sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O milênio: Qual é o significado de “a prisão de satanás”?

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.

A ordem de eventos como demonstrada em Apocalipse 20.

O debate sobre o milênio definitivamente pertence a esta sessão sobre os sinais, como ficará claro. Deveria preceder a discussão sobre a segunda vinda, da mesma maneira que isso acontece na própria Bíblia (Ap 20).
Com a Bíblia à sua frente, aberta em Apocalipse 20, e com os olhos para ler, isso é realmente muito simples. Primeiro você lê sobre os mil anos. A expressão aparece no versículo 2, novamente nos versículos 3, 4, 5, 6, e de fato novamente no versículo 7. Portanto, é errado afirmar: “eu não acredito nos mil anos ou no milênio” (o que significa a mesma coisa). O ensino está aqui mesmo na Bíblia, e nós devemos aceitá-lo (Porém, isto não significa que nós devamos prontamente acreditar em qualquer interpretação sobre o milênio).
Mas note a ordem dos eventos: Depois dos mil anos vem o pouco tempo de Satanás, porque nós lemos que “quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão” (v. 7). Este “será solto” será somente “por pouco tempo” (v. 3). Portanto, nós falamos sobre o pouco tempo de Satanás. Novamente, o pouco tempo de Satanás é seguido pela gloriosa segunda vinda de Cristo, quando ele estará assentado em “um grande trono branco”, e os mortos, os grandes e os pequenos, postos de pé. Nós lemos:
“Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e pequenos, postos em pé diante do trono...” (vs. 11, 12).
Como em todos os outros lugares da Bíblia, também aqui, em Apocalipse 20, o retorno glorioso de Cristo é seguido pelo juízo final:
“e foram julgados, um por um, segundo as suas obras” (v. 13).
Assim, esta é a ordem, simples e evidente: O MILÊNIO, O POUCO TEMPO DE SATANÁS, A SEGUNDA VINDA E A RESSURREIÇÃO DE TODOS OS MORTOS, E O JUÍZO FINAL. Não há como inverter esta ordem. Aqueles que ensinam que a segunda vinda de Cristo será seguida por um reinado milenar são nossos irmãos em Cristo, seguramente. Eles têm boa intenção e, na batalha contra o liberalismo, eles, em muitos aspectos, estão conosco. Mas quando eles se denominam pré-milenistas, querendo dizer com esta expressão que Jesus virá ANTES (é isto que significa “pré”) do milênio, eles simplesmente estão mudando a ordem das Escrituras. Nós compreendemos a Bíblia da forma como ela é. Nós não temos medo da mensagem em Apocalipse 20. Nós a amamos! Mas nós a compreendemos exatamente pelo que ela quer dizer.

O símbolo descrito nos versículos 1-3.

Não comece imediatamente a espiritualizar ou interpretar. Primeiro, perceba a forma literal da visão, exatamente como João na verdade a viu. Bem, João vê um anjo que desce do céu. Este anjo tem uma chave com a qual ele vai fechar o abismo. O abismo é uma cova profunda, quer dizer, um poço com uma tampa em cima. Esta tampa pode ser destrancada, fechada e, até mesmo, fechada hermeticamente. Na mão do anjo está uma corrente com as duas pontas pendentes. Evidentemente, ele vai acorrentar alguém para o prender naquele abismo. O que acontece? João, de repente, vê o dragão, forte, astucioso, horrível. É “a antiga serpente”, esperta e enganadora. João nota que o poderoso anjo supera o dragão. Ele o prende com segurança e firmeza. De fato, ele prende a serpente com tanta firmeza, que ela permanecerá presa por mil anos. Tendo-a prendido, o anjo lança esta serpente na cova e fecha a tampa por cima dela. De fato, ele chega até mesmo a selar a tampa.

O significado deste aprisionamento do dragão.

