real. Portanto, elas se assentam com ele em seu trono. Elas recebem o seu nome em suas frontes. Não somente ele, mas também cada uma delas, recebe uma coroa dourada, as quais elas depositam em adoração diante de seu trono.
E quem dele participará?
Em primeiro lugar, a alma dos mártires, “decapitados por causa do testemunho de Jesus”. Segundo, também, todos os outros crentes que descansaram em Jesus, “tantos quantos não adoraram a besta”, etc.
Shalom!
ResponderExcluirUma alegria conhecer seu blog. O Eterno resplandeça o rosto Dele sobre ti!
Medite em 2 Co 2.14
Nele, Pr Marcello
Uma pérola de William Hendriksen: "A graça de Deus é o seu favor ativo, que outorga o maior de todos os dons a quem merece o maior de todos os castigos".
Visite: http://davarelohim.blogspot.com/
e veja o texto: Paulo, um pregador extraordinário
P.s>>> Caso vc se identifique com o blog, torne um seguidor. Será uma honra!
Grato
Graça e Paz Pr. Marcelo.
ResponderExcluirTambém fico feliz pela sua visita e impressões sobre o A-milenismo.blogspot.
Sobre o davarelohim, não só gostei do conteúdo como coloquei o banner dele na lista de EDIFICADORES.
Um forte abraço.
Em Cristo, Mac.
oi Mac,
ResponderExcluirBelíssimo post! Muito obrigado por publicá-lo.
Caro Rupert,
ResponderExcluirÉ um prazer vê-lo por aqui grande irmão.
Agradeço a consideração pelo post... Aliás, William Hendriksen é praticamente um pai da escatologia amilenista e seus escritos são dignos da apreciação de todos.
Obrigado pela visita.
Em Cristo, Mac.
Olá Mac
ResponderExcluirComo você deve estar percebendo, tenho trazido algumas colocações pré-milenistas aos comentários. Por favor, não pense que minha posição é totalmente crítica. É um hábito meu, eu pouco comento sobre aquilo em que concordo, geralmente pego os pontos de em que sinto que minha posição é mais clara e coloco os argumentos pré-milenistas. Espero estar enriquecendo o debate. Se eu estiver incomodando, pode dizer francamente, não ficarei ofendido. Sei que estou aqui como um convidade para o debate, e quero respeitar as regras da casa.
MInha principal discordância em relação ao amilenismo, é que este faz supor que os acontecimentos de apocalípse, na sua maior parte já aconteceram. Como é de conhecimento geral, nós pré-milenistas, não cremos assim. Alguns dizem que é por sermos literalistas. Na verdade, não temos qualquer problema em aceitar textos figurados onde quer que haja evidência disso. O problema é que não consigo imaginar os acontecimentos de apocalípse como já ocorridos, qualquer que seja a forma de interpretação. Nenhum pré-milenista imagina uma besta real governando o mundo, ou estrelas caindo na Terra. Mas não vejo maneira das coisas descritas em apocalípse já terem ocorrido, não importa o quão alegóricas sejam. Também os fatos narrados pelos profetas, em grande parte, não podem ter ocorrido ainda.
Agora faço uma afirmação: a percepção de que os fatos narrados não ocorreram não é fruto de uma interpretação anterior, que é forçada sobre o texto. O leitor iniciante, ao tomar conhecimento do texto, não consegue encaixa-lo em nada que não seja uma descrição um tanto alegórica de coisas ainda por ocorrer. As descrições, na maioria, são dramáticas demais (mesmo como figuras) para poderem ser assimiladas a fatos passados ou presentes. Além disso, o texto tem uma cronologia própria, que alguns trechos parecem suspender ou retomar, mas que no geral é respeitada. Essa cronologia também não parece ser assimilável a fatos passados ou presentes, na sua maior parte (mesmo que sejam fatos "espirituais"). Em suma, é o respeito à estrutura do texto que me faz ve-lo como necessariamente futuro, na sua maior parte.
Renato,
ResponderExcluirTambém costumo comentar pouco aquilo estou de comum acordo, rsrs.
Sem dúvida está enriquecendo o debate sim. És sempre bem vindo por aqui meu irmão e não está incomodando de forma alguma.
Aliás, eu sou relativamente novo nessa "área" e já notei que você tem bem mais experiência do que eu, em todos os sentidos. Perdoe-me, se em algum momento, minhas respostas não parecerem satisfatórias. Farei o possível para me fazer entender da melhor maneira.
Sobre amilenistas serem preteristas, preciso acrescentar que nem todos o são. Aliás, os pós-milenistas costumam aderir em maior escala o preterismo. No meu caso, eu adoto o preterismo até o momento em que ele relaciona o Apocalipse ao contexto de João (primeiro século), mas não fico restringido apenas a isso. Eu,pessoalmente, creio que basicamente o Apocalipse forma um ideal para toda a era da Igreja sem ignorar o que os cristãos do primeiro século estavam passando.
Só para dar um exemplo concreto, a grande prostituta (grande Babilônia de Ap 17). Basicamente vejo como o poder perseguidor sobre a Igreja, que no primeiro século era o império romano, não a igreja apóstata como querem alguns (creio que João tinha isso em mente), mas que, como há cristãos perseguidos em todas as épocas, essa passagem tem uma aplicação ao poder perseguidor geral que se levanta contra a igreja em toda a história (levando em consideração que sempre há diferentes graus de intensidade nessa perseguição).
Não acho que o Apocalipse seja estritamente cronológico. Nisso adoto o paralelismo progressivo de William Hendriksen. A dramaticidade das descrições não estão presas ao tempo, e sim é uma característica da literatura apocalíptica, um estilo literário bem peculiar no judaísmo.
Um dos motivos por eu não ser futurista é que não faria sentido (se esse for o modo correto de interpretar o Apocalipse) para os cristãos do primeiro século, já que o livro pretende dar-lhes conforto em meio a perseguição que acontecia naquele contexto revelando-lhes a vitória de Cristo sobre o mal, e que isso já estava acontecendo, não somente algo que teria efeito num futuro distante.
Olá Mac
ResponderExcluirVamos por partes:
"A dramaticidade das descrições não estão presas ao tempo, e sim é uma característica da literatura apocalíptica, um estilo literário bem peculiar no judaísmo."
Esta é uma afirmação da qual discordo, e devo explicar por quê. Alguns trechos da chamada literatura apocalíptica que lí, me pareceram notavelmente semelhantes aos profetas maiores. Apocalípse também é parecido com os profetas maiores. Eu imagino que a explicação para isso é que a literatura apocalíptica judaica tentava imitar os profetas. Um autor poderia tentar obter mais reconhecimento parecendo profético. Nesse caso, o autor escolhe o estilo. Não é bem esse o caso de João. Se acreditamos que ele realmente recebeu uma Revelação de Jesus, uma revelação em forma de visões, ele não escolheu seu estilo. Seu livro parece com muitos trechos de Daniel ou Exequiel apenas porque o Espírito de profecia se manifestou da mesma forma como se havia manifestado então. Se Revelação se parece com os profetas maiores por uma questão de dom espiritual, e outros textos judaicos se parecem com eles por uma questão de imitação, então é com os profetas que devemos comparar Revelação, e não com a literatura da sua época.
Continuando:
ResponderExcluir"Um dos motivos por eu não ser futurista é que não faria sentido (se esse for o modo correto de interpretar o Apocalipse) para os cristãos do primeiro século, já que o livro pretende dar-lhes conforto em meio a perseguição que acontecia naquele contexto revelando-lhes a vitória de Cristo sobre o mal, e que isso já estava acontecendo, não somente algo que teria efeito num futuro distante."
A afirmação de que a principal função de Apocalípse era dar conforto aos cristãos do primeiro século, me parece gratuita. Há trechos, que claramente visam primeiramente dar conforto. Outros trechos não.
Vou comparar Apocalípse ao restante da literatura profética, para mostrar o que quero dizer. É claro que milhões de santos dos tempos anteriores a Cristo, devem ter obtido grande conforto com a leitura de muitos trechos proféticos. Mas olhando para trás, percebemos que a maior parte das profecias desses livros, referia-se a eventos que ocorreram depois da morte dos seus primeiros leitores. Até mesmo Salmos, que é reconfortador por excelência, no seu aspecto profético aponta principalmente para longe.
Não vejo motivo para que seja diferente com Apocalípse.
Renato,
ResponderExcluirLiteratura profética não é o mesmo que literatura apocalíptica, ainda que uma possa ter elementos da outra.
A literatura profética tem diferenças tanto em sua forma como em seu conteúdo. Uma e outra diferem em relação aos seus conceitos escatológicos. Os profetas do AT se restringem em sua maior parte ao destino de Israel como nação e o destino das nações gentílicas, mas quase não contém mensagens de consolo para o período pós-morte. Já os apocalípticos avançam nesse conceito.
Também, no que diz respeito as visões, a literatura apocalíptica é muito mais descritiva, enquanto na profética é mais implícita ou subentendida... e assim por diante. (Ray Summers)
Sabemos que a inspiração das Escrituras preservam traços peculiares de seus autores, e não seria diferente do Apocalipse de João.
O que Jesus revelou a ele não foi como se fosse uma sessão de de mesa branca com o autor escrevendo de forma inconsciente, como acontece na psicografia espírita. Primeiro foi revelado as coisas a João e depois ele as escreve.
Não estou dizendo que João "copiou" alguma literatura, mas sim que a linguagem da qual ele se utilizou era algo peculiar nos escritos judaicos, não só proféticos como também apocalípticos.
Penso que o Apocalipse, ainda que inspirado, não consegue expressar plenamente em palavras toda a glória, esplendor e significado do que ele (João) viu. Se tivesse que ser escrito hoje, o Apocalipse provavelmente teria diferenças significativas em sua escrita, principalmente nas figuras de linguagem (simbolismos).
Ainda, para você ver como há estilo literário no Apocalipse de João, como podemos saber que esse João é o mesmo que escreveu o evangelho? Apenas por uma análise literária, comparando textual com textual, termos com termos.
