segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

AMILENISMO: Parte 2.1 - O verdadeiro Israel

...continuação

IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de Robert B. Strimple, professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary.

O verdadeiro Israel é Cristo. Ele é o Servo sofredor do Senhor, aquele que é – maravilha das maravilhas – o próprio Deus! Retorne, por exemplo, a Isaías 41. Por certo o santo do AT, quando estudava o “cântico do servo” de Isaías, ficava confuso. Comentaristas judeus atuais ficam embaraçados. Ali Israel é chamado por Deus de seu escolhido (41.8,9). Mas, no capítulo 42, versículos 1-7, o Senhor diz:
Eis o meu servo, a quem sustento.
O meu escolhido, em quem tenho prazer.
Porei nele o meu Espírito
e ele trará justiça às nações.
Não gritará nem clamará [...]
Eu o guardarei e farei de você
um mediador para o povo
e uma luz para os gentios,
para abrir os olhos aos cegos,
para libertar da prisão os cativos
e para livrar do calabouço os que
habitam na escuridão
Isso se refere a uma nação que é vista como serva do Senhor, ou trata-se agora de um indivíduo, o Messias?
Sabemos como esses versículos de Isaías 42 são interpretados nos Evangelhos – como cumpridos em Jesus Cristo. Note, porém, como Isaías prossegue em 44.1,2,21; 45.4:
Mas escute agora, Jacó, meu servo,
Israel, a quem escolhi.

Assim diz o Senhor –

aquele que o fez, que o formou no ventre,

e que o ajudará. Não tenha medo, ó Jacó,

meu servo,

Jerusum, a quem escolhi [...]

Lembre-se disso, ó Jacó,

Pois você é meu servo, ó Israel [...]

Por amor de meu servo Jacó,

De meu escolhido Israel,

eu o convoco [Ciro; veja os versículos antecedentes e subseqüentes]

pelo nome...
Se continuássemos lendo Isaías, veríamos o movimento de um lado para outro e a causa da perplexidade – declarações evidentes de que a nação de Israel é a serva do Senhor, mas também sugestões veladas de que o servo é um indivíduo. Talvez o próprio Isaías tenha ficado confuso. Lembre-se de como Pedro falou dos profetas “procurando saber o tempo e as circunstâncias para os quais apontava o Espírito de Cristo...” (1Pedro 1.10-12).[5]
Como a reposta poderia ser clara antes do nascimento de Cristo? Sim, Israel foi chamado para ser servo de Deus, uma luz para iluminar as nações e glorificar o nome de Deus. Mas uma vez que o povo escolhido foi infiel ao seu chamado e falhou em cumprir os propósitos de sua divina eleição, o Senhor designou seu próprio eleito, seu servo, seu verdadeiro Israel.

Em Mateus 2.15, o evangelista vê Oséias 11.1 cumprido na fuga da sagrada família para o Egito e seu retorno por mim: “Do Egito chamei meu filho”. Alguns críticos consideram que essa é uma exegese alegórica sem embasamento e completamente arbitrária da parte de Mateus; que ele toma como referência uma menção claramente referente a Israel (e ela é, de fato; leia o contexto em Oséias 11), e aplica esse texto a Cristo. Esse é, obviamente, um uso extravagante dessa Escritura, diz o crítico. Mas o cristão conhece melhor, porque ele sabe que Cristo é o verdadeiro Israel de Deus, aquele em quem a história de Israel é passada em revista e em quem os propósitos de Deus alcançam seu cumprimento.

Dado que Cristo é o verdadeiro Israel, a verdadeira semente de Abraão, nós que estamos em Cristo pela fé e pela operação de seu Espírito, somos o verdadeiro Israel, o Israel da fé, e não meros descendentes naturais. Paulo escreve em Gálatas 3.7-9, 26,27,29:
Estejam certos, portanto, de que os que são da fé, estes é que são filhos de Abraão. Prevendo a Escritura que Deus justificaria os gentios pela fé, anunciou primeiro as boas novas a Abraão: “Por meio de você todas as nações serão abençoadas. Assim, os que são da fé são abençoados junto com Abraão, homem de fé [...]
Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram [...] E se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa.
Muitas vezes, ao meditarmos sobre essa maravilhosa verdade, omitimos esse importantíssimo elo, que é o próprio Cristo, na corrente de redenção. Dizemos: “Sim, a nação de Israel era o povo de Deus na antiga aliança. Agora, na nova aliança, a igreja cristã é o povo de Deus”. E assim passamos por alto (ou não entendemos plenamente o significado essencial) o fato de que nós cristãos somos o Israel de Deus, a semente de Abraão e os herdeiros das promessas, só porque pela fé estamos unidos àquele que é, exclusivamente, o verdadeiro Israel, a semente de Abraão (note a ênfase de Paulo sobre o singular, em Gl 3.16). Nós participamos das bênçãos prometidas a Israel apenas porque, pela graça de Deus, estamos naquele que é o Israel eleito de Deus, e pela graça de Deis essas bênçãos são estendidas aos que estão unidos a Cristo pela fé.[6]
O texto de Hebreus 8 e 10 apresenta grande dificuldade aos intérpretes pré-milenaristas (conduzindo a uma variedade de explicações), porque o escritor cita ali a profecia da nova aliança de Jeremias 31.31-34, e parece dizer claramente que a nova aliança profetizada por intermédio de Jeremias é o melhor porque está fundamentada em melhores promessas, das quais nosso Senhor Jesus Cristo é o mediador (8.6), e que está em vigor agora, trazendo bênçãos a judeus e gentios. Muitos pré-milenaristas, entretanto, insistem em que essa nova aliança não é cumprida (pelo menos não plenamente) como aliança divina com sua igreja agora, mas será realizada durante o milênio. Por quê? Porque Deus diz em Jeremias (também citado em Hb 8.8) que essa nova aliança será feita “com a casa de Israel e com a casa de Judá”. Os judeus, em sua maioria, não estão usufruindo os benefícios da nova aliança agora.

Mas não há uma boa razão para nos embaraçarmos com essa passagem. Sim, a nova aliança é feita “com a casa de Israel e com a casa de Judá”. Louvado seja Deus porque em união com o Filho de Deus, o verdadeiro Israel, somos membros dessa casa. O apóstolo Paulo escreve em Filipenses 3.3: “Pois nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos pelo Espírito de Deus, que nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne”.


continua...


[5]
Lembre-se também da perplexidade do eunuco etíope quando inquirido por Filipe: “Diga-me, por favor: de quem o profeta está falando? De si próprio ou de outro?” (At 8:34).
[6] Um exemplo da falha em tornar claro esse todo-importante elo é encontrado na declaração de Stanley Grenz sobre a posição amilenarista: “Com base no princípio hermenêutico da prioridade do Novo Testamento, os amilenaristas concluem que as promessas originalmente dadas a Israel são cumpridas na Igreja” (The millenial maze, [Downers Grove, Ill.: InterVarsity, 1992], p. 155). Precisamos reconhecer que as promessas são cumpridas em Cristo e assim naqueles que estão em união com ele pela fé.

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