O dragão é o diabo. Este confinamento preocupa as nações, e não somente uma nação em particular. Passagens como Mateus 12:29; Lucas 10:17,18 e João 12:20-32 mostram claramente qual é o seu significado. Mateus 12:29 nos mostra (veja o contexto) que foi Jesus quem, com relação à sua primeira vinda (a sua vitória sobre Satanás na tentação, a sua morte na cruz, a sua ressurreição e coroação) amarrou o homem valente, ou seja, Belzebu, o demônio. Em que sentido? Lucas 10:17,18 e João 12:20-32 indicam claramente que isso foi feito no sentido em que Jesus restringiu o poder de Satanás de forma que ele não pôde impedir a expansão do Evangelho para as nações do mundo. Foi quando os setenta missionários voltaram que Jesus disse:
“Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago.”
E foi quando os gregos desejaram ver Jesus que nosso Senhor exclamou:
“Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.”
Note: “todos”, não só os judeus, mas também os gregos.
Durante a antiga dispensação, a salvação foi quase restrita aos judeus. Agora tudo ficou diferente. A igreja tornou-se internacional. O Evangelho santificado da salvação se expande para cada vez mais distante e de modo mais amplo, e os eleitos de Deus são reunidos por todo o mundo. Esta era do Evangelho é o primeiro dos dois sinais preliminares. Veja o capítulo 24.
A milenar prisão de Satanás significa, então, que durante o presente milênio, ou a era do Evangelho, que começa com a primeira vinda de Cristo e (até onde concerne a este mundo) estende-se quase até a sua segunda vinda, o diabo está amarrado no sentido de que ele está impossibilitado de impedir a expansão da Igreja entre as nações do mundo por meio de um ativo programa missionário, e ele não pode manipular as nações – o mundo em geral – para causar a destruição da Igreja como uma poderosa instituição missionária. Eu rejeito completamente a idéia de que todo o mundo será convertido ou que, por leis melhores, programa de distribuição de riquezas, etc., o céu descerá finalmente à terra. Nada disso! Satanás sempre fará muito dano. Dentro da esfera na qual ele mostra sua influência, ele age furiosamente, da mesma maneira que um cachorro, embora amarrado com firmeza, pode fazer muito dano dentro do círculo de seu aprisionamento. Fora daquele círculo, porém, o cachorro não pode fazer qualquer dano. Assim, Apocalipse 20 também ensina que, embora o diabo faça muito dano, contudo, com respeito a uma coisa, ele está firmemente amarrado, ou seja, no sentido de que, durante esta era do Evangelho, ele não pode impedir os eleitos de todo o mundo de rejeitarem sua mentira e aceitarem a santificada verdade revelada por Deus no seu mundo. Haverá um “tempo curto” em que este maravilhoso programa de missões mundiais será frustrado, a saber, o tempo do anticristo, que já foi debatido. E que, por sua vez, será seguido pela segunda vinda de Cristo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Qual é o significado da passagem “e assim todo o Israel será salvo”?

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.

O ponto de vista errado sobre a passagem.

O ponto de vista errado, como eu vejo, é o seguinte: Apresentando o Evangelho, Deus está lidando com dois grupos. O primeiro é o grupo dos gentios, o outro é o dos judeus. Por muito tempo o Senhor trata especialmente, entretanto, não exclusivamente, com os gentios. Chegará um momento, porém, quando Deus começará a lidar mais uma vez com os judeus. O resultado será que “uma grande massa” de judeus será convertida, “grande números deles”, alguém poderia até mesmo referir-se “aos judeus como uma nação”.
Minhas objeções para esta explicação são as seguintes:
A. Ela contraria o contexto de Romanos 11. Em parte alguma este contexto fala sobre a salvação nacional ou até mesmo sobre salvação em massa. Pelo contrário, fala sobre endurecimento em massa – e salvação de remanescentes.
B. Nosso Senhor não profetizou uma conversão nacional dos judeus em parte alguma. Jesus amou os judeus. Ele era um filho de Abraão, Isaque, Jacó e Judas. Se os judeus vão ser convertidos em grandes massas como um sinal do fim, era de se esperar que Jesus tivesse dito isto, especialmente quando os discípulos lhe pediram que lhes falasse sobre o sinal da sua vinda e do fim do mundo. Mas ele afirmou exatamente o oposto. Ele indicou em todos os lugares que os privilégios, que uma vez pertenceram ao povo da antiga Aliança, seriam transferidos a uma nova nação (ou seja, a Igreja, composto por judeus e gentios. (Leia Lc 19:43,44; também Mt 8:11,12; 21:32).
C. De acordo com o ensino coeso de Paulo, não existem promessas especiais de privilégios para este ou para aquele grupo nacional ou racial – sejam judeus, ou holandeses, ou os americanos – neste nova dispensação. (Leia pra si mesmo, Rm 10:12,13; Gl 3:28; Ef 2:14).
D. Deus não recompensa a desobediência!
E. O texto – Romanos 11:26a – não diz, “e, ENTÃO, todo o Israel será salvo”, como se o Senhor tratasse primeiro com os gentios e, quando ele terminasse com estes, começasse a pensar mais uma vez nos judeus. O texto diz: “e, ASSIM, todo o Israel será salvo”. O significado da palavra assim deve derivar-se do contexto.

