sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

AMILENISMO: Parte 2.3 - A santa cidade de Jerusalém

...continuação.

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de Robert B. Strimple, professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary.

Quando pensamos o que o NT diz com respeito à santa cidade de Jerusalém, o texto de Hebreus 12.18-24 nos vem imediatamente à mente: “Vocês não chegaram ao monte que se podia tocar [...] Mas vocês chegaram ao monte de Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo [...]”. Talvez tenhamos lido os versículos 18-21 desse capítulo pausadamente, dando um profundo suspiro de alívio e pensando: “Estou muito feliz por não ir a uma montanha como aquela! Eu não poderia possuí-la. Essa é uma questão muito séria. Aquela foi uma cena terrível. Fogo, escuridão, nuvens e tormenta; o som da trombeta, a própria voz de Deus, morte para um passo em falso. O próprio Moisés, o líder com quem Deus havia falado face a face, estava tremendo de medo”.
Mas se reagirmos dessa maneira, deixamos escapar o ponto essencial do argumento do escritor. Ao continuarmos a leitura (v. 22-29), vemos que seu ponto é que – se a realidade da experiência inaugurativa da antiga aliança foi tão apavorante e a penalidade por considerá-lo levianamente e desrespeitar as advertências do Deus que lhes falou desde o Sinai – era coisa realmente séria, quão mais temível é a experiência do cristão da nova aliança. Maiores ainda serão as conseqüências eternas de voltar as costas para Deus, o qual revelou-se a si mesmo muito mais plena e claramente em seu Filho, o mediador da nova aliança. Não viemos a uma montanha criada – e isso era tudo o que o monte Sinai representava naquela assustadora ocasião da entrega da nova aliança. Não chegamos ao lugar santíssimo no tabernáculo ou do templo terreno. Viemos ao verdadeiro Lugar Santíssimo, à presença do próprio Deus! Viemos ao trono celestial de Deus, o verdadeiro e eterno monte Sião.
Agora, em certo sentido, estamos ainda esperando pela Jerusalém celestial. “Mas buscamos a [cidade] que há de vir” (Hb 13.14). O dia da consumação, a plena manifestação da Jerusalém celestial, ainda está à frente (Ap 21). Agradecemos, porém, a Deus porque em um sentido preliminar, mas real, chegamos já a essa cidade. “Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo” (Hb 12.22, grifo do autor).
A distinção bíblica entre a Jerusalém terrestre e a celestial não é entre o “literal” e o “espiritual”, usando “espiritual” no sentido de não-literal. É a diferenciação entre a cópia e a coisa real. Veja Hebreus 9.23,24, onde lemos que os elementos no tabernáculo terrestre de Moisés eram simplesmente cópias do santuário celeste, onde está a própria presença de Deus. O divino é o verdadeiro, o artigo genuíno.
Pense na ênfase de João sobre o “verdadeiro” em seu Evangelho. Jesus é a videira verdadeira, a verdadeira luz, o verdadeiro pão. Jesus é a realidade para a qual apontavam a videira na parede do templo, a luz no candelabro e o pão consagrado no santuário.
Talvez possamos usar os termos que Paulo utiliza em 1Coríntios 15.44-46, natural e espiritual, em que a ordem histórica do primeiro homem (Adão) e do segundo homem (Cristo) também realça um princípio geral: “O espiritual não veio primeiro, mas o natural e depois o espiritual”. Realidades espirituais são tão “literais” quanto são reais os fenômenos naturais. Por exemplo, o corpo de ressurreição do crente é chamado “um corpo espiritual” no versículo 44, não para sugerir que faltará realidade ou substância, mas antes para enfatizar que já não será fraco, mortal e perecível, porque será o corpo elevado, perfeitamente formado e controlado pelo Espírito do ressurreto e imortal Cristo.
Também pense sobre como Paulo fala da verdadeira Jerusalém em Gálatas 4.25,26: “Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com seus filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e é a nossa mãe”.
Em Apocalipse 14.1, João vê o Cordeiro “sobre o Monte Sião”. As antigas profecias de Isaías 2.2-4 e Miquéias 4.1-3 de “muitos povos” de “todas as nações” fluíram para Jerusalém, não serão cumpridas durante o futuro milênio por peregrinações terrenas a uma cidade da terra. Louvado seja Deus porque essa bendita profecia está sendo cumprida agora, quando homens e mulheres de toda tribo da face da Terra invocam o nome do Rei de Sião, e se tornam cidadãos da “Jerusalém do alto”, a mãe de todos os que estão em Cristo pela fé.
Assim, é significativo que Jesus não leve a mulher que encontrou junto ao poço, do monte Gerizim (lugar onde os samaritanos adoravam) a Jerusalém (lugar onde os judeus adoravam). Antes, Cristo a leva a ele próprio.[8] Observe a ênfase sobre o “verdadeiro” em João 4.23-26:
No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade.
São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
Disse a mulher: “Eu sei que o Messias (chamado Cristo) está para vir. Quando ele vier, explicará tudo para nós”.
Então Jesus declarou: “Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você”.
O verdadeiro templo da verdadeira Jerusalém fornece água viva e verdadeira. Foi dada ao profeta Ezequiel (Ez 47.1) a visão da água fluindo do templo, do lado sul do altar, de forma que “onde o rio fluir tudo viverá” (47.9). A mulher de Samaria, porém, não recebeu uma visão ou fotografia, mas a realidade. Jesus diz (João 4.10, 14):
Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água via [...] mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna.
Quando pensamos no significado de Jerusalém como a capital divinamente escolhida do povo da aliança, também cogitamos a respeito do trono de Davi e do templo.

continua...

[8] Edmund P. Clowney, The Final Temple, em Studying the New Testament today, (org.) John H. Skilton (Philadelphia: Presbiterian and Reformad, 1974), p. 118. Esse eloqüente e abrangente estudo também pode ser encontrado em Westminster Theological Journal 35 (Winter, 1973), p. 156-89.

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