sexta-feira, 24 de julho de 2009

A IMPECABILIDADE DE CRISTO.

É grande o número de cristãos que acredita que Cristo, enquanto encarnado, era capaz de pecar, ou que nEle existia a capacidade de pecar – em tudo foi tentado – e contudo não pecou. (Hb 2:17,18; 4:15).
Todavia, discordo dos meus irmãos sobre esse assunto, mas para que essa discordância seja legítima é necessário expor os argumentos que me levam a pensar diferente. O assunto em questão é deveras complexo e não tenho a pretensão de examinar exaustivamente a questão da pecabilidade versus impecabilidade [1], então peço a você meu caro leitor(a), que encare esse post como uma espécie de “declaração de fé particular”.

Ainda, um último – e estritamente pessoal – ponto que preciso salientar, é que a minha experiência como cristão, sobretudo a minha fé, é grandemente transformada e edificada somente quando penso na pessoa IMPECÁVEL de Cristo. Isso realmente me fortalece, mas mais importante e além disso, também vejo as Escrituras Sagradas influenciando totalmente esse pensamento e testificando o tempo todo a impecabilidade do meu Senhor e Salvador.

Sem mais delongas, vamos aos argumentos.


terça-feira, 21 de julho de 2009

Conclusão do capítulo 9 de Daniel e o arrebatamento secreto, Parte 4.

...continuação.

IMPORTANTE
: O texto a seguir é de autoria de David Martyn Lloyd Jones. Ele foi pastor da Capela de Westminster em Londres e mesmo depois de sua morte (1981) ele ainda é considerado um dos maiores pregadores da atualidade.


Segundo Tregelles, o ensino a respeito do arrebatamento preliminar dos santos, o qual primeiro veio como um enunciado profético, foi aceito por determinadas pessoas presentes na conferência de 1830, inclusive J. N. Darby. Mas não foi aceita por B. W. Newton, nem por Robert Chapman nem por George Müller. Muitas pessoas não estão cientes de que ele não foi aceito em geral, mesmo entre esse círculo, e que houve divisão. Somente J. N. Darby e alguns de seus seguidores o aceitaram, ainda que se dissociaram totalmente de Edward Irving quando começou a falar sobre línguas, visões, apóstolos, e assim por diante. Não obstante, o ensino sobre o arrebatamento persistiu e ainda persiste.

Eis, portanto, o ensino acerca desse arrebatamento preliminar, e os amigos que crêem nisso alegam que há determinados textos bíblicos que o comprovam.

E assim passamos a considerar 2ª Tessalonicenses 2:8:
“E então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá com a manifestação de sua vinda” ou, “a epifania de sua parousia” ou, “a manifestação de sua vinda”.
Há, eles reivindicam, uma diferença entre Sua “vinda” e “a manifestação da Sua vinda”. Isso, porém, certamente é contestado pelos versículos 9 e 10 do capítulo 1, onde a condenação do pecador e a glorificação dos santos ocorrem juntas. Alem do mais, 1ª Tessalonicenses 2:1 identifica a parousia com a vinda do Senhor.
Em 1ª Tessalonicenses 4:15-17 também fala da vinda do Senhor – a parousia – e nesse ponto o argumento dos que crêem no arrebatamento preliminar é que os incrédulos e ímpios não são de forma alguma mencionados aqui, pos isso estes versículos não se aplicam a eles. No entanto, afirmar tal coisa é ignorar o problema imediato com o qual Paulo estava lidando. Os crentes tessalonicenses estavam preocupados com os cristãos que tinham morrido (vv. 13,14), e Paulo lhes assegura que tais pessoas também ressuscitarão naquele dia. Ele não se preocupa com os incrédulos aqui. O mesmo tema persiste no capítulo 5 (no v. 2, “o dia do Senhor” é claramente o mesmo dia). Os crentes devem preparar-se para aquele dia (5:4), mas como poderiam estar preparados se já haviam sido arrebatados sete anos antes?