O ponto de vista correto.

Segundo me parece, o contexto deixa muito claro qual é o ponto de vista correto. Paulo, neste capítulo, discute a questão de como as promessas de Deus podem ser reconciliadas com a rejeição da maior parte de Israel (veja v. 1). O apóstolo responde desta forma:
“Vocês devem se lembrar que, mesmo durante a antiga dispensação, estas promessas somente se cumpriam na vida dos verdadeiros crentes. E esta é a realidade ainda hoje, durante a nova dispensação.”
Ele diz:
“Deus não rejeitou seu povo, a quem de antemão conheceu (v. 2)... sete mil homens, que não dobraram o joelho diante de Baal (v. 4)... um remanescente segundo a eleição da graça”.
Alguém poderia ter esperado que Deus castigasse os judeus eliminando-os completamente, ou enviasse a todos eles o endurecimento. O pecado de crucificar o Messias na cruz certamente mereceria tanto. Mas o grande mistério (veja o v. 25) é este, que de entre os judeus um remanescente será salvo, alguns dos “ramos” que foram enxertados em sua própria oliveira. Note porém: não mais do que alguns dos ramos, nem mais do que um remanescente. Agora, todos estes remanescentes reunidos constituem TODO o ISRAEL. Paralelo ao processo por meio do qual a plenitude (ou seja, o número completo dos eleitos) dos gentios se realiza, também ocorre o processo por meio do qual TODO o ISRAEL (todos os eleitos entre os judeus) é salvo. Assim – ou seja, os remanescentes são aqueles aos quais se refere a obra salvadora de Deus, e com relação aos da fé, isso se refere ao homem (veja o v. 23) – TODO o ISRAEL será salvo. Assim, e de nenhum outro modo, portanto, não como uma nação, mas como um grupo de remanescentes ao longo das eras, não continuando na incredulidade, mas aceitando a Cristo por meio de uma fé viva. Para dar a salvação para TODO o ISRAEL, foi que Jesus veio ao mundo (veja os vs. 26 e 27).
Eu fecharei esta discussão citando as palavras de três autores por cujas convicções eu tenho o maior respeito.
Dr. Bavinck, o autor da monumental obra Gereformeerde Dogmatiek, diz:
“De acordo com isso, o termo TODO o ISRAEL não indica que o povo de Israel será convertido em grande escala no fim dos tempos, nem tampouco se refere a uma igreja integrada por judeus e gentios; mas ao 'pleroma' (plenitude), o qual, através dos séculos, é reunido fora de Israel. É a profecia de Paulo, de que, como um povo, Israel continuará existindo junto aos gentios, que não será eliminado ou desaparecerá da terra, e que permanecerá até o fim dos tempos, que contribuirá com o seu 'pleroma' para o reino de Deus, da mesma maneira que os gentios, e que reterá sua tarefa peculiar e posição a respeito deste reino” (minha tradução).
O Prof. L. Berkhof, em sua magistral obra Systematic Theology, diz:
“TODO o ISRAEL não deve ser compreendido como uma designação da nação toda, mas do número total de eleitos de dentro do povo da antiga Aliança”.
E o Dr. S. Volbeda, com sucesso, defende a tese:
“Pelo termo TODO o ISRAEL em Romanos 11:26a, nós temos que entender o número total de eleitos de dentro de Israel”.
Nós estamos de acordo com Bavink, Berkhof e Volbeda.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O estabelecimento do estado de Israel é o cumprimento da profecia?

