IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.
A ordem de eventos como demonstrada em Apocalipse 20.
O debate sobre o milênio definitivamente pertence a esta sessão sobre os sinais, como ficará claro. Deveria preceder a discussão sobre a segunda vinda, da mesma maneira que isso acontece na própria Bíblia (Ap 20).
Com a Bíblia à sua frente, aberta em Apocalipse 20, e com os olhos para ler, isso é realmente muito simples. Primeiro você lê sobre os mil anos. A expressão aparece no versículo 2, novamente nos versículos 3, 4, 5, 6, e de fato novamente no versículo 7. Portanto, é errado afirmar: “eu não acredito nos mil anos ou no milênio” (o que significa a mesma coisa). O ensino está aqui mesmo na Bíblia, e nós devemos aceitá-lo (Porém, isto não significa que nós devamos prontamente acreditar em qualquer interpretação sobre o milênio).
Mas note a ordem dos eventos: Depois dos mil anos vem o pouco tempo de Satanás, porque nós lemos que “quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão” (v. 7). Este “será solto” será somente “por pouco tempo” (v. 3). Portanto, nós falamos sobre o pouco tempo de Satanás. Novamente, o pouco tempo de Satanás é seguido pela gloriosa segunda vinda de Cristo, quando ele estará assentado em “um grande trono branco”, e os mortos, os grandes e os pequenos, postos de pé. Nós lemos:
“Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e pequenos, postos em pé diante do trono...” (vs. 11, 12).Como em todos os outros lugares da Bíblia, também aqui, em Apocalipse 20, o retorno glorioso de Cristo é seguido pelo juízo final:
“e foram julgados, um por um, segundo as suas obras” (v. 13).Assim, esta é a ordem, simples e evidente: O MILÊNIO, O POUCO TEMPO DE SATANÁS, A SEGUNDA VINDA E A RESSURREIÇÃO DE TODOS OS MORTOS, E O JUÍZO FINAL. Não há como inverter esta ordem. Aqueles que ensinam que a segunda vinda de Cristo será seguida por um reinado milenar são nossos irmãos em Cristo, seguramente. Eles têm boa intenção e, na batalha contra o liberalismo, eles, em muitos aspectos, estão conosco. Mas quando eles se denominam pré-milenistas, querendo dizer com esta expressão que Jesus virá ANTES (é isto que significa “pré”) do milênio, eles simplesmente estão mudando a ordem das Escrituras. Nós compreendemos a Bíblia da forma como ela é. Nós não temos medo da mensagem em Apocalipse 20. Nós a amamos! Mas nós a compreendemos exatamente pelo que ela quer dizer.
O símbolo descrito nos versículos 1-3.
Não comece imediatamente a espiritualizar ou interpretar. Primeiro, perceba a forma literal da visão, exatamente como João na verdade a viu. Bem, João vê um anjo que desce do céu. Este anjo tem uma chave com a qual ele vai fechar o abismo. O abismo é uma cova profunda, quer dizer, um poço com uma tampa em cima. Esta tampa pode ser destrancada, fechada e, até mesmo, fechada hermeticamente. Na mão do anjo está uma corrente com as duas pontas pendentes. Evidentemente, ele vai acorrentar alguém para o prender naquele abismo. O que acontece? João, de repente, vê o dragão, forte, astucioso, horrível. É “a antiga serpente”, esperta e enganadora. João nota que o poderoso anjo supera o dragão. Ele o prende com segurança e firmeza. De fato, ele prende a serpente com tanta firmeza, que ela permanecerá presa por mil anos. Tendo-a prendido, o anjo lança esta serpente na cova e fecha a tampa por cima dela. De fato, ele chega até mesmo a selar a tampa.
O significado deste aprisionamento do dragão.