Com respeito a Mateus 24:40,41, que diz:
“Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro; estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada outra”.
Todo o cenário consiste no juízo, e o contexto é comparável ao dilúvio. Portanto, esse versículo significa que, no juízo final, haverá separação.
Em seguida chegamos a Atos 1:11:
“Esse Jesus, que dentre vós foi levado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes subir”.
Aqui o argumento dos que crêem no arrebatamento é que a ascensão de Cristo não foi vista pelo mundo, e portanto a segunda vinda de Cristo também não será vista por ele. Contudo, quando os anjos dizem, “assim como”, estão claramente se referindo ao modo de Sua vinda, a qual será física e visível.
Em 1ª Coríntios 15:23 se diz:
“Cada um, porem, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda (parousia)”. E o versículo 24 prossegue: “Então virá o fim...”.
Portanto, eis a ordem: primeiro Cristo; então, os cristãos; finalmente, o fim. Essa é, nos dizem, uma indicação de que os sete anos e o milênio permanecem entre a vinda de Cristo “para” e Sua vinda “com” os santos. Mas, indubitavelmente, a seqüência aqui é normal. Além do mais, a palavra “vir” não se acha no original.
Então lemos no versículo 52 que “a trombeta soará”; e no versículo 26, que “o último inimigo a ser destruído é a morte”. Em 1ª Tessalonicenses 4:16 nos é dito que o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”. Não existe nada de secreto aqui.

Finalmente, em João 5:28,29, nosso Senhor diz:
“Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiveram feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.
Enquanto que em João 6:39,40, Ele se refere a “o último dia”.
Portanto, a clara impressão das Escrituras é que só existe uma única vinda, não duas; nem existem dois estágios. Há também só uma ressurreição, como veremos mais adiante. Não existe, pois, arrebatamento “secreto” ou “preliminar”, e nenhuma vinda de nosso Senhor a qualquer momento. Certas coisas devem ocorrer primeiro, como já vimos.

Um pouco antes de sua morte, perguntaram a George Müller se devemos esperar o regresso de nosso Senhor a qualquer momento ou se determinados eventos terão de se cumprir antes. Eis aqui sua resposta:
“Eu sei que sobre esse tema há grande diversidade de critério, e não desejo impor a outras pessoas a luz que eu tenho em mim. O tema, contudo, não me é novo; pois tendo sido cuidadoso e diligente estudante da Bíblia por quase cinqüenta anos, minha mente há muito foi firmada neste ponto e não tenho qualquer sombra de duvida sobre ele. As Escrituras declaram claramente que o Senhor Jesus não virá até que a apostasia haja acontecido, o “homem do pecado, o filho da perdição”, tenha sido revelado como se vê em 2ª Tessalonicenses 2:1-5. Muitas outras porções da Palavra de Deus também ensinam claramente que certos eventos terão de se cumprir antes do regresso de nosso Senhor Jesus Cristo. Entretanto, não altera o fato de que a vinda de Cristo, e não a morte, é a grande esperança da Igreja e, num reto estado do coração, nós (como os crentes tessalonicenses fizeram) “serviremos o Deus vivo e verdadeiro e aguardaremos do céu a seu Filho.” [1]
Terminemos, então, com esta nota: consideremos tudo isso, não dominados por um espírito excitado e carnal, mas sobre nossos joelhos, por assim dizer, orando pela direção e unção, bem como pela iluminação do Espírito Santo. Verifiquemos que estamos interessados porque aguardamos o Seu aparecimento, porque essa é nossa bendita esperança para a qual olhamos anelantes, e por causa disso nos purificamos agora e procuramos viver como filhos da luz, e obviamente de forma diferente dos filhos da noite e das trevas.

Chegamos ao final da série de estudos sobre o texto de Daniel 9:24-27 pelo ponto de vista amilenista, por David Martyn Lloyd Jones.


[1]
Citado por Frank H. White em The Saints Rest and Rapture.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

ESTE É MEU REI, VOCÊ O CONHECE?

Compilação do famoso sermão "Seven Way King" (That's My King) pregado pelo Reverendo S.M. Lockridge (1913/2000).

terça-feira, 14 de julho de 2009

Conclusão do capítulo 9 de Daniel e o arrebatamento secreto, Parte 3.

...continuação.

IMPORTANTE
: O texto a seguir é de autoria de David Martyn Lloyd Jones. Ele foi pastor da Capela de Westminster em Londres e mesmo depois de sua morte (1981) ele ainda é considerado um dos maiores pregadores da atualidade.