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.

A pergunta.


É muito significativo o fato de que, em sua jornada ao redor do globo – uma jornada geralmente do Leste para o Oeste, justamente como o sol – o Evangelho fez grande progresso, especialmente durante o último século. Porém, da mesma maneira, é significativo o fato de que no mundo de hoje, e até mesmo na denominada “cristandade” de hoje, há várias condições que tornarão muito mais fácil do que antes para o Anticristo o alcance do domínio mundial. Que o palco está sendo preparado para a grande apostasia dificilmente pode ser posto em dúvida. Coisas como estas deveriam ser consideradas sinais dos tempos.
Muitos cristãos sinceros estão convencidos, porém, de que ainda há outro sinal, uma indicação mais clara e inconfundível de que neste momento o retorno de Cristo deve estar muito, muito próximo. Este sinal, segundo eles acreditam, foi o estabelecimento, em 14 de maio de 1948, do estado de Israel. De acordo com um autor: “O estabelecimento daquela nação em sua própria terra, até mesmo na incredulidade, é realmente significante”. Chamando isto de “significante”, ele quer afirmar que é um cumprimento claro das profecias. E tal profecia estaria em Deuteronômio 30:1-10.

Todos os tipos de idéias parecidas vieram à tona, como, por exemplo, que de acordo com a profecia os judeus que regressaram (ou que voltaram) para a Palestina serão convertidos em quantidades enormes pouco antes de Jesus voltar e que, quando isto acontecer, nós saberemos que o retorno de Cristo está bem próximo.

Devem ser discutidas duas idéias, portanto. A primeira é a restauração de Israel como uma nação especialmente favorecida por Deus; a segunda é a conversão de Israel. O presente capítulo trata do primeiro assunto. O próximo capítulo trata do segundo.

Porém, neste momento, a atenção geral está focalizada no fato estabelecido de que um certo número de judeus estabeleceu a nação chamada Israel, e a primeira pergunta será lançada desta forma: “O estabelecimento do estado de Israel é o cumprimento da profecia?”


A resposta.


A. Ninguém nega que haja muitas profecias de restauração, isto é, muitas profecias sobre o retorno dos judeus para a sua terra e o seu restabelecimento como uma nação (por exemplo, Dt 30:1-10; 1Rs 8:46-52; Jr 18:5-10; 29:12-14; Ez 36.33; Os 11:10). Porém, até que ponto estas profecias referentes à restauração literal dos judeus como uma nação, foram cumpridas quando (em fases) os judeus voltaram de seu cativeiro Babilônico-Assírio, e foram restabelecidos em sua própria terra? Tudo isso aconteceu há muito tempo, muito antes que Jesus nascesse.

Este ponto é tão fácil de entender, que é estranho que muitas pessoas não vejam isto. Deixe-me ilustrar: Digamos que aqui está um criminoso, o Sr. Smith, que foi condenado a um ano de prisão. O amigo dele, o Sr. Brown, visita-o na prisão e o conforta com a idéia de que em breve ele será solto de seu encarceramento. Agora, a ação do Sr. Brown pode ser interpretada como se dissesse, “Smith, você ficará mais trinta anos a partir de hoje, depois que você tiver cumprido outro período na prisão”? Tal conforto seria uma tolice. Similarmente, você pode estar certo de que quanto os profetas do Antigo Testamento profetizaram que os judeus seriam lançados em seu cativeiro, o seu retorno para sua própria terra, e o seu restabelecimento como uma nação, eles estavam falando sobre uma bem próxima libertação de seu cativeiro Babilônico-Assírio, e não uma volta para casa, procedente de uma dispersão, mais de dois mil anos depois. Como indicado previamente neste livro, as profecias do Antigo Testamento devem ser estudadas do ponto de vista do Antigo Testamento e de seu fundo histórico.