Então, creio que houve a escolha por parte de João em que termos e expressões descrever o que ele viu, ainda que tenha sido escrito pela inspiração do Espírito.
Renato,
ResponderExcluirVocê disse: "A afirmação de que a principal função de Apocalípse era dar conforto aos cristãos do primeiro século, me parece gratuita. Há trechos, que claramente visam primeiramente dar conforto. Outros trechos não."
Discordo. Mesmo os trechos mais imprecatórios servem para mostrar ao leitor, principalmente os do primeiro século, que Deus estava tratando com todo o mal, e que eles podiam estar certos de que haveria um "final feliz" para eles.
Aqui algumas objeções ao método futurista, por Ray Summers:
1 – É incompatível com a declaração de João em Ap 1:1, de que as coisas brevemente deviam acontecer;
2 – As profecias têm um ponto de partida a geração à qual é dirigida, e o futurismo faz o livro perder a sua relação para com os seus primeiro leitores, ignorando o contexto histórico;
3 – Há incompatibilidade com os símbolos do livro. Por exemplo, é forçado a modificar radicalmente o significado de Ap 12 por tratar-se de um evento passado, para indicar uma atividade de Israel nos últimos tempos ou qualquer outra coisa do gênero.
4 – Esse ponto, mais subjetivo do que objetivo, é de que este método adere a uma filosofia materialista do Reino de Deus, muito parecido com o que os judeus do primeiro século achavam que seria o “reino” do Messias.
Mac
ResponderExcluirA linguagem é de João, mas as visões são dadas por Deus. E alguém poderia dizer sobre interpretações messiânicas dos Salmos "Mas estes salmos claramente foram escritos para dar conforto aos seus leitores originais, portanto não podem ter nenhum significado a respeito de um futuro longínquo". Perceba como isso é um falso dilema.
E, respondendo à sua última mensagem:
1. Da mesma forma, os Evangelhos e as Cartas fizeram muitos imaginar que a volta de Jesus seria logo. Como sabemos, não foi. Compreendo as palavras "em breve", no sentido de que começariam em breve. E realmente, o livro começa com cartas a sete igrejas (eu interpreto sete como sendo o conjunto completo dos crentes, embora entenda também como sendo mensagens específicas a igrejas da época). De qualquer forma, o livro começa falando de igrejas do tempo do apóstolo, e termina falando da Redenção final da criação. Não tem sentido fugir a todo custo de qualquer referência a eventos distântes dos leitores originais.
2. Isso responde à sua segunda questão: Ver referências futuas num texto profético não faz ele perder relação com os leitores originais. a Bíblia inteira está cheia de referências a eventos longínquos, e nem por isso foi irrelavante aos leitores originais.
3. Há aspectos onde o texto FORÇA uma leitura cronológica como no uso das seqüencias de selos e taças. Isso não quer dizer que não haja trechos em que temas são retomados, e isso tem um sentido dentro do texto. Como em qualquer tipo de literatura, é trabalho do leitor entender o que é seqüencia temporal, o que é retomada de temas, o que é comentário, o que é um parentesis para maior compreensão dos temas.
4. O texto claramente tem aspectos mais simbólicos e outros mais materiais. Isso se dá em toda a Bíblia, e seria estranho alguém dizer por exemplo, que por existir significado messiânico nos Salmos, esse não poderia se referir em nada a aspectos do prórpio salmista (muitas vezes o salmista fala dos próprios pecados, mas no mesmo salmo diz coisas que são interpretadas como referentes ao Messias sem pecado). Ezequiel fala sobre o rei de Tiro, mas muda seu tom de tal forma que, quando o leitor menos espera, está falando sobre um ser espiritual. O famoso texto "a virgem concebera" foi primeiramente a respeito da situação política, econômica e militar da época. A Bíblia está cheia de textos que foram escritos assim.
continua
Renato,
ResponderExcluirExistem propósitos claros e diferentes no livro de Salmos e do Apocalipse. Para mim, essa comparação que você esboça é incabível.
O argumento de que o Apocalipse foi escrito para confortar seus primeiros leitores não é o único. De qualquer modo, basta ler os capítulos 2 e 3 (carta as sete igrejas) para concluir que aquelas igrejas se tratavam de igrejas reais do primeiro século. Logo, os capítulos seguintes tem um valor real para aqueles crentes e dizem respeito (não em todas, mas em muitas coisas) a fatos que presenciavam naquele momento.
Como disse antes, não sou totalmente preterista e nem o amilenismo o é por natureza, pois concordo com você em relação ao fato de que o Apocalipse não é somente escrito para os leitores do primeiro século, mas também para aqueles que fazem parte da Corpo de Cristo durante toda a presente era.
A diferença é que o futurismo passa a aplicar o cap. 4 em diante, basicamente, a eventos que ainda não aconteceram, e aí é que eu acredito ser um grande equívoco.
Então, quando disse que o futurismo faz perder a sua (do livro) relação com os primeiros leitores, com isso não estou afirmando que profecias (predição de eventos futuros) sejam irrelevantes para seus primeiros leitores, e sim que o futurismo no mínimo exagera na sua interpretação do Apocalipse.
No caso dos selos e taças, o texto FORÇA uma leitura cronológica? Já tentou ler o Apocalipse de forma que "cada uma das sete seções se estende do começo ao fim da nova dispensação e de que as sete correm paralelas umas às outras"? (William Hendriksen)
Não esqueça que o "esquema" de leitura que nós, hoje, estamos acostumados não necessariamente é o mesmo da cultura hebraica de dois mil anos atrás.
Em suma, não discordo do que você diz no ponto 4.
O ponto é, só para dar um exemplo, a interpretação que o pré-milenismo/futurismo faz do significado do milênio em Ap 20, ao adotar uma interpratação "materialista" da passagem.
As visões descritas em Apocalípse são, em grande parte, uma retomada das visões de Daniel. O entendimento mais natural e que sua interpretação seja complementar à interpretação de Daniel.
ResponderExcluirUma crítica que frequentemente se faz ao pré-milenismo é que ele interpretaria de forma literal o que é simbólico. Isso é uma crítica injusta. Nenhum premilenista acha que Cristo tem uma espada na boca ou que seu inimigo é uma besta formada com partes de vários animais. O que os premilenistas fazem é crer que os símbolos tem significado.
Vou continuando o diálogo conforme tiver tempo, e sei que você também não tem sempre tempo disponível. É melhor assim, pois ambos teremos mais tempo para pensar melhor sobre o assunto.
Mac
ResponderExcluirVou tentar responder a algumas questões suas:
1. Sobre Salmos, o que eu quis dizer é que um mesmo texto pode ter mais de um tipo de aplicação. O fato da maior parte de um conjunto de profecias ser para um futuro distante, em hipótese alguma torna esse livro irrelevante para os leitores iniciais. Há diversos níves de interpretação e diversas abordagens válidas. Já ouvi falar de uma pessoa que se voltou para Deus após ouvir a leitura de um trecho de genealogia!!! Você pode imaginar algo aparentemente mais árido que um genealogia? Agora, perceba como a interpretação premilenista fala mais aos leitores futuros sem falar menos aos leitores inciciais. Mesmo uma interpretação que leve o texto principalmente para tempos distantes, ainda evidencia aos leitores iniciais a vitória final do Messias sobre todo o mal. De forma nenhuma deixa de ser um consolo aos primeiros leitores. Pelo contrário, visto que muitos deles viriam realmente a morrer sem ver tempos de paz, a esperança de uma ressurreição final, que o livro tão bem enfatiza, seria um grande consolo. Outro ponto que traria imenso consolo seria saber que, mesmo em tempos distantes, muitos crentes continuariam fiéis até a morte, e que a mensagem de Deus jamais se estinguiria.
2. Quanto às críticas sobre a abordagem excessivamente "materialista" dos preteristas, não consigo ver relevância nelas. Imagine um grupo de judeus, alguns séculos antes de Cristo, discutindo as profecias messiânicas. Imagine um dos rabinos dizendo: "sabemos, pelos textos proféticos, que o Messias nascerá na cidade de Belém, que andará montado em um jumento, e que será traspassado por algum tipo de arma, por nossa culpa".
Um outro rabino, de mentalidade menos "materialista", poderia responder:"Jovem, não seja tolo, isso tudo é alegórico, ele não andará montado num jumento literal,isso é apenas símbolo de sua humildade, não nascerá nescessariamente em Belém, isso significa apenas que ele alimenta espiritualmente o povo, e não será ferido fisicamente, será um sofrimento de natureza exclusivamente espiritual".
O que quero dizer é que freqüentemente as profecias já cumpridas tiveram uma realização mais material do que seria aceitável para uma mentalidade alegorista. A que conclusão eu chego? Que não devemos forçar alegorias nem materialidade ao texto, apenas para encaixar-se ao nosso pano de fundo teológico, mas respeita-lo e deixar que ele nos diga a que veio.
continuo ...
3. Quanto à ordem de selos e taças, não consigo lembrar de nenhum outro texto bíblico onde uma orgem APRESENTADA pelo texto como CRONOLÓGICA e NUMERADA, nada tenha a ver com a orgem cronológica. Se for esse o caso, é incomum. Uma pessoa que afirme que a ordem não é cronológica de forma nenhuma, deveria apresentar boas evidências disso (a existência de parêntesis, resumos e mudanças de lugar e tempo, que é comum em muitos tipos de literatura, não é evidência). Eu imagino que alguns autores não querem enxergar no texto uma ordem cronológica, pelo fato de isso não encaixar-se no seu entendimento teológico prévio.
ResponderExcluirMac
ResponderExcluirTalvez eu não tenha me expressado bem sobre as Cartas às sete igrejas. Eu acredito, é claro, que elas foram escritas àquelas igrejas literais citadas. Apenas quis dizer que o número sete, pelo seu simbolismo, me parece dizer que elas são um resumo dos elogios e correções do Messias a todas as igrejas de todos os séculos.