Portanto, eis os dois pontos de vista, e lhes pediria que os ponderassem criteriosamente e em oração. Vejo nesta seção de Daniel uma profecia mais chocante do que o ocorrido literalmente quinhentos anos mais tarde. Que previsão do evangelho! Que maravilhosa profecia do eterno caminho de Deus para a salvação! Vocês se lembram que Daniel estava aflito. Perguntou ele: o que irá acontecer? Qual será o futuro? E eis a resposta: é informado do que sucederá à sua nação e a seu povo. Mas, graças a Deus, não pára aí. É também informado do que Deus fará em cumprimento de seu antigo pacto e promessa. É informado sobre o Messias, a justiça eterna, a expiação, a reconciliação e de toda a glória da salvação cristã. Portanto, a impressão que tenho é de ser totalmente desnecessário introduzir uma lacuna entre as semanas sexagésima nona e septuagésima. A septuagésima procede diretamente da sexagésima nona. Essas coisas seguem uma seqüência e aconteceram na mesma seqüência ensinada aqui.

Uma outra questão que a mesma escola de interpretação ensina diz respeito não só ao tempo de Sua vinda, mas também ao modo de Sua vinda. Estou me referindo ao que comumente se chama arrebatamento preliminar dos santos. Ora, essa doutrina, da mesma forma que a interpretação de Daniel, capítulo 9, não era conhecida antes de 1830. Foi primeiro ensinada numa das conferências proféticas que se tornaram conhecidas como “The Powerscourt Conferences on Prophecy” (Conferências de Powerscourt sobre Profecia). O ensino é que há uma diferença entre a vinda de Cristo e o aparecimento de Cristo, também chamada o “dia do Senhor” ou “a manifestação do Senhor” ou “o aparecimento do Senhor”. Diz-se que a vinda de nosso Senhor tem referência somente à Igreja, ao povo cristão, e não se aplica diretamente ao mundo. Quando nosso Senhor vier, Ele virá somente para Seus santos. Os santos do Velho Testamento ressuscitarão, os santos cristãos que já tiverem morrido também ressuscitarão, e os cristãos que permanecerem na terra serão transformados e serão levados com esses outros santos ressurretos para encontrar o Senhor nos ares. Então, dizem, depois que a Igreja já estiver removida, e depois que o Espírito Santo também já tiver partido com a Igreja, o remanescente judaico será deixado aqui na terra. Os judeus já terão voltado para a Terra Santa, o templo terá sido construído e os sacrifícios estarão sendo oferecidos. Então o anticristo aparecerá e fará um pacto, e fará tudo o que eu venho descrevendo. Isso continuará até o dia do Senhor, quando nosso Senhor regressar, dessa vez com os santos – não para eles, mas com eles. Então Ele destruirá o anticristo e introduzirá o grande período do milênio.

Segundo esse ensino surgido em 1830, a segunda vinda de nosso Senhor será então em dois estágios, haverá duas vindas, separadas uma da outra. Ele virá a primeira vez só para receber os santos para Si mesmo. Ele virá a segunda vez, acompanhado pelos santos, para destruir o anticristo e introduzir o período do milênio. Mas não pára aí. Essa primeira vinda do Senhor será secreta. Ninguém O verá senão os santos. Será um arrebatamento secreto. Os incrédulos não saberão que Ele veio. Tudo de que estarão cientes é que os crentes a quem conheciam não mais vivem entre eles.

Vocês percebem a importância desse ensino? O arrebatamento secreto pode acontecer a qualquer momento; não há sinais prévios. Difere do ponto de vista tradicional que já lhes expus, o qual afirma que o anticristo deverá aparecer e será revelado antes que a segunda vinda de nosso Senhor se concretize. Não, sustenta-se que essa vinda do Senhor para Seus santos precederá a manifestação do anticristo e todas as suas obras nefastas. Essa é obviamente uma importantíssima questão para ser considerada.