O dragão é o diabo. Este confinamento preocupa as nações, e não somente uma nação em particular. Passagens como Mateus 12:29; Lucas 10:17,18 e João 12:20-32 mostram claramente qual é o seu significado. Mateus 12:29 nos mostra (veja o contexto) que foi Jesus quem, com relação à sua primeira vinda (a sua vitória sobre Satanás na tentação, a sua morte na cruz, a sua ressurreição e coroação) amarrou o homem valente, ou seja, Belzebu, o demônio. Em que sentido? Lucas 10:17,18 e João 12:20-32 indicam claramente que isso foi feito no sentido em que Jesus restringiu o poder de Satanás de forma que ele não pôde impedir a expansão do Evangelho para as nações do mundo. Foi quando os setenta missionários voltaram que Jesus disse:
“Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago.”E foi quando os gregos desejaram ver Jesus que nosso Senhor exclamou:
“Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.”Note: “todos”, não só os judeus, mas também os gregos.
Durante a antiga dispensação, a salvação foi quase restrita aos judeus. Agora tudo ficou diferente. A igreja tornou-se internacional. O Evangelho santificado da salvação se expande para cada vez mais distante e de modo mais amplo, e os eleitos de Deus são reunidos por todo o mundo. Esta era do Evangelho é o primeiro dos dois sinais preliminares. Veja o capítulo 24.
A milenar prisão de Satanás significa, então, que durante o presente milênio, ou a era do Evangelho, que começa com a primeira vinda de Cristo e (até onde concerne a este mundo) estende-se quase até a sua segunda vinda, o diabo está amarrado no sentido de que ele está impossibilitado de impedir a expansão da Igreja entre as nações do mundo por meio de um ativo programa missionário, e ele não pode manipular as nações – o mundo em geral – para causar a destruição da Igreja como uma poderosa instituição missionária. Eu rejeito completamente a idéia de que todo o mundo será convertido ou que, por leis melhores, programa de distribuição de riquezas, etc., o céu descerá finalmente à terra. Nada disso! Satanás sempre fará muito dano. Dentro da esfera na qual ele mostra sua influência, ele age furiosamente, da mesma maneira que um cachorro, embora amarrado com firmeza, pode fazer muito dano dentro do círculo de seu aprisionamento. Fora daquele círculo, porém, o cachorro não pode fazer qualquer dano. Assim, Apocalipse 20 também ensina que, embora o diabo faça muito dano, contudo, com respeito a uma coisa, ele está firmemente amarrado, ou seja, no sentido de que, durante esta era do Evangelho, ele não pode impedir os eleitos de todo o mundo de rejeitarem sua mentira e aceitarem a santificada verdade revelada por Deus no seu mundo. Haverá um “tempo curto” em que este maravilhoso programa de missões mundiais será frustrado, a saber, o tempo do anticristo, que já foi debatido. E que, por sua vez, será seguido pela segunda vinda de Cristo.
Mac
ResponderExcluirEspantosa essa interpretação de William Hendriksen. Em primeiro lugar, porque ele supõe que aquilo que foi narrado até o capítulo 19 ocorreu antes de João, mas nos conhecemos a história, e sabemos que de forma alguma é assim. Depois, ele ignora que o capítulo 19 narra a segunda vinda de Cristo, com poder e glória, exatamente como as outras escrituras afirmam quando ele virá destruir seus inimigos.
Ele também ignora que o verso 4 do capítulo vinte fala da primeira ressurreição ("e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos"). Caso alguém ainda ficasse com dúvidas se essa é uma descrição de uma ressurreição, o verso 5 confirma isso, e afirma que é uma ressurreição restrita, isto é os infiéis não participam dela. O verso 6 torna a reforçar o conceito.