Caro Renato,
ResponderExcluirAntes de responder as questões por você levantadas, preciso me desculpar pela demora em respondê-lo. Semana passada foi "hard", como diria um amigo meu.
Vamos lá!
Pode dar um exemplo mais concreto do que você crê sobre Apocalipse ser uma retomada do livro de Daniel?
Eu também concordo contigo que o pré-milenismo entende que Cristo não tem uma espada em sua boca, e sim, que isso é um símbolo e que significa algo. Nesse caso, esse á apenas um exemplo.
O problema está no significado que o pré-milenismo dá aos simbolismos apocalípticos de João, interpretando o cap. 4 em diante como eventos que ocorrem essencialmente no futuro, como é o caso do cap. 12 por exemplo, que retrata do começo ao fim da era da Igreja iniciando com o nascimento de Cristo.
É bem verdade que toda a Palavra, inclusive uma genealogia, pode no mínimo dispertar a curiosidade de uma pessoa bem como ser aplicada em diversos contextos, mas estamos falando aqui não de aplicação, mas de significado da passagem e, nesse caso, entendo que há somente um!
Uma passagem que retrate um acontecimento futuro pode trazer consolo ao leitor? Pode, sem dúvida. Aqui, acho que podemos usar os cap. 21 e 22 do Apocalipse como exemplo, e aqui tanto pré como amilenistas, no geral, concordam emtre si.
Agora, o pré-milenismo com sua interpretação futurista faz com que aproximadamente 86% do Apocalipse se refira ao futuro e com poucas referências históricas, isto é, ao primeiro século. Isso, ao meu ver, destoa por demais não só da literatura apocalíptica não canônica como também e principalmente dos outros livros da Bíblia. O mesmo livro de Daniel que você disse ter relação com o Apocalipse de João não chega nem perto de ter suas profecias relativas ao futuro como compondo a maior parte do que está escrito nos seus 12 capítulos.
Que há profecias veterotesmentárias a respeito de Cristo com cumprimento literal, isso é fato. Mas também há aquelas que não são.
Também, os judeus que negaram e crucificaram a Cristo, antes mesmo de interpretar as profecias a respeito da primeira vinda do Messias sequer prestaram atenção nelas. Ainda, o reino que Cristou inaugurou não é "bebida nem comida" como disse Paulo, mas os judeus não entenderam isso achando que o reino que o Messias inauguraria seria algo físico. Como exemplo podemos observar o que Nicodemos achava o que era nascer de novo. Ele interpretou de forma extritamente literal as palavras de Jesus e é assim que vejo que o pré-milenismo o faz ao interpretar o Apocalipse com o seu futurismo.
Você disse: "A existência de parêntesis, resumos e mudanças de lugar e tempo, que é comum em muitos tipos de literatura, não é evidência.
Mas isso se dá claramente em vários textos bíblicos (aliás, esse é um dos fatores que me fez aderir ao amilenismo).
Primeiro, o fato do Apocalipse estar numerado em capítulos e versículos as vezes mais atrapalha do que ajuda. Sabemos que essas divisões foram feitas séculos após a Bíblia ter sido escrita, e elas por vezes obscurecem o paralelismo contido no que João escreveu.
Segundo, o paralelismo faz parte da poesia hebraica. Línguas latinas e recentes como o português possuem uma estrutura bem diferente do hebraico e este também é outro fator que o pré-milenismo não aborda e até mesmo ignora.
Fique à vontade para demorar. Sei como é, isso é uma atividade paralela. para mim também.
ResponderExcluirVou comentar alguns pontos da sua resposta:
"O mesmo livro de Daniel que você disse ter relação com o Apocalipse de João não chega nem perto de ter suas profecias relativas ao futuro como compondo a maior parte do que está escrito nos seus 12 capítulos."
Mac, a maior parte do texto do livro de Daniel é biografia do personagem. Mas quanto à parte profética, grande parte cumpriu-se após a morte de Daniel. Neste particular, o proprio Jesus extendeu ainda mais o tempo a que se aplica o livro. Explico: Boa parte do capítulo 11 se trata das guerras e da política dos reinos que sucederam Alexandre. Fica parecendo, à primeira vista, que a terrível personagem no final desse capítulo é Antíoco Epifânio, e essa profecia acabaria no tempo dos Macabeus. Mas causa estranheza que se fale de ressurreição dos mortos nesse contexto (início do capítulo 12). E se fala de um tempo de angústia maior que qualquer outro.
O que fez Jesus? Interpretou o texto referente à profanação do Santuário por um ídolo como algo posterior a Ele (e isso nunca mais aconteceu depois do tempo dos macabeus). Isto é, Jesus jogou uma profecia que já havia se cumprido séculos antes dele, para os tempos finais. Essa interpretação do Mestre explica porque se fala de ressurreição dos mortos nesse contexto, e faz do próprio Antíoco um símbolo de alguém no futuro.
continua ...
Renato,
ResponderExcluirSó para deixar claro, quando mencionei o percentual de passagens relativas ao futuro entre os dois livros (Daniel e Apocalipse), o fiz apenas a título de comparação mesmo. Nem considero isso como argumento contra ou a favor.
Sobre a abominação da desolação, cujo o termo Cristo menciona em seu sermão escatológico em Mateus 24:15 (Mc 13; Lc 21; Dn 9:27, 11:31, 12:11), creio se tratar aqui de uma profecia com múltiplo cumprimento.
Penso que o termo em questão também se refira ao governante da época da destruição do templo, possivelmente Tito (década de 70 d.C.), pois Mt 24 se refere claramente a esse evento, ainda que eu também aceite o fato de que essa mesma passagem contém elementos referentes ao fim dos tempos.
Recomendo a você uma série de pregações do Rev. Augustus Nicodemus sobre o sermão escatológico de Jesus em Mc 13. Pede pro google que ele te mostra onde está, hehe.
Mac
ResponderExcluirGrato pela indicação.
Gostaria de comentar a respeito do capítulo 12 de Apocalípse, já que você tem chamado a atenção para esse assunto. Noto que há divergências na sua interpretação, inclusive entre os pré-milenistas. Há muita gente que considera que esse capítulo evoca uma espécie de resumo dos grandes fatos espirituais, sendo que o menino nascido é o proprio Cristo. Não consigo ver como esse capítulo possa ser usado como evidência contra o pré-milenismo, pois o pré-milenismo não exige que a sua interpretação seja inteiramente futurista (e concordo que uma interpretação totalmente futura desse capítulo soa estranha).
"Também, os judeus que negaram e crucificaram a Cristo, antes mesmo de interpretar as profecias a respeito da primeira vinda do Messias sequer prestaram atenção nelas."
ResponderExcluirA bem da verdade, os judeus notaram a existencia de textos messiânicos contraditódirios. O Talmude fala muito disso, que o Messias aparece como sofredor e ferido e também como vitorioso e forte. Havia muita discussão sobre isso, e mais de uma interpretção. Uma delas dizia que, dependendo da situação de Israel na época da volta do Messias, ele viria como servo sofredor ou como Rei vitorioso. O Messias, na sua forma de servo sofredor, foi representado como um leproso, que ficava fora dos muros da cidade, e a quem poucos davam atenção, poucos percebiam que ele era o Messias. Recomendo o estudo "El Mesías en el Talmud", de Joseph Shulam, tem informações interessantes.
Sobre a dupla interpretação do Sermão de Jesus, concordo inteiramente.
ResponderExcluirQuanto aos profetas, eles são bastante variádos. Há profetas profundamente focados no presente e no futuro próximo. Há outros que focam muito em tempos distêntes. Os profetas maiores trazem uma mescla dessas duas formas de profecia.
continua....
A respeito da dificuldade de muitos em aceitar uma interpretação essencialmente futura de Apocalípse.
ResponderExcluirEm primeiro lugar, não considero isso uma dificuldade, há muita profecia bíblica cujo cumprimento ocorreu ou ocorrerá muitos séculos depois de escrita. A prórpia segunda vinda do Messias, que uma leitura rápida das profecias fazia parecer próxima ao tempo dos apóstolos, sabemos estar tão longe deles.
Por outro lado, mesmo sendo pré-milenista, eu vejo uma interpretação mais contínua do texto (e muita gente vê assim). A Besta e a Prostituta estão no presente e no futuro. São forças espirituais cuja atuação se constroi ao longo do tempo, e o livro mostra principalmente o seu fim. Mas sua atuação final é reveladora de sua natureza e de seus métodos, para que os cristãos de todas as épocas possam perceber sua atuação no tempo presente. Como nos informa a Bíblia, o espírito do anti-cristo estava presente no primeiro século. Creio que, mais do que consolar os cristãos, o Apocalípse visa informa-los, revelar a forma de atuação das forças da maldade em todas as épocas, e também a forma de atuação do Eterno. É um livro de preparação para enfrentar a luta e o sofrimento, mais do que apenas consolo.
Quanto ao relacionamento entre as profecias de Daniel e Apocalipse, aponto três coisas:
ResponderExcluir1. Ambos são esquemáticos e sequenciais em relação ao futuro (talvez você não concorde, mas é como eu vejo).
2. Ambos olham o mundo e a história de maneira ampla.
3. O Apocalipse retoma a imagem da besta composta de partes que parecem ser de vários animais. Essa besta, antes de ser um personagem específico que existirá no futuro (não estou negando que seja) é um sistema malígno que perspassa os séculos.
4. Ambos descrevem com detalhe as figuras espirituais (o Cordeiro, para João, o varão luminoso para Daniel). Isso parece indicar que essas descrições são em sí mesmas reveladoras.
Mac
ResponderExcluirOuvi o excelente estudo do Pr Nicodemus. Só acrescentou mais admiração àquela que eu já tinha por ele.
Noto que concordo com a quase totalidade do que ele disse ali, é bem parecido com o que penso, embora o pensamento dele seja muito mais organizado e informado que o meu. Chamei a minha esposa para ouvir, e ela gostou muito.
