quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Israel de Deus em Romanos 11 - Parte 2

...continuação.

Importante:
O texto a seguir é de autoria de O. Palmer Robertson, doutor em teologia pelo Union Theological Seminary, em Virgínia, EUA. Também é professor de Teologia e de Antigo Testamento.


B. Possíveis referências em Romanos 11 à intenção de Deus de tratar o Israel étnico de maneira distinta no futuro.


As referências em Romanos 11 ao acordo atual de Deus com Israel costumam ser completamente ignoradas. Ao mesmo tempo, as partes do capítulo que poderiam ser entendidas como referência a um propósito especial para Israel no futuro concentram todas as atenções. Mas um exame mais cuidadoso dessas passagens pode gerar um entendimento diferente da tendência do capítulo. Várias seções específicas merecem uma consideração especial:
“Pergunto, pois: Acaso Deus rejeitou o seu povo? De maneira nenhuma! Eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamin. Deus não rejeitou o seu povo, o qual de antemão conheceu.” (Rm 11:1,2)
A negação de Paulo de que Deus rejeitou seu povo, em geral, é entendida como se indicasse que Deus ainda pretende tratar Israel de maneira distinta no futuro. Essa interpretação baseia-se em uma leitura específica da pergunta do apóstolo. A pergunta de Paulo: “Deus rejeitou seu povo?” é entendida como: “Deus rejeitou o Israel étnico com respeito ao seu plano especial para o futuro?”.
Obviamente, uma construção como essa imediatamente predispõe à casa em favor daqueles que defendem um futuro distinto para o Israel étnico. Supondo que a pergunta tenha essa ênfase, a exclamação de Paulo: “De maneira nenhuma!” simplesmente confirma o que é natural à forma pressuposta da pergunta.

Mas o contexto da pergunta do apóstolo sugere um entendimento completamente diferente de sua ênfase. A pergunta de Paulo é mais radical do que muitos podem pensar. Ele pergunta: “Deus rejeitou o Israel étnico completamente em seu propósito de redenção?”. Existe alguma esperança para a continuação de uma atividade salvadora de Deus entre os israelitas? Teriam eles tropeçado de tal forma que cairiam (de uma vez) (v. 11)?

O Israel étnico rejeitou o Messias. Ele crucificou Cristo. Não seria lógico, portanto, concluir que Deus o rejeitaria? Se um gentio rejeitar Cristo, estará condenado. Israel, como nação, rejeitou Cristo; portanto, não deveria estar perdida? Por que Deus deveria continuar a operar seu salvamento entre os judeus? Eles receberam todos os favores especiais do Senhor (Rm 9:4,5) e ainda rejeitaram seu Cristo. Por que não deveriam ser rejeitados completamente?

Paulo cita a evidência em Romanos 11:1 para apoiar uma resposta negativa a essa pergunta indica a verdadeira ênfase desse pensamento. Deus rejeitou seu povo? Não, pois o próprio apóstolo é israelita!

Paulo, para responder a essa pergunta, não arrola evidências que se relacionem ao futuro dos judeus. Ele próprio é israelita, definindo assim que Deus continua a incluir os judeus em seus propósitos de redenção.

A resposta do apóstolo não trata da nação de Israel no futuro distante, mas da sua condição na era presente. O próprio apóstolo é israelita e compartilha a salvação trazida pelo Messias.

Romanos 11:5 resume melhor a resposta de Paulo à pergunta colocada no versículo 1. Deus rejeitou legitimamente o Israel étnico de forma que não haja nenhuma esperança de redenção aos remanescentes da nação? Não, pois “hoje também”, de acordo com os acordos de Deus com Israel no passado, “há um remanescente escolhido pela graça”.