Mais espantoso ainda é que ele afirme que são os prémilenistas que invertem a ordem cronológica. Pelo contrário, o premilenismo respeita cuidadosamente a ordem das coisas. Deve exigir uma ginástica mental muito grande colocar os eventos até o capítulo 19 como anteriores à primeira vinda de Cristo. Absolutamente nada do que é narrado corresponde a qualquer evento discernível na história
Entre as afirmações do autor, está a de que a prisão de Satanás seria o fato de que ele não poderia impedir o evangelismo. Mas quem diz isso é o autor, o texto diz algo bem diferente. O texto afirma que o Diabo não mais poderia enganar as nações, o que é uma afirmação muitíssimo mais ampla. O texto não afirma que não haveria mais engano, nem que não haveria mais mentira, mas afirma que um ser específico, o Diabo, não poderia mais enganar as nações por mil anos. Se alguém restringir a amplitude dessa afimação, estrá trazendo para o texto uma idéia pré-concebida. É fato auto-evidente que o Diabo está enganando as nações. Sua ação tem sido restringida apenas de forma local e temporária, quando a Igreja ora e age, mas a descrição da Bíblia, aplicada ao presente tempo, é que o mundo jaz no malígno, que ele é o príncipe deste mundo, e que o Diabo cega o entendimento dos incrédulos (portanto, ilude-os). Minha experiência pessoal, ao debater com as pessoas, é de que há um profundo engano na mente da maioria delas, engano tão absurdo que só pode ser explicado por fatores espirituais. A experiência dos missionários tem sido sempre a de que, apenas depois de confrontada com a luz, e após muita batalha, as trevas recuam. Isso em nada parece com a descrição de um Diabo acorrentado.
ResponderExcluirRenato,
ResponderExcluirDesculpe-me, mas muito do que você falou não corresponde ao que Hendriksen disse no texto.
Primeiramente, em nenhum momento o autor disse que o que foi narrado até o cap. 19 ocorreu antes de João, como se nada nesse capítulo tivesse alguma referência ao fim dos tempos. De qual parte do texto você conseguiu inferir isso?
Sobre a ressurreição, o autor só não crê que o termo "primeira ressurreição" esteja se referindo a ressurreição física como o fazem os pré-milenistas. Realmente os infiéis não participam da primeira ressurreição, pois não participam de uma vida com Cristo.
Aqui, duas ressurreições não podem ser separadas, como que a primeira se referindo a crentes e a segunda se rederindo a descrentes. Como diz Robert Strimple, "a referência à primeira ressurreição implica uma segunda – uma segunda ressurreição para as mesmas pessoas! De forma semelhante, “a segunda morte” (v. 6) implica a primeira morte – mas também para as mesmas pessoas, os descrentes."
Ora, para o pré-milenismo qual seria a primeira-morte?
Outrossim, o autor não diz que o poder de Satanás para enganar as nações seria 100% sumprimido. Não só Hendriksen como todo amilenista crê que esse "acorrentamento de Satanás para não mais enganar as nações" significa que o poder dele para tal é apenas inferior ao que tinha antes da vitória de Cristo na Cruz, mas não quer dizer que está totalmente incapaz.
No capítulo 12 já podemos ver João falando de uma certa restrição de Satanás depois da ascensão do Senhor aos céus. Ou seja, João está retomando aquilo que já havia abordado anteriormente, mas agora ascrescentando outras informações.
O que muitos não entendem (e não enxergam nos textos) é que a segunda vinda de Cristo é para a consumação total de todas as coisas, não para a inauguração de mais um período antes do fim.
Se eu aderisse a sua linha de pensamento (você crê que no milênio pré-milenista Satanás estará impedido de atuar certo?) então deveria entender que quando Jesus diz que "agora será expulso o príncipe deste mundo" (Jo 12:31) Satanás deveria estar inativo agora assim como ele estará no "milênio". Sendo assim, não entendo essa diferenciação entre o "expulso" (vitória de Cristo sobre Satanás na era da igreja) e o "acorrentamento" (inatividade de Satanás no milênio) que o pré-milenismo faz.