PS: Relendo os meus comentários anteriores, percebi que estão lotados de erros de português. Infelizmente, tenho o mal hábito de digitar e editar diretamente na caixa de comentários, e enviar a mensagem, muitas vezes, sem qualquer revisão. Peço desculpas pelos erros, espero que eu tenha sido razoavelmente claro.
Renato,
ResponderExcluirQue bom que você gostou. Realmente o Rev. Augustus é uma bênção, sobretudo no ensino das Escrituras.
Sobre os erros de português, está perdoado, fica "relax", hehe. Eu, sinceramente, notei apenas um ou outro, mas não me incomodo quando esses erros acontecem num espaço informal como é o blog.
Mas fique tranquilo que as suas colocações são perfeitamente entendíveis.
Ps: Ainda está pendente uma resposta minha sobre as suas últimas colocações. Logo estarei postando-as.
Abração!
Renato,
ResponderExcluirVocê disse que não conseguia ver como Ap 12 pode ser usado como evidência contra o pré-milenismo, mas até hoje nunca vi um pré-milenista negar que essa passagem se refira ao futuro. Você é o primeiro.
Corrija-me se eu estiver errado, mas o pré-milenismo entende que essa passagem se dá no contexto da "grande tribulação" antes do início do milênio... pelo menos é a interpretação que eu encontro na maioria dos livros dessa corrente escatológica.
Me expressei errado quando eu disse que os judeus não prestaram atenção nas professias messiânicas do A.T. A minha intenção era falar sobre a dureza de coração dos judeus quando estes, mesmo com as profecias em mãos, não aceitaram a Cristo Jesus como Senhor e Salvador deles.
Você disse: "Creio que, mais do que consolar os cristãos, o Apocalípse visa informa-los, revelar a forma de atuação das forças da maldade em todas as épocas, e também a forma de atuação do Eterno. É um livro de preparação para enfrentar a luta e o sofrimento, mais do que apenas consolo.
Concordo plenamente com você Renato. Só para deixar bem fixado, repito que o propósito de consolar, embora eu pense que seja o mais evidente, não é o único que o Apocalipse possui.
Entendi os seus pontos sobre a relação entre Daniel e Apocalipse.
Nos pontos 2, 3 e 4 estou com você, pelo menos a princípio. Apenas no ponto 1 de início (e como você previu, hehe) não concordo. A não ser que você defina melhor os termos "esquemáticos" e "sequenciais", sendo que este último eu imagino que você esteja se referindo a idéia de que Apocalipse (e talvez Daniel também) tem seus capítulos numa sequência cronológica de tempo.
"Você disse que não conseguia ver como Ap 12 pode ser usado como evidência contra o pré-milenismo, mas até hoje nunca vi um pré-milenista negar que essa passagem se refira ao futuro. Você é o primeiro.
ResponderExcluirCorrija-me se eu estiver errado, mas o pré-milenismo entende que essa passagem se dá no contexto da "grande tribulação" antes do início do milênio... pelo menos é a interpretação que eu encontro na maioria dos livros dessa corrente escatológica."
O pré-milenismo é hoje dominado pelo dispensacionalismo. Isso não que dizer que os pré-milenistas não dispensacionalistas sejam irrelevantes, mas eles parecem assim em comparação com a imensa multidão de dispensassionalistas. Algum material que li, com uma interpretação diferente da dispensacionalismo, não está comigo (era emprestado). Vou tentar obter mais informações.
De qualquer forma, mantenho o meu argumento. Ainda que todos os pré-milenistas atuais acreditassem numa interpretação inteiramente futura desse capítulo, parece-me evidente que essa interpretação não é uma necessidade, mas uma circunstância atual. Nada há nas premissas do pré-milenismo que impeça interpretar esse capítulo como um resumo de certos fatos espirituais.
Diante disso, concordo que a fraqueza da interpretação futura desse capítulo é um argumento contra a grande maioria dos autores pré-milenistas atuais, mas não contra as premissas pré-milenistas em si.
Mac
ResponderExcluirVou tentar explicar algo do meu pensamento sobre o assunto. Os selos e as taças, em seqüência numérica, dão estrutura ao texto, são o elemento de fixação. Isso impede que o leitor se perca, e permite que texto abra parêntesis, retomadas, comentários, mudanças do mundo terreno para o mundo espiritual, mudanças de tempo e local. Apesar de sua aparência judaica é um texto menos judaico que os grandes profetas Isaias e Ezequiel. Nestes, o leitor tem mais dificuldade em encontrar o fio condutor, em compreender a estrutura, os comentaristas judeus os entendem muito melhor que nós. Em Apocalipse (como em Daniel) a estrutura é dada de forma mais clara.
Nesse sentido, penso que a retomada da figura da Besta, que apareceia em Daniel, é uma dica, como se o texto dissesse "não me estude separadamente, eu retomei assuntos que já foram falados".
Mac
ResponderExcluirQuanto ao aspecto cronológico do texto, há coisas inescapáveis:
Verso 13 do capítulo 8:
"Então ví, e ouvi, uma águia voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai, ai, ai dos que moram na terr, por causa das restantes vozes da trombeta dos três angos que ainda têm de tocar"
Verso 12 do capítulo 9: "O primeiro ai passou. Eis que depois destas cousas vêm ainda dois ais".
Verso 7 do capítulo 10: "mas, nos dias da voz do séitmo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-a, então, o mistério de Deus, segundo ele anuciou aos seus servos, os profetas."
Verso 1º do caítulo 15:
"Vi no céu outro sinal grande e admirável: sete anjos tendo os sete últimos flagelos, pois com este se consumou a cólera de Deus".
Eu poderia passar muito tempo escrevendo sobre as inúmeras indicações de seqüência temporal no texto. É estranho que alguns imaginem que a interpretação seqüêncial é forçada e anti-natural. Pelo contrário o amplo uso de adverbios de tempo por João (e a forma como ele os usa), deve ter forçado os leitores por esses dois milênios a verem uma interpretação seqüencial.
Por outro lado existem quebras e retomadas, onde o leitor se pergunta "ei, como isso se encaixa?" Mas devemos entender que é o texto que impõe isso, não fruto de uma determinação do leitor em forçar uma interpretação não seqüencial. Em outras palavras, é o texto que deve dizer onde há continuidade e onde há quebra.
Renato,
ResponderExcluirDe fato João retoma (toma "emprestado") muitos termos e conceitos dos profetas veterotestamentários, como por exemplo as bestas de Daniel e os seres viventes de Ezequiel.
Assim como você, penso que seja altamente recomendável a leitura do Apocalipse juntamente com os profetas maiores e menores para um entendimento daquilo que João disse.
Quero esclarecer, caso eu não tenha deixado bem entendido, que não defendo o Apocalipse como uma colcha de retalhos por defender que ele não é cronológico.
Eu só afirmo que não há uma ordem cronológica no sentido de que o que acontece num capítulo anterior não pode ser uma repetição de algo que foi descrito antes.
Ao contrário, creio que há uma cronologia, mas que esta se faz em forma de seções. Por exemplo, os eventos que acontecem do capítulo 20 ao 22 são cronológicos, e esta é a última seção (das sete) do livro. Porém, não vejo que o que está escrito no cap. 20 vem depois do que acontece no cap. 19.
Então, estou com você no entendimento de que nos cap. 8, 9 e 10 (acrescento o 11 também) há uma ordem cronológica, porém creio que João abre uma nova seção no cap. 12.
É assim que eu penso que são as "quebras e retomadas", as quais eu chamo de Paralelismo Progressivo (popularizado por William Hendriksen, mas também defendido por outros vários teólogos).
Mac
ResponderExcluirLi mais textos a-milenistas e compreendo melhor o que é chamado de paralelismo, embora continue discordando de grande parte. Em particular, não vejo nenhuma quebra de continuidade entre os capítulos 19 e 20. Os inimigos são vencidos, a Besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo; parece natural ao leitor que a descrição de Satanás sendo preso seja uma continuidade da narrativa.
Mas uma coisa que chama a atenção é a interpretação que Hendriksen faz sobre o reino milenar:
"Claro que não se estende além da segunda vinda. Por que não? Os santos não reinarão com Cristo no céu, e igualmente após o retorno de Cristo para o julgamento? Realmente, mas se você ler cuidadosamente os versículos 4-6, você notará que o reinado dos santos é de fato o reinado de suas almas. Depois da segunda vinda de Cristo, não somente as almas reinarão, mas alma e corpo! Portanto, o milênio no céu se estende até a segunda vinda e a ressurreição, não além deste ponto."
Como já falei comentando outro post, discordo totalmente. A leitur cuidadosa leva à conclusão de que são pessoas ressucitadas que reinam com Cristo. Senão, vejamos o que dizem os veros 4 a 6:
"Vi também tronos, e neste sentaram-se aqueles aos quais foi dada outoridade de julgar. Vi ainda as almas dos dacapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fornte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.
Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurrição, sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele os mil anos."
A primeira impressão trazida pelo verbo 'viveram', assim no passado, sem advérbios, é de ressurreição, pois aplica-se a pessoas das quais acabou-se de dizer que haviam sido mortas. Logo em seguida se diz que os restantes dos mortos não reviveram, confirmando que era de uma ressurreição que se estava falando. Então se afirma que essa é a primeira ressurreição, e no verso seguinte confirma-se novamente que se estava falando de ressurrição. Não há como escapar que "viveram" no verso quatro é "ressucitaram". Como a palavra "ressucitar" e semelhantes são comuns no NT e em toda a tradição judaica, deve ser interpretada de acordo com o que os leitores normalmente entenderiam. Note que eles reinaram depois que viveram, logo, a afirmação de Hendriksen não se confirma. O texto indica que é um reinado de pessoas ressucitadas e não, como diz Hendriksen, que é um reinado de almas desencarnadas. As leitura de Hendriksen não é tirada do texto, mas tem de vir de idéias prévias.
Renato,
ResponderExcluirTenho uma resposta pendente sobre ressurreição para você em outro post. Responderei hoje se possível.