A resposta de Paulo a sua própria pergunta não explica os detalhes de uma virada maciça dos judeus para Cristo em algum ponto no futuro. Ela trata, na verdade, da condição presente de Israel na era do evangelho. A resposta do apóstolo indica, de fato, que o Israel étnico tem um futuro, porém, ele faz parte da era presente da proclamação do evangelho.
“Mas se a transgressão deles significa riqueza para o mundo, e o seu fracasso, riqueza para os gentios, quanto mais significará a sua plenitude! […] Pois se a rejeição deles é a reconciliação do mundo, o que será a sua aceitação, senão vida dentre os mortos?” (Rm 11:12-15)
O apóstolo, claramente, está descrevendo uma sequência temporal nesses versículos. O povo judeu rejeita seu Messias; depois, os gentios acreditam. Assim, os judeus provocados ficam com ciúmes e retornam à fé, e o mundo recebe uma bênção ainda mais rica em consequência desse retorno.
Uma interpretação dessas experiências contrastantes de Israel presume que sua “rejeição” coincide com a era presente do evangelho, enquanto sua “aceitação” ocorrerá mais tarde, precisamente no fim da era presente ou depois que a era presente da proclamação do evangelho tiver terminado.

Entretanto, essa sequência temporal pode ser vista de uma outra perspectiva. É possível considerar que o ciclo completo foi cumprido na era presente da proclamação do evangelho. Paulo, no contexto, compara a experiência de Israel com a dos gentios. De acordo com o versículo 30, os gentios foram desobedientes antes, mas agora receberam a misericórdia. Israel, da mesma forma, que agora é desobediente, pode, também agora, receber misericórdia. Tanto para os gentios como para os judeus, o ciclo completo da passagem de um estado de desobediência para o de misericórdia acontece na era presente.

Dessa perspectiva, a “aceitação” de Israel se referiria ao enxerto de judeus crentes na era presente, que alcançaria a consumação quando sua “plenitude” fosse concretizada. A experiência paralela do mundo gentio não oferece nenhuma defesa da idéia de que o período de rejeição a Israel coincide com a era presente do evangelho, enquanto sua aceitação está reservada à era subsequente.

É crucial para o entendimento desses versículos a declaração de Paulo de que, por meio do ministério apostólico atual aos gentios, ele espera “salvar alguns” dentre os judeus (v. 14). O salvamento de “alguns” não deve ser entendido como a salvação de poucos judeus, que não seria comparável com “plenitude” a ser salva no final dos tempos.

Muito ao contrário, esse salvamento de “alguns” está totalmente relacionado com um dos principais temas de Romanos 11. Como diz Paulo, permanece ainda nesse tempo um “remanescente” escolhido pela graça (v. 5). Isso não significa que aqueles “alguns” que o apóstolo espera pessoalmente salvar são o “remanescente” de que ele trata em toda a passagem. Mas a idéia do salvamento de alguns e a da conservação de um remanescente estão inter-relacionadas. A esperança de Paulo de que alguns sejam salvos por meio de seu ministério baseia-se no princípio de que um “resto” permanecerá durante as eras.

Um remanescente também sugere imediatamente a idéia de ser pouco e insignificante. Mas o uso da palavra remanescente não determina, em si, a proporção do todo a ser salvo. Ela está ligada, na verdade, à intervenção soberana de Deus de realizar a salvação dos homens apesar da expectativa, do ponto de vista humano, de que todos pereceriam. [03] É, portanto, bastante apropriado interpretar a “plenitude” e a “aceitação” de Israel da perspectiva da atividade salvadora atual de Deus. O argumento do apóstolo parte de um princípio verdadeiro em toda a história redentora. Embora externamente possa parecer que Deus tenha rejeitado os judeus, na verdade, ele está operando sobrenaturalmente para salvar alguns deles. Todos em Israel passarão pelo mesmo processo pelo qual os judeus estão sendo recebidos atualmente e acrescidos ao número total. Pois o “remanescente escolhido pela graça” abrange os mesmos indivíduos que a “plenitude” (i.e., totalidade) de Israel. O olho do homem não é capaz de conceber a extensão desse número. Mas o olho da fé sabe que o número total está sendo cumprido. Por isso, não é necessário nem apropriado anunciar uma data futura na qual o remanescente será suplantado pelo todo. O “remanescente” complementado de Israel é exatamente a sua “plenitude”.


continua...


