IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de David J. Engelsma. Pastor reformado e professor de Antigo Testamento no Protestant Reformed Seminary.
Um cumprimento espiritual de Isaías 65:17-25. (Conclusão)
O sonho pós-milenista de um mundo “cristianizado” na história repousa finalmente na profecia do A.T. de uma vinda gloriosa do reino de Cristo (ver editorial, “Those Glorious Prospects in Old Testament Prophecy”, 1 de agosto de 1996 Standard Bearer).
A profecia do A.T. que, mais do que qualquer outra, supostamente prova o pós-milenismo e refuta o amilenismo é Isaías 65:17-25:
“Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra... porque eis que crio para Jerusalém uma alegria, e para o seu povo gozo... Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não cumpra os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; porém o pecador de cem anos será amaldiçoado... O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi... Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR.”
Nos editoriais de 15 de setembro e 1 de outubro de 1996, edições da SB, eu demonstrei que não existe e nem pode haver uma interpretação literal de Isaías 65. A profecia deve ser interpretada espiritualmente e tem, portanto, uma realização espiritual.
Qual é a interpretação espiritual e o cumprimento de Isaías 65:17-25?
Compreensivelmente, Isaías 65:17-25 profetiza a totalidade da obra redentora de Deus em Jesus Cristo. Como de costume entre os profetas, Isaías vê esta obra como um grande evento, da mesma forma como se vê as montanhas distantes em grande escala. Estão incluídos igualmente a perfeição da salvação (e do reino Messiânico) no Dia de Cristo e o início da salvação (e do reino Messiânico) em toda a era presente entre o Pentecostes e a última vinda de Cristo. Tudo na salvação, é claro, tem sua base na morte e ressurreição de Jesus pelos eleitos de Deus.
Que este é, de fato, o conteúdo da profecia de Isaías é provado pelo comentário do N.T. sobre essa passagem. Em 2ª Pedro 3:13, o Apóstolo aplica a profecia de Isaías 65:17 à obra de Deus em Jesus Cristo no dia da Sua segunda vinda. No contexto do ensinamento que a presente criação será destruída pelo fogo, Pedro diz:
“Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.”O Apóstolo Paulo, porém, nos ensina que há também um cumprimento da profecia em toda a presente era. Em 2ª Coríntios 5:17, ele nos diz que:
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”A explicação oficial da profecia do N.T. é que a obra salvadora de Deus em Cristo será uma renovação da criação para o benefício da Igreja (os “eleitos” de Isaías 65:22), na segunda vinda de Jesus, e essa renovação tem início agora na regeneração de cada eleito em particular.
Não há nada no N.T. que reflita sobre alguma profecia ou revele alguma dica a respeito de um reino terrestre na história consistindo em benefícios materiais, domínio físico e um mundo de paz.
Especificamente, Isaías 65:17-25 é a profecia do novo mundo com novos céus e terra que Jesus Cristo vai criar na Sua segunda vinda. Este é o claro ensino de Isaías 65:17:
“Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra;”Éssa é a explicação do Novo Testamento, tanto em 2ª Pedro 3:13, já citado, quanto em Apocalipse 21:1:
“E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.”Quando o Senhor Jesus vier novamente com seu corpo glorificado no final da história, Ele vai destruir a atual forma da criação, a fim de recriar os céus e a terra – que Deus havia feito no começo – em sua nova, definitiva e gloriosa forma. A criação vai participar na gloriosa liberdade dos filhos de Deus (Romanos 8:19-22).
Este novo mundo será a morada da nova raça humana em Cristo, da Igreja eleita de todas as nações, dos crentes e seus filhos (Isaías 65:22,23). A nova criação vai ser como uma casa para os santos porque Deus vai morar com eles na pessoa de Jesus Cristo na comunhão da aliança eterna. O novo mundo que virá será o “meu (de Deus) santo monte” (Isaías 65:25).
Não haverá problemas nem tristeza, absolutamente, nem mesmo uma lágrima sequer (Isaías 65:19). Apocalipse 21:4, a luz do Novo Testamento sobre a profecia, informa-nos que a razão é que não haverá morte no novo mundo. Cristo, o poderoso rei Messiânico, terá destruído o último inimigo por nós (2ª Coríntios 15:26).
Como é típico da profecia do Antigo Testamento, o profeta anunciou a vinda deste mundo imortal em linguagem figurada: longa vida terrena (v. 20). Nenhuma criança morrerá na infância; morrer aos cem anos seria como perecer jovem; todos os habitantes vão ter completado seus dias, etc. A realidade será sem morte! Vida eterna em corpo e alma ressuscitados, porque a vida do povo de Deus no novo mundo será a vida eterna do Cristo ressuscitado.