Voltando as suas objeções, com relação a quebra que há entre Ap 19 e 20, o evento em que os indivíduos do cap 19 (besta e falso profeta) são retratados como sendo lançados no lago de fogo é o mesmo do cap 20:10,14, inclusive o termo "lago de fogo" se repete nessas passagens. Há apenas ênfases diferentes, mas não eventos diferentes. Além do mais, não só esse conceito de várias ressurreições e várias segundas vindas do Senhor, bem como um milênio terrestre após a segunda vinda de Cristo não se acham em todo o resto do NT.
O pré-milenismo só pode extrair esses conceitos de Ap 20, e nesse caso, é uma passagem dizendo uma coisa contra várias outras dizendo algo totalmente diferente.
Só como exemplo, gostaria que você citasse para mim alguma passagem no NT que demonstre a ressurreição de justos e ímpios separadas por um longo período de tempo e/ou alguma passagem que mostre que Cristo retornará duas ou mais vezes.
É bem verdade que uma leitura cuidadosa nos leva a crer que, conforme diz o texto, os que reinam com Cristo são os que participaram da primeira ressurreição. Só me parece que você não está levando em conta que esses santos mencionados por João no verso 4 estão no céu. Ora, é muito claro que o contexto aqui fala "daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus" e que eles estavam assentados sobre "tronos". O fato é que em nenhum lugar o texto diz que esse reinado se dá na terra, mas, ao contrário, e como eu ja mencionei, é verso 4 é um retrato do céu.
Uma evidência disso é o fato de que João usa o termo "almas" (gr. psuchê), e esse termo nunca é usado em paralelo com a ressurreição física em outras passagens neotestamentárias (e muito menos João o faz aqui).
Leia Ap 20:4 a luz de Ap 6:9,10 e verá que são passagens idênticas, e que essa última faz mais clara afirmação de que esses "santos degolados" estão no céu. Ora, estes mártires estão sob o altar (que fica no céu) e em seguida (v. 10) vindicam a vingança de Deus sobre os que havitam sobre a terra.
Ainda, termos como "altar" e "tronos", quando no contexto de julgamento, nunca se encontram sobre a terra, mas sempre no âmbito celestial (Mt 19:28).
Sobre a questão da ressurreição, como disse no começo, responderei naquele comentário pendente.
É verdade que o uso comum do termo "ressuscitar" (dentre suas variantes) refere-se geralmente a ressurreição do corpo, mas esta não é a única aplicação do termo no NT.
Logo, dada as devidas explicações, creio que Hendriksen, não está "tão equivocado" assim.
Ainda, sobre a questão dos termos "viveram" e "reviveram", eles são perfeitamente aplicacáveis em outros contextos, tanto como para se referir os que já estão com Cristo no céu como para a questão da regeneração. Creio que não se pode restringir com base em uma única passagem a usabilidade dos termos.
ResponderExcluirCaro Mac
ResponderExcluirSobre um assunto mais antigo, você havia afirmado que não conhecia nenhum autor premilenista que não visse o capítulo 12 como algo futuro. Por acaso, tenho em minhas mãos a Biblia de Estudo Petencostal, editada pela CPAD (1995), versão ARC. Os comentários são tradução da versão da AD americana. A introdução a Apocalipse declara explicitamente que adota um enfoque futurista. Os comentários indicam claramente o premilenismo dos editores. Entretanto, o menino nascido é considerado Jesus e seu arrebatamento é interpretado como sua ascenção. Certas coisas que se encontram nos livros dos escritores populares são bem diferentes dos comentários de gente com mais estudo.
Renato.
Grande Renato.
ResponderExcluirCara, então foi uma baita de uma mancada minha, porque eu tenho essa Bíblia e nem me dei ao luxo (ou pelo menos não lembrei) de consultá-la. Peço desculpas pela gafe. Aliás, ainda que eu não seja pré-milenista, gosto muito dessa Bíblia de estudos, haja visto que congrego numa igreja pentecostal :)
Abração!
Mac
ResponderExcluirEu havia tentado mandar um comentário, mais de uma vez, mas aparece uma mensagem de erro. Estou mandando esta, só para testar.
Renato,
ResponderExcluirPra mim também estava dando erro, não sei porque. Mas mesmo com a mensagem de erro o comentário era gravado... Talvez seja algum problema no servidor, sei lá, hehe.
Caro Mac
ResponderExcluirDeixarei o assunto de ressurreição para depois. Você disse:
“Voltando as suas objeções, com relação a quebra que há entre Ap 19 e 20, o evento em que os indivíduos do cap 19 (besta e falso profeta) são retratados como sendo lançados no lago de fogo é o mesmo do cap 20:10,14, inclusive o termo "lago de fogo" se repete nessas passagens. Há apenas ênfases diferentes, mas não eventos diferentes.”
Uma releitura do texto só fez reforçar a minha opinião anterior. Verso 10 do capítulo 20:
“E o Diabo, que os enganava, foi lançado no lado de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta: e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.” Note que a Besta e o falso profeta já estavam no lago de fogo quando o diabo é lançado lá. Isso parece natural a quem fez uma leitura corrida, pois no final do capítulo 19 a besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo, mas o Diabo não, ele apenas é preso (começo do capítulo 20). Isso só reforça a sensação de continuidade.
Você diz:
“Além do mais, não só esse conceito de várias ressurreições e várias segundas vindas do Senhor, bem como um milênio terrestre após a segunda vinda de Cristo não se acham em todo o resto do NT.”
Note que, embora muitos premilenistas defendem mais de uma segunda vinda, a interpretação premilenista deste texto em particular nada tem a ver com isso. Segundo a interpretação premilenista (que é a leitura mais simples e direta deste texto) Cristo reina por mil anos após a segunda vinda. Ele não tem de voltar outra vez depois dos mil anos, porque ele já está aqui. Quanto a existirem duas ressurreições, isso é declarado explicitamente no texto, e não consegui ver nenhum outro sentido de ressurreição que fizesse sentido aqui.
Você diz:
“O pré-milenismo só pode extrair esses conceitos de Ap 20, e nesse caso, é uma passagem dizendo uma coisa contra várias outras dizendo algo totalmente diferente.”
Note que uma interpretação de duas vindas do messias, feita antes da sua primeira vinda teria sido a interpretação correta. E não havia (diferentemente do que acontece com a ressurreição) nenhum texto que falasse em primeira e segunda vinda. Minha percepção é a nossa leitura da linguagem profética tende mais a dar a falsa impressão de união de eventos diferentes do que a dar a falsa impressão de divisão de um mesmo evento.
Você disse:
“Só como exemplo, gostaria que você citasse para mim alguma passagem no NT que demonstre a ressurreição de justos e ímpios separadas por um longo período de tempo e/ou alguma passagem que mostre que Cristo retornará duas ou mais vezes.”
Não consigo lembrar de nenhum texto que indique mais de uma vinda. Quanto a duas ressurreições separadas, o capítulo 20 de Apocalipse parece-me explicito demais. Como o conceito poderia ser dito de forma mais clara?
continua ...
... continua
ResponderExcluirVocê disse:
“É bem verdade que uma leitura cuidadosa nos leva a crer que, conforme diz o texto, os que reinam com Cristo são os que participaram da primeira ressurreição. Só me parece que você não está levando em conta que esses santos mencionados por João no verso 4 estão no céu. Ora, é muito claro que o contexto aqui fala "daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus" e que eles estavam assentados sobre "tronos". O fato é que em nenhum lugar o texto diz que esse reinado se dá na terra, mas, ao contrário, e como eu ja mencionei, é verso 4 é um retrato do céu.
Uma evidência disso é o fato de que João usa o termo "almas" (gr. psuchê), e esse termo nunca é usado em paralelo com a” ressurreição física em outras passagens neotestamentárias (e muito menos João o faz aqui).
É claro que antes de ressuscitarem não poderiam estar na Terra. João PRIMEIRO diz que viu as almas dos degolados, DEPOIS diz que “viveram” (que depois João iguala a ressuscitaram) e, POR TERCEIRO, diz que reinaram. É o texto que dá essa ordem, não os premilenistas. Quanto aos que se assentam no trono e aos degolados, o texto não indica que sejam exatamente o mesmo grupo de indivíduos.
Você diz:
“Leia Ap 20:4 a luz de Ap 6:9,10 e verá que são passagens idênticas, e que essa última faz mais clara afirmação de que esses "santos degolados" estão no céu. Ora, estes mártires estão sob o altar (que fica no céu) e em seguida (v. 10) vindicam a vingança de Deus sobre os que havitam sobre a terra.”
A leitura do capítulo 6, reforça a minha interpretação. Aos degolados se diz que descansem, ficam inativos, o que é o oposto de ressuscitarem e reinarem. À sua pergunta (quando haverá vingança do sangue derramado) lhes é dito que ela só ocorrerá quando se completarem o número dos que seriam martirizados.
Isso traz à mente outra questão: Os mortos são os que não adoraram a besta, não aceitaram uma marca na testa ou na mão. Por mais simbolicamente que se queira interpretar isso, e por mais que a besta seja algo já presente na Terra, aqui fala-se claramente do evento futuro, do reinado que virá, e que será destruído pelo Messias. Já houveram muitos mártires fiéis a Cristo, mas o texto é bastante explicito, para indicar o grupo final de mártires.
Você diz:
“Ainda, termos como "altar" e "tronos", quando no contexto de julgamento, nunca se encontram sobre a terra, mas sempre no âmbito celestial (Mt 19:28).”
Não vi nada disso no texto de Mateus. O contexto ali é de ressurreição, o que ocorre na Terra. O conceito de novos Céus e nova Terra é bastante diferente da idéia de não existir mais Terra, mas apenas Céus. Paulo diz que a criação geme esperando pela redenção. A nova Jerusalém DESCE à terra, é Deus vivendo entre os homens, como se a realidade dos Céus se estendesse à nova terra. Não sei nem poderia compreender como será essa realidade, mas é isso que é afirmado nas Escrituras. Não me arrisco sequer a tentar imaginar como é isso, mas que há nova Terra, há.