[03]
Cf. V. Herntrich em Theological dictionary of the New Testament, trad. Geoffrey W. Bromiley, Gerhard Kittel, org. (Grand Rapids, Eardmans, 1967, vol. 4) p. 204: "Se o remanescente é preservado somente pela obra de Deus, o conceito não pode ser quantitativo no sentido de que o remanescente tenha de ser pouco. O conceito certamente faz uma referência à grandeza do julgamente, mas não ao pequeno número daqueles que serão salvos (mas v. Dt 4:27; 28:62; Is 10:22)". Herntrich indica Mq 4:7, onde o remanescente é comparado com uma "nação forte" e Mq 5:6,7, onde é comparado com o orvalho. Em passagens que não descrevem especificamente o povo remanescente, a palavra é aplicada às grandes áreas de terra que "ficaram" para ser possuídas depois da conquista de Josué (Js 13:1), e à madeira "restante" com a qual é feito um ídolo (Is 44:17,19). Embora um remanescente possa representar pouco, basicamente denota apenas o que "ficou", quer seja pouco ou muito.

10 comentários:

  1. MAC

    O comentarista diz:

    "O Israel étnico rejeitou o Messias. Ele crucificou Cristo. Não seria lógico, portanto, concluir que Deus o rejeitaria? Se um gentio rejeitar Cristo, estará condenado. Israel, como nação, rejeitou Cristo; portanto, não deveria estar perdida? Por que Deus deveria continuar a operar seu salvamento entre os judeus? Eles receberam todos os favores especiais do Senhor (Rm 9:4,5) e ainda rejeitaram seu Cristo. Por que não deveriam ser rejeitados completamente?
    Paulo cita a evidência em Romanos 11:1 para apoiar uma resposta negativa a essa pergunta indica a verdadeira ênfase desse pensamento. Deus rejeitou seu povo? Não, pois o próprio apóstolo é israelita!"

    O argumento é impossivel. Não haveria hipotese de um cristão do primeiro séuculo imaginar que nenhum judeu poderia crer no Messias. Era fato impossível de ser esquecido que TODOS os apóstolos eram judeus, e que existiam dezenas ou centenas de milhares de crentes na Judéia e Galiléia. Temtar provar que judeus poderiam crer seria como tentar provar a um banhista, em Santos, que há água no Oceano Atlântico.

    O fato do apóstolo usar a si mesmo como exemplo não pode fazer supor que os seus leitores ignorassem que ele era judeu, esse fato era evidente demais. Paulo usa a si mesmo como exemplo por uma questão retórica; pretendo comentar isso mais tarde.

    Isso mata a interpretação do comentarista sobre esse versículo. a pergunta: "Acaso Deus rejeitou o seu povo?" não pode significar que algum dos leitores de Paulo supunha a perdição de todos os judeus. No texto inteiro, desde o capítulo 10, o apóstolo debate com um interlocutor retórico, como se alguém lhe estivesse fazendo perguntas. Claramente o apostolo tenta responder ao espanto dos seus leitores com o fato de Israel não ter aceito o Messias. Mas o que isso quer dizer? Com certeza, a porcentagem de judeus crentes era, nesse tempo, muito maior que a porcentagem de romanos crentes, e esse fato não poderia ser ignorado. O espanto dos leitores de Paulo é que Israel em peso não tenha aceito o Messias, e é a isso que ele responde.

    Talvez eu não tenha tempo para continuar meus comentários esta semana. Mas tentarei manter-me em contato.