Mac
ResponderExcluirDepois das minhas últimas postagens, li alguns dos textos postados aqui, e entendi melhor o que o autor quer dizer. Pelo que entendi, ele considera que o capítulo 20 faz um resumo espiritual da história desde a primeira vinda de Cristo até a guerra final em que Cristo vence definitivamente seus inimigos.
Percebo que há algumas exigências para se crer no a-milenismo:
1. O amilenista deve necessariamente crer que há quebra de continuidade nesse ponto. O principal problema que vejo aqui é que essa quebra não parece natural. Há trechos do Apocalipse onde todo leitor supõe que há, ou considera a possibilidade de haver quebra de continuidade. Mas, no capítulo 20, em particular, isso não acontece. A suposição de quebra de continuidade aqui tem de vir de uma idéia anterior do leitor, não do texto.
2. O amilenista deve crer que a expulsão do Diabo das regiões celestes é equivalente a estar amarrado. Isso não é uma suposição natural, pelo menos não foi para mim. A sensação transmitida pelas duas figuras é bastante diferente.
3. Agora, a questão mais importante: O amilenista deve crer que a palavra ressureição, nesse texto, tem um significado peculiar, diferente de qualquer outro significado que a palavra teve em qualquer outro texto da Bíblia. Em toda a bíblia, ressureição é dito de voltar a vida neste corpo ou de voltar à vida num corpo glorificado. É referido também "passar da morte para a vida" como sinônimo da vida espiritual que se recebe em Cristo (conversão). Mas, pelo que percebi, o amilenismo supõe aqui uma outra forma de ressurreição, nunca referida em lugar nenhum. Também não parece claro o que seria essa ressurreição, nem porque poderia chamar-se assim, visto que trata-se (na suposição amilienista) de pessoas que já ganharam vida espiritual (são crentes) e não ressucitaram no corpo glorificado. Essa parece-me uma dificuldade particularmente grave. Como os leitores originais iriam atinar com o significado da palavra, se ela não significa nada do que eles ouviram antes ser referido como ressurreição? Não há nada no texto que indique isso. É uma suposição totalmente trazida de fora, e é totalmente crucial para que qualquer forma de amilenismo possa funcionar. Neste ponto, eu diria que as objeções ao pré-milenismo (e a maioria da objeções ao a-milenismo) são circunstanciais, isto é, podem ser sanadas por algum enfoque diferente, sem abandonar as suposições básicas. Mas essa dificuldade parece-me insanável.
Renato,
ResponderExcluirSobre o ponto 1 (quebra entre o cap. 19 e 20), não vou me ater a ele pois já o fiz no meu último comentário relacionado ao post "O milênio: Qual o significado do reinado dos santos" https://www.blogger.com/comment.g?blogID=8978392432735953873&postID=2307159717207942570&isPopup=true
Sobre o "amarrar" (ou manietar) de Ap 20:2, existe outras duas passagens no NT que empregam o mesmo verbo (gr. deô) e o contexto de ambas se referindo a pessoa de Satanás. Vejamos:
Mt 12:29: Ou, como pode alguém entrar em casa do homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o valente, saqueando então a sua casa?
Mc 3:27: Ninguém pode roubar os bens do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro não maniatar o valente; e então roubará a sua casa.
Estas passagens nos mostram o poder de Cristo sobre Satanás por conseqüência da inauguração da sua obra salvífica. Além disso, Jesus confere poder aos seus discípulos para que também expulsassem demônios como uma das evidências de que o reino de Deus tinha sido inaugurado. Ou seja, Satanás não mais tinha todo o poder de cegar e enganar as nações como fazia antes da primeira vinda de Cristo (Ap 20:3).
Segundo Hoekema, "Outra passagem que descreve a restrição das atividades de Satanás, em relação à abrangência missionária de Cristo, é João 12.31,32: 'Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo'. É interessante observar que o verbo grego traduzido por 'expulsar' (ekballo) é derivado da mesma raiz que o termo utilizado em Apocalipse 20.3: 'lançou-o (ballo) [Satanás] no abismo'. Ainda mais importante, porém, é a observação de que a 'expulsão' de Satanás está associada aqui com o fato de que não somente judeus, mas também homens de todas as nacionalidades serão atraídos a Cristo quando ele estiver na cruz."