Quanto à ideia de Deus sentado num trono, julgando aqui na Terra, isso é explicito nos profetas. E, como você mesmo disse, a leitura dos profetas é importante para entender Apocalipse:
“Suscitem-se os gentios, e subam ao vale de Jeosafá; pois ali me assentarei para julgar todos os gentios em redor.” Joel 3:12.
Neste fim de semana tentarei escrever mais.
Renato,
ResponderExcluirVou ponderar apenas sobre algumas de suas observações. Com relação as demais, creio que já estão bem definidas as nossas linhas de raciocínios e suas respectivas divergências.
Você disse que uma interpretação de duas vindas de Cristo no AT teria sido mais correta e que não havia nenhum texto que falasse de uma distinção entre essas "vindas".
Então, parece-me que você está tentando justificar com isso que o fato de que no NT não faz distinção de pelo menos duas segundas vindas não quer dizer que não acontecerá assim.
Bem, em primeiro lugar a linguagem profética do AT é quase que toda ela velada em significado e muitas vezes os profetas o faziam usando de termos que não conseguiam expressar com detalhes os eventos que se seguiriam no primeiro século, ou até mesmo com relação a consumação de todas as coisas.
No AT o crente não tinha uma idéia clara sobre quando ou como algumas expectativas seriam cumpridas. Eventos como a vinda do Messias, o reino de Deus, a nova aliança, novos céus e nova terra, etc, geralmente eram entendidos como acontecendo de uma vez e num tempo futuro denominado "últimos dias", "dias vindouros", "naqueles dias", ou "dia do Senhor".
Também, freqüentemente a expressão "o dia do Senhor" tanto é usada pelos profetas retratar a consumação final de todas as coisas como as vezes significa juízo para Israel.
Porém, havia esperança por parte do povo de Israel na vinda do Messias, e esta era definida por algumas particularidades que eram distintas da segunda vinda em glória como, por exemplo, o caráter salvífico por meio de uma obra expiatória (Is 53), o começo de uma nova aliança (Jr 31:31-32), etc.
Ou seja, não é difícil entender que muitas profecias contém elementos que são inerentes a primeira vinda de Cristo e que logicamente esses não fazem parte da segunda vinda.
Creio que apenas indiretamente a segunda vinda de Cristo é mencionada no AT, quando encontramos passagens referentes a novos céus e nova terra, ressurreição, etc... mas não da forma como o NT o faz.
O crente veterotestamentário, como diz Hoekema, " aguardava um redentor, de maneiras diversas e pelo sentido de várias figuras, que deveria vir em algum tempo futuro (ou nos 'últimos dia', para usar uma figura de linguagem comum ao Antigo Testamento) para redimir seu povo e, também, para ser uma luz aos gentios. Pedro, em sua primeira epístola, nos dá um quadro vívido sobre o modo como os profetas do Antigo Testamento aguardavam a vinda deste Redentor messiânico: 'A respeito desta salvação, os profetas, que falaram da graça que haveria de vir para vós, buscaram atentamente, e com o maior cuidado, procurando descobrir a época e as circunstâncias às quais o Espírito de Cristo neles estava-se referindo, quando ele predisse os sofrimentos de Cristo e as glórias que se haveriam de seguir' (1 Pe 1.10-11, NIV)."
Então, no NT as coisas estão muito melhor esclarecidas de forma que Paulo, Pedro, João ou qualquer outro escritor neotestamentário tinham todas as condições para esclarecer que o Senhor retornaria em etapas se assim fosse. Mas não o fizeram!
Segundo, conforme expliquei a questão da ressurreição anteriormente, quando você diz que Ap 20 parece explítico demais com relação a esse tema, há um problema nessa afirmação, pois, repito, para o pré-milenismo é necessário interpretar várias passagens claras através de uma obscura quando deveria ser feito o contrário. Isso não é hermeneuticamente saudável você não acha?
A sua definição de "claro" se dá por ler o texto de forma "corrida" (método considerado por você como você mesmo disse em outra ocasião), mas dado a dificuldade que o livro apresenta em todo o seu conteúdo, ler o Apocalipse dessa forma e sem considerar as passagens mais claras do NT faz com que tiremos conclusões precipitadas de textos que podem ter sido "claros" para seus leitores originais, mas definitivamente não são para nós.
Sobre o fato de que é do céu que Ap 20:4 está falando, já defendi meu ponto de vista anteriormente.
ResponderExcluirConcordo com você que os degolados e os que se assentam nos tronos não necessariamente sejam os mesmo indivíduos e não há problema nenhum nisso. Eu particularmente acho que não são.
Outrossim, a ordem citada por você está correta e não questiono isso. O problema está na interpretação dada por você (e pelo pré-milenismo) aos termos usados por João, os quais já defendi nos últimos comentários.
Ainda, com base em que você contrasta "descansar" e "ficar inativo" com "ressuscitar" e "reinar"?
Primeiro, ninguém está "inativo" no céu, a não ser que você creia na doutrina do sono da alma, então talvez seja melhor você definir de forma mais clara o seu conceito de "inatividade". Segundo, com base em quê você afirma que com relação aos santos que estão com Cristo no céu não se pode dizer que estão reinando? Ora, Cristo reina sempre em qualquer lugar, e no momento o lugar onde isso é mais evidente é no céu, sobretudo para aqueles que já estão lá não mais afetados pelas mazelas do pecado.
Em segundo lugar, "claro" está que o que os martirizados esperavam era a vingança/juízo (v. 10) da parte de Deus sobre seus perseguidores e isso sim é algo futuro (ainda que eu creia que as vezes Deus faz justiça em todos os tempos em proporções menores), mas tirar desse texto (Ap 6:9,10) o conceito de um futuro reinado é realmente difícil de aceitar.
Em Mt 19:28 temos o fato de que haverá um julgamento por parte de Cristo juntamente com seus discípulos (isso, obviamente se dá no "último dia") e também o fato de que o mesmo Cristo se assentará sobre Seu "trono glorioso". Agora, sobre esse último, Cristo já está assentado a direita do Pai e não vai esperar a "regeneração de todas as coisas" para fazê-lo.
Mt 22:44 Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?
Lc 22:69 Desde agora o Filho do homem se assentará à direita do poder de Deus.
Ef 2:6 E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
Cl 3:1 Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
Hb 1:13 E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés?
Hb 8:1 Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade,
Hb 10:12 Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,
Ap 4:2 E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono.
Então, veja o que João vê em Ap 4:4:
Ap 4:4 E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro.
Ou seja, os mesmo tronos mencionados em Mt 19:28 e que Cristo havia dito que os discípulos se assentariam, e ainda, que estes mesmos discípulos fazem parte do grupo de 24 anciãos de Ap 4:4, sendo que o entendimento é que eles já estavam lá quando João recebeu a visão.
Ou seja, também em Mt 19:28 o propósito é de julgamento e este acontecerá no fim, mas ambos, Cristo e seus discípulos, já se assentam em seus respectivos tronos. E tudo isso evidencia que é um evento que acontece no céu, o que corrobora para que Ap 20:4 não seja diferente.
Por fim, sobre Joel 3:2, pergunto onde no texto está escrito sobre um reinado do Senhor num milênio literal? Ora, o texto fala sobre o ajuntamento de todas as nações para JUÍZO, e não para um suposto reinado.
Mac
ResponderExcluirEu não preciso ser convencido do reinado do Messias no Céu, eu acredito nisso. Mas se a criação será redimida, então seu reino será sobre a Terra também. Por isso se diz que a Nova Jerusalém desce à Terra.
No texto em questão se afirma que esses mártires viveram (ressucitaram) e reinaram, de onde supõe-se que reinaram na Terra. Não vejo qualquer dificuldade lógica ou bíblica em crer que haverá santos reinando na Terra.
continuarei mais tarde.
Renato,
ResponderExcluirTambém creio, assim como você, que os novos céus e terra fazem parte da vida futura depois da segunda vinda de Cristo.
Só discordo que Ap 20:4 está esteja fazendo menção a isso. Não faz sentido já que João só retrata os novos céus e terra no cap. 21:1.
É um evento diferente e posterior ao que acontece em Ap 20.
Mac
ResponderExcluir"Também creio, assim como você, que os novos céus e terra fazem parte da vida futura depois da segunda vinda de Cristo.
Só discordo que Ap 20:4 está esteja fazendo menção a isso. Não faz sentido já que João só retrata os novos céus e terra no cap. 21:1.
É um evento diferente e posterior ao que acontece em Ap 20."
Também acridito que seja um evento diferente. Apenas, como todo pré-milenista, acredito que essa redenção da natureza se faz por fases. No reino milenar há certa restauração, mas não completa. As pessoas acostumadas a ver o bem, e sem o incitamento constante do Diabo, aceitam voluntariamente o governo de Cristo. Apenas após o Diabo ser solto, como Adão, são expostos à mais deslavada mentira, e parte delas crê na mentira.
Mac
ResponderExcluirVocê escreveu:
"Bem, em primeiro lugar a linguagem profética do AT é quase que toda ela velada em significado e muitas vezes os profetas o faziam usando de termos que não conseguiam expressar com detalhes os eventos que se seguiriam no primeiro século, ou até mesmo com relação a consumação de todas as coisas.
No AT o crente não tinha uma idéia clara sobre quando ou como algumas expectativas seriam cumpridas. Eventos como a vinda do Messias, o reino de Deus, a nova aliança, novos céus e nova terra, etc, geralmente eram entendidos como acontecendo de uma vez e num tempo futuro denominado "últimos dias", "dias vindouros", "naqueles dias", ou "dia do Senhor"."
Não me parece que a fusão de eventos diferentes seja uma característica apenas do AT, mas do próprio fenômeno profético. O sermão de Jesus, sobre o fim, funde de forma bastante evidente aa destruição do templo com a sua segunda vinda. Portanto, a linguagem profética, no NT continua tendo essa característica de fundir eventos futuros, em que a primeira ocorrência será figura da(s) outra(s). Isso era um fato bastante conhecido pelos judeus, tanto assim que no sermão de pentecostes, Pedro cita um texto que claramente não poderia ter se cumprido inteiramente, e isso não se torna objeto de confusão ou debate, a citação é aceita pela audiencia e inclusive milhares abraçam a fé.