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  2. Graçe e paz Renato,

    Acho que temos um mal entendido aqui. O autor do texto (Palmer Robertson) não está negando a quantidade de judeus crentes (que era grande, como você mesmo disse) no primeiro século, ou mesmo defendendo a idéia de que os contemporâneos de Paulo achavam que a sua "raça" tinha sido esquecida por Deus. Ao contrário, ele está apenas defendendo que o texto de Rm 11 não se refere a um tratamento futuro da parte de Deus para com Israel, mas que isso acontece durante toda a era da Igreja. Fato é que Paulo comprova isso quando diz "eu mesmo sou israelita".
    Leia o post novamente, no momento é só isso que posso sugerir :)

    Abraço!

    Em Cristo, Mac.

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  3. Mac

    Eu talvez não me tenha feito entender. Compreendi que o comentarista argumenta que a salvação dos judeus ocorre dutante toda a era atual e também argumenta que não haverá nenhuma época de despertamento especial dos judeus no futuro. Mas ele faz a seguinte consideração:

    "Mas o contexto da pergunta do apóstolo sugere um entendimento completamente diferente de sua ênfase. A pergunta de Paulo é mais radical do que muitos podem pensar. Ele pergunta: “Deus rejeitou o Israel étnico completamente em seu propósito de redenção?”. Existe alguma esperança para a continuação de uma atividade salvadora de Deus entre os israelitas? Teriam eles tropeçado de tal forma que cairiam (de uma vez) (v. 11)?"

    Em meio a sua argumentação, o senhor Robertson supõe uma interpretação para o verso 11. A pergunta retória de Paulo, segundo a interpretação de Robertson, seria "Será que a atividade salvadora de Deus entre os israelitas acabou?". O que estou dizendo é que Paulo não perguntaria isso de forma alguma, nem retoricamente, pois seria uma questão tão descabida que chegaria a ser pueril. Nenhum de seus leitores teria suposto isso. Seus leitores poderiam ter suposto que a vocação de Deus em relação a Israel tivesse chegado ao fim, ou poderiam ter suposto que Deus levou aqueles que rejeitaram o Messias a uma situação tal que não poderiam se arrempender. Mas ninguém teria suposto que a atividade salvadora de Deus entre os judeus tivesse sessado. Portanto, não seria esse o sentido da pergunta retórica de Paulo. As perguntas retóricas de Paulo eram, sempre ou quase sempre, perguntas que algum debatedor poderia efetivamente ter feito.

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  4. Renato,

    Entendi o que você disse, mas não entendo da mesma forma. Aliás, faço uso da mesma argumentação. O fato de Paulo, ao fazer uso de retórica, eram "sempre ou quase sempre perguntas que algum debatedor poderia ter feito" como você mesmo disse, faz com que Paulo se adiante antes que alguém pudesse fazê-la. Ou seja, não posso afirmar que todos os judeus pensavam assim, mas é bem possível que fazer tal pergunta tenha passado pela cabeça de algum judeu naquele momento, mesmo que fosse uma minoria.
    Outrossim, você propôs que Robertson teria suposto que Paulo falou isso: "Será que a atividade salvadora de Deus entre os israelitas acabou?" e em seguida disse que Paulo não faria tal pergunta. Será? Sinceramente não vejo diferença entre essa sentença em relação ao dito de Paulo "acaso Deus rejeitou o seu povo?".
    Penso que seja apenas modos diferentes de se dizer a mesma coisa, ainda que a última seja inspirada e a primeira possa ser encarada como uma paráfrase.
    Mano, espero que não pense que estou sendo relutante apenas por ser. É simplesmente uma questão de diferença de entendimento, da qual, no momento, não compartilho com o seu. Mas entendi perfeitamente, agora, as sua colocações.

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  5. Mac

    Fico feliz por ter sido compreendido.

    Vou colocar uma questão para você pensar. Paulo diz a respeito de Israel "os dons e a vocação de Deus são irrevogaveis". Ele afirmaisto como o motivo dos judeus serem amados (por causa dos patriarcas, isto é, aqueles que foram chamados, receberam a vocação). Considere se a questão retórica de Paulo não poderia significar "Será que Deus revogou o chamado dos patriarcas"?