Então, gramaticalmente, a luz do que mostrei, o "amarrar" de Ap 20:2 está fortemente embasado, sendo que não há outra passagem neotestamentária que possa corroborar com a idéia pré-milenista de que Satanás será "preso" em um milênio literal depois da segunda vinda de Cristo.
Outrossim, concorda comigo que Ap 12 refere-se ao nascimento de Cristo (abrangendo toda a era da Igreja) e que o verso 9 diz respeito a derrota de Satanás por conseqüência da obra expiatória do Senhor? Independente do que você responder (segundo outro comentário seu, parece que você concorda em geral com esta interpretação), eu interpreto dessa maneira e, ainda, penso que há uma relação do verso 9 com Ap 20:3, já que no primeiro diz que "foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada Diabo, e Satanás que engana todo mundo", e no segundo diz que a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás (Ap 20:2) foi lançado no abismo "para que não mais engane as nações (v. 3). Até o termo "enganar" é o mesmo (gr. planaô).
Há ainda outras similaridades entre Ap 12 e 20 como os mártires que deram suas vidas pelo testemunho de Jesus (12:11 e 20:4) e o céu (12:12 e 20:4a).
Então, é uma suposição natural na medida que você compara Ap 20 com outras passagens que são mais claras, caso contrário a passagem em questão fica a mercê de pura especulação e destoa do que o resto do NT diz sobre o assunto.
Renato,
ResponderExcluirNão entendi quando você disse "visto que trata-se (na suposição amilenista) de pessoas que já ganharam vida espiritual (são crentes) e não ressucitaram no corpo glorificado.".
Ora, todo aquele que morre em Cristo "vive" com Ele em uma condição espiritual até que aconteça a segunda vinda. Não há dificuldade nisso!
Você disse que em nenhum outro lugar do NT o termo "ressurreição" é entendido ou aplicado a uma ressurreição espiritual e que os cristãos que lessem Ap 20 jamais o entenderiam desse jeito. Entretanto, se analisarmos as demais passagens neotestamentárias que falam sobre a ressurreição, não só chegaremos a conclusão de que o termo é aplicado sim a vida espiritual no estado intermediário como também não acharemos quaisquer evidências de ressurreições físicas separadas (dos justos em relação aos ímpios) por um longo período de tempo (mil anos).
Primeiro, as Escrituras ensinam apenas uma ressurreição, a saber, de crentes e descrentes levantando da morte no mesmo evento. Veja:
Daniel 12:2: "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno."
Mateus 25:31-33: "31 - E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
32 - E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;
33 - E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda."
A ressurreição é necessária para o juízo/julgamento de Deus, e este é único (não dividido em dois ou mais eventos. Logo, não pode haver várias ressurreições porque só há um único evento de julgamento.
João 5:28,29: "28 - Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.
29 - E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação."
João 6:39: "E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia."
Atos 17:31: " Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos."
Atos 24:15: " Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos."
Ainda, em 1Ts 4:14-17 e 1Co 15:21-23, que Paulo tem em mente apenas os crentes fica claro pelo contexto. Alguns textos não mencionam os ímpios porque enfatizam a glorificação dos corpos dos justos, coisa esta que não acontecerá com os ímpios.
2ª Coríntios 5:10: " Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal."
Diante destas evidências bíblicas, pergunto: onde nas passagens acima podemos encontrar a ressurreição dos justos separada da dos ímpios por um longo período de tempo?
A “matemática” é esta: para os cristãos há duas ressurreições (espiritual e física) e uma morte (física), para os ímpios há uma ressurreição (física) e duas mortes (física e espiritual).
continua...
...continuação.