Prezado Mac
ResponderExcluirVocê escreveu:
"Então, no NT as coisas estão muito melhor esclarecidas de forma que Paulo, Pedro, João ou qualquer outro escritor neotestamentário tinham todas as condições para esclarecer que o Senhor retornaria em etapas se assim fosse. Mas não o fizeram!
Segundo, conforme expliquei a questão da ressurreição anteriormente, quando você diz que Ap 20 parece explítico demais com relação a esse tema, há um problema nessa afirmação, pois, repito, para o pré-milenismo é necessário interpretar várias passagens claras através de uma obscura quando deveria ser feito o contrário. Isso não é hermeneuticamente saudável você não acha?"
Primeiro devo notar que não escrevi nenhuma linha sobre a suposta volta de Jesus em etapas, estou falando aque sobre duas ressurreições.
Sobre a doutrina dos últimos tempos, a primeira coisa que friso é que Nenhum autor dos NT dedica muito tempo a ela, fora João. Talvez o segundo texto mais extenso seja o sermão de Jesus sobre o assunto, que certamente é muitíssimo menor que Apocalipse, e que funde tempos diferentes de forma evidente. Todos ou outros textos do NT, ou são pequenos resumos, ou de forma mais extrema, pequenas referências a algum evento final, geralmente com um propósito pastoral, e não de ensino sistemático. Nessa rápidas referências, para outros propósitos, ninguém nem poderia esperar um detalhamento maior, pois isso faria o leitor perder o fio da meada, em relação aos propósitos do texto.
Da maneira que vejo as coisas isso parece com a situação em que vários professores de diversas disciplinas fazem referência a alguma disciplina básica, por exemplo, calculo diferencial e integral. Suas citações rápidas não tem o propósito de ser um ensino completo sobre o assunto, mas apenas de usa-la como ferramenta. Alguns deles podem até gastar alguns minutos a mais dando uma visão resumida de alguns aspectos do cálculo, mas é só isso. Um único professor se dedica a ensinar o assunto de forma sistemática. Seria estranho se os alunos, usassem as rápidas referências dos professores de outras disciplinas para reinterpretar o único professor que ensinou-a de forma sistemática.
Para dar um exemplo, a leitura dos outros textos do NT ou das profecias fazem supor que há um único personagem principal que representará o Diabo na Terra, nos últimos tempos. Já em Apocalípse descobrimos que há um outro personagem, o falso profeta, que é o responsável por levar as pessoas a crerem na Besta. Mas ninguém propõe que por ser só João a dizer isso, se descreia da realidade dessa segunda personagem.
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ResponderExcluirRenato,
ResponderExcluirVocê disse: "Também acredito que seja um evento diferente. Apenas, como todo pré-milenista, acredito que essa redenção da natureza se faz por fases. No reino milenar há certa restauração, mas não completa. As pessoas acostumadas a ver o bem, e sem o incitamento constante do Diabo, aceitam voluntariamente o governo de Cristo. Apenas após o Diabo ser solto, como Adão, são expostos à mais deslavada mentira, e parte delas crê na mentira. "
Como, após a segunda vinda, o Cristo já glorificado pode reinar num contexto físico onde o pecado e a morte ainda vigoram, se as Escrituras dizem que quando Ele voltar será justamente para aniquilar a morte?
Ainda, se Jesus vai reinar de Jerusalém, como as demais nações espalhadas pelo mundo acatarão esse reinado? As ordens dadas por Cristo serão entregues de que forma? Onde nas Escrituras há o conceito de que os santos glorificados viverão com pessoas que ainda estarão a mercê do pecado?
Você disse: "Não me parece que a fusão de eventos diferentes seja uma característica apenas do AT, mas do próprio fenômeno profético."
Eu não disse que o NT estava excluído disso, mas sim que no AT tal característica se dá de forma muito mais numerosa.
Você disse: "Primeiro devo notar que não escrevi nenhuma linha sobre a suposta volta de Jesus em etapas, estou falando aqui sobre duas ressurreições."
Ué, eu apenas supus com base no que você escreveu anteriormente, conforme está abaixo:
"Note que uma interpretação de duas vindas do messias, feita antes da sua primeira vinda teria sido a interpretação correta. E não havia (diferentemente do que acontece com a ressurreição) nenhum texto que falasse em primeira e segunda vinda."
Provavelmente me equivoquei :-)
Concordo com você que não há um ensino mais detalhado dos demais autores neotestamentários, com exceção de João, sobre as últimas coisas. Mas para mim, esta é uma das razões que faz do pré-milenismo um sistema escatológico preocupante e de uma só passagem (Ap 20), já que as demais, com toda a brevidade em que se acham, não apóiam os vários conceitos que distingue o pré-milenismo dos demais sistemas.
Você disse: "Seria estranho se os alunos, usassem as rápidas referências dos professores de outras disciplinas para reinterpretar o único professor que ensinou-a de forma sistemática."
Falando assim você dá a entender que as "rápidas referências" são imprecisas. Essas "rápidas referências", como o termo em si já diz, ainda que breves, são bem mais "esclarecedoras" do que as que encontramos no Apocalipse. João ter escrito muito sobre o assunto não faz dos seus escritos a única referência a ser levada em conta ou com maior peso. Se fosse assim provavelmente não estaríamos aqui debatendo.
Você disse: "Mas ninguém propõe que por ser só João a dizer isso, se descreia da realidade dessa segunda personagem. "
É verdade, mas em assuntos tão ou mais "importantes" por assim dizer (como a questão do milênio, ressurreição, segunda vinda, etc), existem outras passagens além do Apocalipse de colaboram para que se chegue a uma interpretação no mínimo razoável.
Olá Mac
ResponderExcluirPercebo que o principal, ou um dos principais argumentos usado pelos amilenistas é a existência de textos em que o julgamento dos impios segue a vinda do Senhor.
É claro que nós, pré-milenistas, conhecemos esses textos, mas eles nunca nos pareceram uma evidência real contra nossa posição. Qualquer pessoa minimamente acostumada com a linguagem bíblica sabe que os autoress bíblicos, ao olharem para os eventos futuros, tendem a ter uma visão mais plana, os eventos futuros aproximam-se entre si. Como o astrônomo ao ver as imagens no telescópio, o leitor da Bíblia sabe que os eventos que aparecem próximos na imagem bíblica podem ser, na verdade, muito distantes.
Nunca nos ocorreu considerar "o Dia do Senhor" como um único dia, literalmente de 24 horas, mas sempre o temos considerado como uma época que pode ser bastante extensa, e envolve muitos eventos. Esse é o motivo de não sermos convencidos por qualquer forma de argumento do tipo "veja, a condenação dos descrentes segue imediatamente a vinda do Senhor".
Adicionalmente, vemos que apenas duas personagens são "lançadas vivas no lago de fogo". É interessante que João tenha sido específico sobre isso, embora a interpretação exata seja dificil. Interessante por opor-se às outras pessoas que adoraram a besta, que são mortas. Posteriormente elas são ressucitadas e condenadas junto com todos os impios de todas as épocas. Assim, o castigo dos ímpios que estiverem vivos no momento da volta do Senhor, num certo sentido, ocorre imediatamente (são literalmente mortos). Mas só se completa depois, ao serem condenados (junto com todos os ímpios de todas as épocas) e lançados no lago de fogo. Não sou eu quem dá essa ordem, é o texto de Apocalipse.
Mac, você disse:
ResponderExcluir"Como, após a segunda vinda, o Cristo já glorificado pode reinar num contexto físico onde o pecado e a morte ainda vigoram, se as Escrituras dizem que quando Ele voltar será justamente para aniquilar a morte?
Ainda, se Jesus vai reinar de Jerusalém, como as demais nações espalhadas pelo mundo acatarão esse reinado? As ordens dadas por Cristo serão entregues de que forma? Onde nas Escrituras há o conceito de que os santos glorificados viverão com pessoas que ainda estarão a mercê do pecado?"
Esse me parece um argumento baseado na estética (no sentido mais amplo), isto é, a imagem da convivência entre pessoas de corpos glorificados e pessoas comuns não agrada ao amilenistas. Devo notar que isso não impediu o Messias glorificado de conviver com seus discipulos, após sua ressurreição, e até comer com eles.
Não costumo ficar imaginando como seria isso. Qualquer imagem da minha mente seria extremamente diferente da realidade.
Renato,
ResponderExcluirUma vez que as pessoas ressuscitam só há uma coisa a ser feita, que é julgá-las. Ou seja, separa-se o joio do trigo, os bodes das ovelhas "para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal." (2Co 5.10)
Textos como esse de 2Co 5.10 nos dizem sem rodeios o que exatamente se sucede após a ressurreição dos mortos.
Então, nenhum sistema escatológico pode afirmar quanto tempo durará o julgamento (24 horas ou milhares de anos), mas se pode afirmar, com base nas Escrituras, que será um período breve humanamente falando, ou seja, um momento. Isso está longe de ser "qualquer forma de argumento, mas é o que a Bíblia diz.
Você disse: "Qualquer pessoa minimamente acostumada com a linguagem bíblica sabe que os autores bíblicos, ao olharem para os eventos futuros, tendem a ter uma visão mais plana, os eventos futuros aproximam-se entre si. Como o astrônomo ao ver as imagens no telescópio, o leitor da Bíblia sabe que os eventos que aparecem próximos na imagem bíblica podem ser, na verdade, muito distantes."
Não estou tão certo quanto você de que qualquer pessoa "minimamente acostumada" com a linguagem bíblica possa saber que os autores bíblicos tem uma visão "mais plana" dos eventos futuros. Eu entendi o que você quis dizer, mas ao contrário do seu entendimento, penso que os escritores neotestamentários "enxergaram bem do alto" aquilo que escreveram, de modo que foi perfeitamente possível para eles ordenar os eventos futuros quando se referiram a eles.