    Outro ponto: Noto que Robertson tenta resolver a questão de oposição entre passado e futuro, no texto, analisando a preposição até, e afirmando que não há um depois do até. eu não teria condições de debater um detalhe técnico com Robertson, mas percebo que ele não falou nada sobre os verbos e substantivos, que costumam ser as palavras mais importantes. E são os verbos e os substantivos que estão prenhes de oposição passado/presente e presente/futuro.

    Vejamos alguns exemplos: "Porque, se o fato de terem sido eles rejeitados trouxe reconciliação ao mundo, que será o seu restabelecimento, senão a vida dentre os mortos?"

    Certamente um amilenista interpretará essa "vida dente os mortos" como a vida que o judeu converso obtém, pessoalmente. Mas a estrutura do texto nega isso. Vida dentre os mortos está em oposição a reconciliação ao mundo (não são idéias opostas, mas o texto as põe em momentos diferentes). O texto é construído num crescente: se rejeição dos judeus traz reconciliação, seu restabelecimento (que é superior a rejeição) traz ressurreição (que é superior a reconciliação, pois é a finalização desta).

    A primeira coisa que o leitor nota é que a rejeição de que fala o apóstolo é nacional (embora haja um remanescente, a nação é considerada incrédula). Seria bastante estranho considerar o restabelecimento como apenas individual.

    Outro ponto claro é que reconciliação também é de natureza geral (Deus reconciliou consigo o mundo em Cristo, independentemente de muitos não aceitarem essa reconciliação, pois o sacríficio é suficiente) e em momento determinado da história. É bastante evidente como a rejeição judaica trouxe essa reconciliação, pois foram as autoridades judaicas que forçaram o sacrificio que traz a paz. Essa rejeição e essa reconciliação foram eventos históricos determinados. O natural é considerar que a ressurreição citada é também de caracter geral, isto é a ressurreição física. Também é natural supor que o restabelecimento é geral, como foi a reconciliação.

    Parece que Robertson imagina que as interpretação pré-milenistas são uma forçação de barra, coisas estranhas ao texto. Discordo totalmente. Pelo menos quanto a este texto, elas me parecem a coisa mais natural.

    Vou citar mais um exemplo. No verso seguinte (16), Paulo opõe prímícias à totalidade da massa. A idéia de primícias está ligada a "primeiros frutos da terra". Supõe-se que as prímicias são: 1. em volume muito menor que a totalidade; 2. anteriores (por serem os primeiros frutos). Aplicada a Israel (que é claramente o caso aqui, é continuação do verso anterior) essa figura também traz a idéia de uma grande colheita, da qual as primícias são só uma pequena parte.

    Se Paulo não cria da forma pré-milenista, ele me enganou direitinho.

    Fique na paz.

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  6. Renato,

    Considerei a questão retórica de Paulo proposta por você e não tenho problemas em aceitá-la. Como amilenista, não vejo dificuldade em aceitar o amor de Deus pelos judeus segundo as promessas feitas aos patriarcas no AT. Que Deus continua salvando judeus desde sempre, isso é fato. Só creio que isso se dá nas mesmas condições de um gentio, e que, sabendo que a Igreja é algo bem mais amplo do que o Israel do At, englobando tanto judeus como gentios, não vejo coerência nem respaldo das Escrituras com relação a uma suposta salvação em massa de judeus no futuro. Esse é o ponto!

    Sobre a análise textual que Robertson faz, o autor fica devendo algo sobre substantivos e verbos (embora eu creia que ele deve ter feito isso em outro lugar), mas em geral, a questão do "até" me parece satisfatória, ainda que não exaustiva e/ou conclusiva.