O Novo Testamento em vários lugares dá sua explicação sobre esta e outras profecias do Antigo Testamento que fazem o uso de figuras, como por exemplo, João 5:25,26. Apocalipse 21:4, a interpretação oficial do Novo Testamento de Isaías 65:20, coloca acima de qualquer suspeita que isto é o que Isaías significa:
“E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte...”Os pecadores serão excluídos do novo mundo, eles perecerão eternamente sob a maldição de Deus no inferno (Isaías 65:20b; conferir Apocalipse 21:8).
A retirada da maldição do mundo amado de Deus com base na morte redentora de Cristo e pelo poder do Seu Espírito também afetará os animais. Haverá animais na nova criação, assim como na criação original de Gênesis 1 e 2. A redenção de Cristo será experimentada por eles para que possam viver em paz uns com os outros da mesma forma como acontecia no início da criação, antes da transgressão do primeiro e infiel “rei” (Gn 1:29-31). Não haverá morte no mundo animal e vegetal.
A completa ausência da morte no novo mundo será devido a perfeita purificação do pecado da criação. Pedro nos fala sobre isso:
“...em que habita a justiça.” (2ª Pedro 3:13)Somente a justiça habitará lá. Não se achará nenhuma injustiça na nova criação. Todos os ímpios terão perecido sob o julgamento de Deus (v. 7).
Não é esta uma salvação maravilhosa?
Esta não seria uma grande esperança para os crentes e seus descendentes, perfeitamente capaz de sustentá-los e todas as suas presentes tribulações?
Não é este o senhorio e reino eterno de Jesus, o Messias Glorioso?
Sua vitória não será manifestada como incomparável? Todos os inimigos destruídos, inclusive a morte. Todo o povo de Deus perfeitamente liberto do sofrimento e da morte para a bem-aventurança da comunhão com o Deus trino ante a Sua face, Jesus, o Cristo. A criação será transformada em um novo mundo, cuja bondade e esplendor causarão o total esquecimento da antiga forma do mundo para sempre.
Todo esse cumprimento de Isaías 65:17-25 será espiritual. A profecia mantém diante de nós, assim como mantinha antes o verdadeiro israelita nos dias de Isaías, uma salvação espiritual; bênçãos espirituais; vida espiritual; e, de fato, um mundo espiritual. Pois o último Adão é espiritual, e nós esperamos viver uma vida espiritual em nossos corpos espirituais em uma criação espiritual (1ª Coríntios 15:42-54).
O segundo cumprimento específico de Isaías 65:17-25 é a vida espiritual em Cristo pela fé de cada filho regenerado de Deus no período entre o Pentecostes e a segunda vinda. Esta é a explicação oficial da profecia de Isaías pelo Apóstolo em 2ª Coríntios 5:17:
“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é.”Ele – o cristão – é uma nova criatura “já”, o que está de acordo com o cumprimento da profecia de Isaías 65:17.
O novo mundo que está chegando com o Dia de Cristo já invade o mundo atual por meio do evangelho no poder do Espírito Santo. Ele penetra no coração de cada filho eleito de Deus. Isso faz dele uma nova criatura. Há em sua vida um começo da libertação do pecado, da tristeza e da morte; há um começo da alegria, da comunhão com Deus, da vida eterna, de Isaías 65:17-25. Tudo isso mostra-se em sua confissão de Cristo e comportamento. Isso traz sobre o cristão a perseguição daqueles que odeiam o Messias e se opõem ao Seu reino, os inimigos do novo mundo.
Este poderoso começo da nova criação na vida do cristão aqui e agora, não é, contudo, levar gradualmente o mundo atual ao ponto culminante do reino de Cristo. Os santos regenerados não realizarão a “era de outro” pós-milenista”.
Visto que nosso corpo físico atual se tornará, no futuro, o corpo espiritual pelo milagre da ressurreição no Dia de Cristo, assim também a presente e lamentável criação se tornará, no futuro, uma criação gloriosa e espiritual pelo milagre da recriação no Dia de Cristo.
“Eis”, diz o Senhor pelo profeta, “que eu crio novos céus e nova terra.”O homem não pode realizar isto, nem mesmo aquele que for redimido.
Nem mesmo o pós-milenista.
Chegamos ao final da série de estudos sobre o texto de Isaías 65:17-25 pelo ponto de vista amilenista, por David David J. Engelsma.
Traduzido por MAC.
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