Se nós podemos ver os escritores do NT falando para a igreja sobre eventos escatológicos, é porque esses eventos eram importantes e relevantes. Agora, só para dar um exemplo, surpreende-me que, sendo o milênio pré-milenista algo tão substancial (assim como é a ressurreição, a segunda vinda, etc), os escritores do NT sequer tenham conceituado ou até mesmo mencionado algo parecido.
Não havia dificuldade nenhuma para eles escreverem qualquer coisa mais simples que isso: "Amados, após a ressurreição vocês reinarão com Cristo neste mundo até que Ele haja completado o Seu propósito, e criar novos céus e nova terra".
Ou seja, os eventos que nos são revelados, ainda que não haja um detalhamento sistemático e minucioso, estão bem definidos e bem colocados em sua devida ordem.
Sobre Ap 19:20, corrija-me se eu estiver errado, mas me parece que você entende a besta e o falso profeta como sendo indivíduos e nada mais. Alguns argumentam que “sistemas”, “conceitos” e/ou “lugares” não podem ir para o lago de fogo, mas vemos em Ap 20:14 justamente isso, haja visto que “morte” e “inferno” não são indivíduos.
ResponderExcluirDito isto, penso que a besta e o falso profeta não se limitam somente a indivíduos , mas que vão mais além, significando toda a perseguição e religião anticristãs respectivamente (ainda que eu creia que sempre há líderes em todos os tempos que encabeçam tais atividades).
Então, quando você fala que primeiro os ímpios morrem fisicamente (sendo parte do castigo) para depois serem condenados com os demais ímpios de todas as épocas não quer dizer – e nem o texto diz isso – que a ressurreição dos mesmos se dará num momento posterior, a saber, no fim de um “milẽnio”. Você está inferindo isso do texto porque o sistema pré-milenista requer que seja assim, pois não creio que quando o v. 20 menciona a “besta” e “falso profeta” ele está se referindo a meros dois indivíduos que não são mais merecedores do lago de fogo do que qualquer outro ímpio.
Assim, essa diferença de “dois” terem sido “lançados vivos no lago de fogo” em detrimento dos demais, ainda que haja uma ordem, não tem a intenção de explicar a ressurreição dos ímpios o mínimo que seja.
O significado de “Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.” é explicado por Hendriksen da seguinte forma: Na segunda vinda de Cristo, a perseguição de Satanás contra a Igreja e o seu poder de enganar a terra cessarão para sempre. Toda a influência de Satanás – quer no sentido de perseguição quer do engano – irá com ele para o inferno para jamais surgir novamente fora dele.
Ou seja, ser jogado vivo no lago de fogo é, para mim, melhor entendido como uma figura hiperbólica, com a intenção de dar ênfase na punição eterna desses dois "personagens", e não mais que isso.
Penso que não me fiz entender. Eu não afirmei que o julgamento dura muito tempo, eu afirmei que ocorre muito após a vinda do Senhor (mil anos). Considero, como muitos pré-milenistas, que "o dia do Senhor" é todo o conjunto de eventos que começa pouco antes da sua vinda, passa pelo julgamento final e termina com a habitação da Nova Jerusalém. Na nossa perspectiva, isso dura séculos.
ResponderExcluirQuanto à besta e ao falso profeta, concordo com você que a besta é um sistema, além de ser uma pessoa. Não é necessário inferir isso, a própria explicação que João recebe sobre ela mosta isso. Quanto ao falso profeta, é possivel que seja um sistema, além de ser uma pessoa, mas não sei se seria possivel provar isso.
Quanto ao significado de a Besta e o falso profeta terem sido lançados vivos no lago de fogo, a leitura mais natural sempre me pareceu ser que isso refere-se às personagens envolvidas e não a sistema, mesmo porque nunca vi motivos para crer que o falso profeta fosse um sistema, embora seja possível. Se você conhece alguma passagem que indique isso, gostaria de conhecer. De qualquer forma, não percebo porque seria necessário dizer que o sistema chamado "a besta" foi lançado no lago de fogo. Todas as pessoas envolvidas nele, inclusive os demônios que o criaram e manobravam, foram tiradas de cena, sem deixar discípulos ou um tradição. É natural supor que o sistema que elas mantinham acabou.
continua ...
Olá Mac
ResponderExcluirDeixarei meus comentários nas últimas postagens.
Olá Renato,
ResponderExcluirAguardarei seus comentários e depois que você os tiver feito, responderei o último que ainda está pendente.
Abração!
Renato,
ResponderExcluirNão creio que a "besta" e o "falso profeta" devem ser tratados de forma diferente dos demais ímpios que não foram achados escritos no livro da vida (Ap 20:15).
Quando Jesus voltar pela segunda vez, haverá ímpios vivos e os que estiverem mortos ressuscitarão, sendo que, após o julgamento, todos eles serão jogados vivos no lago de fogo. Isso, por si só, deixa claro que toda e qualquer pessoa, mesmo as que tiverem encabeçando uma perseguição cristã nos últimos dias, devem ser incluídas no v. 15 de Ap 20.
Ainda, você me indagou a respeito de alguma passagem que indicasse a possibilidade da besta e do falso profeta - enquanto sistemas - serem jogados no lado de fogo. Respondo com o que já mencionei anteriormente: "Alguns argumentam que “sistemas”, “conceitos” e/ou “lugares” não podem ir para o lago de fogo, mas vemos em Ap 20:14 justamente isso, haja visto que “morte” e “inferno” não são indivíduos.".
Você disse: "De qualquer forma, não percebo porque seria necessário dizer que o sistema chamado 'a besta' foi lançado no lago de fogo. Todas as pessoas envolvidas nele, inclusive os demônios que o criaram e manobravam, foram tiradas de cena, sem deixar discípulos ou um tradição. É natural supor que o sistema que elas mantinham acabou."
Isso não confere. A ordem que nos é apresentada por João é que primeiro a besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo, seguido pelo Diabo (Ap 20:10), e por último a morte, o inferno (v. 14) e os ímpios (v. 15).
Já na sua fala, você propôs justamente o contrário.
Ps: Falei que comentaria esta resposta em outro post, mas decidi continuar a responder aqui para que outros não tenham problemas em entender tudo o que levantamos nessa discussão.
Boa noite Mac
ResponderExcluirPercebo que não tenho sido claro nas minha colocações. Revisarei sempre o que escrever. Desculpe-me por não ter rivisado sempre meus textos.
Quando eu falei sobre o falso profeta, não estava questionando se um "sistema" pode ser lançado no inferno (isso também poderia ser questionado, mas seria uma discussão mais longa).
O que eu queria dizer é que não há evidências de que o falso profeta seja um sistema. A besta é descrita como uma pessoa e também como um sistema, mas o falso profeta não.
Mac
ResponderExcluirVocê disse:
"Isso não confere. A ordem que nos é apresentada por João é que primeiro a besta e o falso profeta são lançados no lago de fogo, seguido pelo Diabo (Ap 20:10), e por último a morte, o inferno (v. 14) e os ímpios (v. 15).
Já na sua fala, você propôs justamente o contrário."
Temo que tenho sido confuso nas minhas colocações. Em que sentido eu disse que essa ordem correta é o oposto dessa?
Renato,
ResponderExcluirEu deduzi do que você disse, que "Todas as pessoas envolvidas nele, inclusive os demônios que o criaram e manobravam, foram tiradas de cena, sem deixar discípulos ou um tradição. É natural supor que o sistema que elas mantinham acabou."
Eu me apressei na leitura Renato, foi bom você ter questionado minha interpretação da sua fala... Agora, relendo, eu "pesquei" a sua intenção.
Peço desculpas pelo equívico. Devo estar em modo de hibernação por causa das minhas férias, hehe.
Abraço!
Srs,
ResponderExcluirAs almas clamando debaixo do altar não seria simbolismo de que, para Deus, o eterno, o sangue de Seus mártires clama em todo tempo por justiça, igualmente como foi relatado pelo Espírito de Deus em gênesis com relação ao sangue de Abel?
Na morte há completa inconsciência, como relatam vários pontos das Escrituras, de forma que o reinado dos justos ocorre em vida, pelo Espírito de Cristo (Ele reina e os justos reinam com Ele), e não em um suposto reino da alma nos céus.
Salvo erro, a teoria da imortalidade da alma é uma heresia, pois quem dorme não pode reinar ou gozar, mas está inconsciente, esperando acordar ou ser acordado.
Claro que para Deus todos vivem, pois Ele possui a capacidade de olhar tanto para o passado como para o futuro ao mesmo tempo e para Ele todos vivem, mas "estar gozando" e voltar ao corpo só para receber uma sentença é incoerente (ou não?).
Assim sendo, a primeira ressurreição, salvo erro, ocorre no momento em que determinada pessoa recebe o Espírito de Deus e passa da morte para a vida e não pode mais morrer (a segunda morte), embora esteja debaixo da sentença da morte física, a qual será tragada na vitória final, quando justos e injustos ressuscitarem. Assim sendo, o que Cristo disse em João 11 e o que Ap 20 nos revela parecem estar em prefeita consonância.
Não entendo o motivo da incompreensão quanto as dificuldades que podem atravessar quem reina. Cristo reina em glória nos céus (com o corpo glorioso que João viu), mas ainda sofre o vitupério pela IGREJA, ou seja, ainda tem muito trabalho e sofrimento.
As Escrituras não relatam prêmios antecipados, pois a morte é uma figura de extinção da vida, onde cessam todas as coisas, conforme ocorreu com o próprio Filho de Deus, pois rendeu Seu Espírito ao Pai e cessou de existir por três dias. Todavia, existe uma prerrogativa dos justos: a de julgarem o mundo através de suas ações e de seus testemunhos de cristãos em vida, e isso, salvo erro, já está acontecendo, pois os justos (regenerados pelo Espírito de Deus) já se assentaram nos lugares celestiais em Cristo ("na regeneração, assentareis em tronos...").
Obrigado.