Eu já disse que a doutrina do arrebatamento secreto não apareceu antes de 1830. Temos de fato uma afirmação autoritativa de como ela começou. Houve um estudioso do Novo Testamento chamado Tregelles, que pertencia aos assim chamados Irmãos de Plymouth. Tregelles foi sem dúvida um dos maiores eruditos em crítica textual do Novo Testamento do século dezenove, e além disso ele era um piedoso homem de Deus. Em 1830 e subsequentemente, ele esteve presente nas Conferências de Darby e de B. W. Newton e de outras pessoas pertencentes a essa escola. Eis o que Tregelles diz:

“Não estou cônscio de que havia algum ensino definido que haveria um arrebatamento secreto da Igreja numa vinda secreta até que isso fosse apresentado na forma de discurso na igreja de Mr. Irving, o que então foi recebido como sendo a voz do Espírito. Mas se alguém mais asseverou ou não tal coisa, foi dessa suposta revelação que surgiu a moderna doutrina e a moderna fraseologia”.
Ora, deixem-me lembrar-lhes do Rev. Edward Irving. Foi um notável pregador escocês cuja história de toda sua vida é digna de leitura. Foi um grande orador dotado de um intelecto privilegiado, e por certo tempo foi assistente do grande Dr. Thomas Chalmers na Escócia. Então foi para Londres onde exerceu um ministério fenomenal, tornando-se o pregador mais popular da cidade. Toda espécie de pessoas se apinhavam para ouvi-lo, pessoas da alta sociedade e de outras classes, por causa de usar extraordinária oratória, e às vezes também por causa da novidade de seus pontos de vista. Infelizmente, o pobre Edward Irving – para ser bondoso – parece ter-se tornado ligeiramente desequilibrado em seus ensinamentos. Começou a falar em línguas, segundo alegava, e a pregar que Deus lhe dera uma visão.
Nota do Mac: Na questão dos dons do Espírito adoto a linha pentecostal clássica de interpretação (até o presente momento), então, nesse ponto, eu e o autor do presente estudo discordamos.
Então fundou uma nova igreja que se denominou Igreja Apostólica. Alegava que a igreja era ainda apostólica, que os apóstolos e profetas não teriam cessado no final do período da Igreja Primitiva, mas que deveria haver ainda apóstolos e profetas, os quais ainda deveriam receber revelações, dedicar-se à pregação profética, ter visões e falar em línguas, etc.

Nota do Mac: Para entender melhor a pneumatologia de Lloyd Jones, ver o excelente artigo do Rev. Augustus Nicodemus que encontra-se nesse link.
Seus seguidores alegavam fazer tudo isso, e essa era a razão por que se chamavam a Igreja Católica Apostólica. Teve por certo tempo alguns seguidores, mas gradualmente o apoio diminuiu e se desvaneceu. Ora, Tregelles diz que até onde sabia, a doutrina do arrebatamento secreto da Igreja na vinda de nosso Senhor foi primeiro ensinada como resultado de uma pregação profética na igreja de Edward Irving. Originou-se do falar em línguas, interpretadas por alguém; alias, Tregelles enfatizou isso ao afirmar que tal ensino foi recebido por “revelação”.

Espero que estejamos percebendo a importância disso, porquanto existem hoje formas de ensino que atraem determinadas pessoas que alegam ser muito espirituais, e uma vez mais o ensino é baseado numa revelação que supostamente foi dada por Deus a uma pessoa em particular. Estou destacando um ponto geral aqui. Segundo meu entendimento do Novo Testamento, devemos sempre suspeitar de um ensino que se baseia em alguma suposta “revelação”. Se vocês lerem sobre a origem dos Adventistas do Sétimo Dia, bem como vários outros assuntos, vieram, segundo alegam, como revelação a uma certa senhora White. Não surgiram de um estudo das Escrituras, porém vieram de uma revelação. Ora, é preciso que considerem se tal coisa pode ser equiparada com o ensino do Novo Testamento com respeito à doutrina. A igreja Católica Romana, naturalmente, alega que ela é tão inspirada quanto a Igreja Primitiva, e que Deus lhe tem dado revelação subseqüente ao cânon do Novo Testamento. Eis por que os católicos romanos podem agora ensinar a concepção imaculada e a ascensão de Maria, e assim por diante – revelações foram dadas à parte das Escrituras.


continua...

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