B. Deus não recompensa a desobediência, mas a obediência. Portanto, a libertação predita pelos profetas tinha seu caráter condicionai. O que os profetas quiseram dizer foi que “Israel será restabelecido se se arrepender. Neste caso, se seus pecados forem apagados, será permitido a eles retornar a seu país”.

Veja isto por si mesmo, nas passagens que foram mencionadas há um tempo atrás: Deuteronômio 30:1-10; 1º Reis 8:46:52; Jeremias 18:5-10; 29:12-14; Ezequiel 36:33; Oséias 11:10. Como segue:

“e tornares ao Senhor, teu Deus, tu e teus filhos... então, o Senhor, teu Deus, mudará a tua sorte” (Dt 30:2a, 3a).

“o Senhor tornará a exultar em ti, para te fazer bem (…), se deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus (…), se te converteres ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Dt 30:9,10).

“E, na terra aonde forem levados cativos, caírem em si, e se converterem, e, na terra do seu cativeiro, te suplicarem dizendo: Pecamos, e perversamente procedemos, e cometemos iniqüidade; e se converterem a ti de todo o seu coração e de toda a sua alma, na terra de seus inimigos que os levarem cativos... ouve tu nos céus... a sua prece e a sua súplica... e move tu à compaixão os que os levaram cativos” (1Rs 8:47-50).

“Se a tal nação se converter da maldade contra a qual eu falei, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe” (Jr 18:8).

“Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações... e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio” (Jr 29:13,14).

“Assim diz o Senhor Deus: No dia em que eu vos purificar de todas as vossas iniqüidades, então, farei que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares desertos” (Ez 36:33).

“Andarão após o Senhor; este bramará como leão, e, bramando, os filhos, tremendo, virão do Ocidente” (Os 11:10).
Que este espírito de arrependimento era realmente presente na hora do retorno do cativeiro Babilônico-Assírio, está claro em passagens como Daniel 9:1,2,5,6; Esdras 3:5,10,11; 6:16:22; 7:10; 8:35; 10:11,12; Neemias 1:4-11; Ageu 1:12,13, etc.
Mas os judeus que, em 14 de maio de 1948, estabeleceram o estado de Israel, não haviam se arrependido! Em geral a religião deles é baseada no Humanismo. É uma dependência de si mesmo, uma “religião do trabalho”. O Dr. G. C. Aalders disse:
“Tudo que aconteceu ultimamente na Palestina e tudo que ainda pode acontecer lá não tem nada a ver com a profecia divina.”
Ele quer dizer que isto ainda não é a restauração de Israel.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Os 144.000 de Apocalipse 14.

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de William Hendriksen (1900/1982). Renomado pastor, professor e autor de diversos comentários bíblicos, foi uma das maiores autoridades da atualidade na escatologia cristã.