    Sobre Rm 11:15, não creio ser possível interpretar "vida dentre os mortos" no contexto de ressurreição física, se é o que você quis dizer.
    De qualquer modo, se a rejeição dos judeus proporcionou "salvação" aos gentios, não teria porque Paulo pensar em um conceito diferente para dizer que "alguns" judeus seriam restabelecidos pelo ciúme provocado pelos gentios. Restabelecimento aqui, ao meu ver, é superior a rejeição no sentido de que há plenitude, ou seja, chega-se a totalidade de judeus e gentios conversos. Nesse sentido não é individual.
    O fato de ser uma construção crescente é que Deus ainda se importa, para falar de forma bem simples, com aqueles dos quais o Messias saiu, e por essas e outras Paulo coloca a posição dos judeus como primícias e em um certo grau de impotância que os gentios não tém na história da salvação.

    Sobre a sua analogia do termo "vida dentre os mortos" com "ressurreição física", sinceramente, discordo totalmente de você. Nem no contexto imediato anterior, nem no posterior, Paulo faz qualquer introdução que pudesse levar a esse entendimento. Se fosse o caso, Paulo teria escrito algo parecido com o que disse em 1Cor 15, ou seja, de forma bem explícita você não acha?
    Ou seja, o tema "ressurreição dos mortos na segunda vinda de Cristo" não é o caso de Rm 11.

    Ps: Renato, não consigo responder todas as suas colocações com a rapidez com que eu gostaria. Então, vou respondendo você na medida do possível ok?
    Atualmente tenho outras obrigações além de manter esse blog (preparar pregações, trabalhos na igreja, tarefas domiciliares, etc), por isso, peço sua compreensão.

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  7. Mac

    Não tenha pressa, meu amigo, uma conversa em que a resposta é mais demorada é um conversa ponderada.

    Você comentou sobre a "vida dentre os mortos". É uma conclusão que parece um tanto solta, não parece bem claro, à primeira vista, donde o apóstolo tirou isso. A primeira impressão que a expressão traz é de ser uma referencia à ressurreição que ocorrerá na volta do Messias (pelos motivos que já expliquei). Isso merece um pouco de reflexão.

    Muitas conclusões dadas por Yeshua e seus apóstolos são um tanto misteriosas a primeira vista, por se basearem em um conhecimento comum entre eles e sua público. Citações de textos bíblicos, ou mesmo de comentaristas judaicos, muitas vezes são consideradas dispensáveis. Como o texto não liga-se de forma bem clara ao que vem antes ou depois, posso supor que é esse o caso aqui. Na interpretação "prima facie" o texto liga a ressurreição dos mortos ao arrependimento dos judeus. Os textos ligando a ressurreição à vinda do Messias são tantos, que nem citarei. Há textos ligando o arrependimento dos judeus à vinda do Messias (a segunda, como sabemos)? Esse é um tema importante dos profetas e cito aqui o mais conhecido, em Zacarias 12:

    "E acontecerá naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém; mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito. Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megido. E a terra pranteará, cada família à parte: a família da casa de Davi à parte, e suas mulheres à parte; e a família da casa de Natã à parte, e suas mulheres à parte; a família da casa de Levi à parte, e suas mulheres à parte; a família de Simei à parte, e suas mulheres à parte. Todas as mais famílias remanescentes, cada família à parte, e suas mulheres à parte."

    O que Paulo parece estar dizendo é que esse eventos (arrependimento dos hebreus, vinda de Cristo e ressurreição dos mortos) não só são concomitantes, mas que a fé deles no Messias vem antes de tudo isso acontecer. O assunto é complexo, envolve um grande número de textos, mas vou ver se trago alguma coisa sobre isso.

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  8. Realmente o assunto é bem vasto e complexo.
    Não tenho muito conhecimento nessa área, mas podemos sim trocar idéias a respeito :)
    Quando quiser é só postar algo. Ou, se preferir, podemos conversar por e-mail... tanto faz.

    Abraço!

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  9. Amigo,descobri o site a pouco tempo,e estou estudando o amilenismo gostaria de saber como o amilenismo entende a profecia de zacarias do cap.14,como que um texto como este pode ser aplicado a igreja?

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  10. Descobri este site recentemente e estou estudando a teologia amilenista gostaria de saber como a mesma interpreta Zacarias 14,como este texto pode ser aplicado à igreja?

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