ResponderExcluirEntão, sim, existe no NT o uso do termo "viver" (gr. zao) em outra passagem além de Ap 20:4,5 para se referir ao estado intermediário.
Lucas 20:38: " Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos."
Sobre essa passagem, Calvino diz o seguinte: " Este modo de expressão se encontra empregado em vários sentidos pelas Escrituras; mas aqui ela significa que os crentes, após terem morrido neste mundo, levam uma vida celestial com Deus... Deus é fiel para preservá-los vivos em sua presença, o que ultrapassa a compreensão dos homens."
Ainda, ao lermos Mt 19:28 Jesus dizendo "Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.", não só percebemos que tal acontecimento se daria no céu, como também há enorme semelhança com Ap 20:4, sendo que em ambas as passagens podemos encontrar "tronos" e "poder para julgar". Não podemos ignorar a forte evidência de que é do céu que estamos falando e que, se é assim, pode-se a partir daqui presumir sem dificuldades que a "primeira ressurreição" não é e não pode ser física.
A "primeira ressurreição" (v. 5) obviamente está ligada ao "viver e reinar com Cristo" (v. 4b), e este viver e reinar com Cristo refere-se aos que se assentaram no trono e as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Cristo, e, repito, tal cena vista por João se dá no céu.
Então, diante do que já mostrei, os leitores de João tinham conhecimento suficiente para entender o que ele estava dizendo com "viveram" e "primeira ressurreição". E, como apresentei aqui, há evidências de sobra para isso, e o amilenismo se baseia nelas, sendo que a "dificuldade particularmente grave" já não é mais grave. Com uma leitura cuidadosa das Escrituras, tendo como pressuposição que a Bíblia interpreta a própria Bíblica, tal dificuldade é sanada. O ônus da prova está sobre o pré-milenismo.
continua...
...continuação.
ResponderExcluirNas palavras de Hendriksen:
"De acordo com 1ªCor 15:50-58 (especialmente vs. 54-56), a morte é aniquilada ou 'tragada na vitória' (v. 54) na segunda vinda de Cristo. Assim, o reinado de Cristo descrito no v. 25, durante o qual ele progressivamente suprime todos os regimes, autoridades e poderes, está ocorrendo atualmente. Paulo está descrevendo o que Cristo está fazendo agora, como Ele está entronizado à direita do Pai. Quando Ele retornar no final da presente era, Ele irá destruir a morte, o último inimigo restante. Isso, diz Paulo, é 'o fim'.
Outro texto paulino que afirma que Cristo está reinando atualmente (tendo em mente qual é a qualidade deste reino) é Ef 1:20-23 (nota especial. Paulo usa a mesma terminologia encontrada em 1ªCor 15:24 – 'domínio, autoridade, poder').
Mas o pré-milenismo não acredita que Cristo vai aniquilar a morte em sua segunda vinda. Ele insiste que a morte continuará no milênio (cf. Ap 20:7-10). Mas como isso pode ser verdade quando Paulo coloca a destruição da morte na segunda vinda de Cristo? A destruição da morte no segundo advento/vinda de Cristo não vai deixar espaço para uma era milenar em que a morte persiste em seu poder.
O ponto é este: o segundo advento/vinda de Cristo marca o fim da morte e da corrupção, o fim do pecado e da rebelião, e a inauguração do consumado e perfeito estado eterno.
Por fim, passagens obscuras precisam ser interpretadas a luz de passagens mais claras. Veja como o pré-milenismo está numa corda bamba hermenêutica, pois se tirarmos Ap 20 da discussão pelo menos duas teorias pré-milenistas caem por terra. São elas: O tal milênio futuro e terreno após a segunda vinda de Cristo e as duas (ou até 4) ressurreições.
Há um estudo bastante interessante que trata desse assunto, contendo esclarecimentos importantíssimos:
Excluirhttp://www.monergismo.com/textos/amilenismo/reino_milenial.htm