O primeiro dos parágrafos mostra-nos o Cordeiro postado sobre o monte Sião. Este é o Sião “que não se abala, firme para sempre” (Sl 125:1). É o céu (Hb 12:22), pois lemos: “Ouvi uma voz do céu”. Junto com o Cordeiro, o apóstolo vê 144.000 com o seu nome e o nome do seu Pai escritos em sua fronte. Essa é a multidão selada, mencionada no capítulo 7. Ali, esses santos ainda vivem na terra cercados por inimigos. Aqui eles gozam da bênção do céu depois do julgamento final. Embora o dragão tenha tentado ao máximo torná-los infiéis ao seu Senhor, e mesmo que ele tenha empregado duas bestas para assisti-lo, não faltará nenhum desses 144.000 “quando se fizer chamada”.
O apóstolo ouve um som vindo do céu: os 144.000 cantam o novo cântico. É como o som de muitas águas e como a voz de grande trovão, constante, majestoso, sublime. Imagine a poderosa catarata do Niágara, com seu incessante som em
crescendo, alcançando um tonitruante estrondo quando as águas atingem as profundezas. Tal será o soar do novo cântico! O que quer que seja insignificante e mesquinho ficará fora dele. Mesmo que tenha de ser majestoso, sublime, constante, será, ao mesmo tempo, o cântico mais terno, doce e suave jamais ouvido, como o som de “harpistas quando tangem suas harpas”. O majestoso e o sensível, o sublime e o terno serão belissimamente combinados nesse novo cântico. Será um novo cântico, pois grava uma nova experiência: os 144.000 foram comprados da terra. Cada um dos remidos canta esse cântico diante do trono – sobre o qual se assentam Deus e o Cordeiro – e diante dos querubins, e diante de toda Igreja em glória. Como esse cântico grava a experiência de ter sido comprado da terra pelo precioso sangue do Cordeiro, segue-se que somente aqueles que têm essa experiência podem aprender a cantá-lo. Esses 144.000 são castos, isto é, não se macularam. Não se tornaram infiéis a Cristo. Eles o seguem por onde quer que vá (cf. 2ªCo 11:2).
“São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro”.
Cristo morreu por eles. Um dos resultados de sua morte foi a obra purificadora do Espírito Santo em seu coração por meio da qual foram separados de uma vida de pecado e de mentiras (cf. 1ªCo 6:20).
Observe, especialmente, que esses 144.000 são primícias para Deus e para o Cordeiro no sentido de que foram comprados dentre os homens. Noutras palavras, houve uma separação; as primícias eram dedicadas ao Senhor. Da mesma forma eles foram colocados à parte dos homens em geral (
cf. Tg 1:18). O mundo da humanidade, que está caminhando para o juízo final, é frequentemente comparado ao fruto que está amadurecendo para a colheita (Mt 9:37; 13:30; Lc 10:2; Jo 4:25). Encontramos esse símbolo no capítulo em questão (Ap 14:14ss.). Aqui, também, as primícias são para o Senhor (versos 14-16); o resto é para Satanás (versos 17-20). O símbolo se baseia na lei do Antigo Testamento com respeito às primícias. Todas as primícias eram oferecidas ao Senhor, após o que os israelitas tinham a liberdade de dispor do resto (Êx 23:19; Nm 18:12). Da mesma maneira, temos aqui um contraste entre as primícias e os homens em geral. Todos os redimidos, o número completo dos eleitos, estão incluídos nas primícias. Qualquer que não pertença às primícias não é do Senhor, não é um eleito. Esses 144.000 não são primícias versus outros crentes. Não constituem um grupo especial no céu, um grupo de supersantos. São as primícias “compradas dentre os homens”. Isso fica evidente, também, pelo fato de que esses 144.000 têm em sua fronte escrito o nome do Cordeiro e o nome do seu Pai. Assim, eles são o aposto de “os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos” que recebem a marca da besta em sua fronte ou sobre a mão direita (13-16). Todos os crentes, sem exceção, são selados com os nomes de Deis e do Cordeiro. Semelhantemente, todos os réprobos, aqueles que se endureceram em seu pecado e em sua descrença, são marcados ou registrados. Então, de novo, os redimidos – não apenas um número seleto de supersantos – cantam um novo cântico em glória. Nenhum dos demais pode aprender a cantá-lo. O capítulo 7:1-8 descreve a Igreja militante aqui na terra. O capítulo 7:9-17 retrata a Igreja triunfante no céu. Aqui, no capítulo 14, a mesma Igreja triunfante é descrita da perspectiva de sua bem-aventurança e santidade celestes. [25] Esses 144.000 não aceitam a mentira de Satanás. Conseqüentemente, em Cristo, eles são imaculados (cf. Êx 12:5; Lv 1:3; 9:2; Mt 5:48).

[25]
Ver R. C. H. Lensk, op. cit., p. 425.
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