IMPORTANTE: O texto a seguir é de autoria de Robert B. Strimple, professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary.
Nessa passagem, o apóstolo Paulo dirige palavras de conforto e encorajamento à igreja:
Eles dão prova do justo juízo de Deus e mostram o seu desejo de que vocês sejam considerados dignos do seu Reino, pelo qual vocês também estão sofrendo. É justo da parte de Deus retribuir com tribulações aos que lhes causam tribulação, e dar alívio a vocês, que estão sendo atribulados, e a nós também. Isso acontecerá quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho.Será que esse quadro gráfico é compatível com o conceito do pré-milenarismo sobre um futuro julgamento dividido? Note que será um e ao mesmo tempo que 1) Deus retribuirá “tribulações àqueles que causaram tribulações” aos crentes de Tessalônica, e “punirá os que não conhecem a Deus e não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus”, e que 2) Deus dará “alívio a vocês que estão sendo atribulados, e a nó também”.[16]
É típico das referências bíblicas concernentes a esse maravilhoso evento de consumação, que ele seja abordado aqui de várias maneiras, alertando-nos para o fato de que o NT, com freqüência, descreve o mesmo evento, ou grupo de eventos, de diferentes pontos de vista.
1) Esse duplo julgamento será dosado por Deus, “quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes”. Assim aprendemos que o alívio dos crentes será recebido no retorno visível de Cristo.[17]
2) Isso ocorrerá quando Cristo “vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, incluindo vocês que creram em nosso testemunho”. O tempo no qual Cristo será glorificado em seus santos e admirado por todos os que creram, quando chamar à vida aqueles que morreram nele, e levar todos os crentes a encontrá-lo no ar, a fim de estarem para sempre com ele (1Ts 4.15-18).
3) Tudo isso terá lugar “naquele dia”. No texto grego, essa frase está isolada no final do versículo 10, como uma breve referência a um dia especial na profecia bíblica: o dia do Senhor, o dia do juízo.
Esse dúplice julgamento pode ser referido como acontecendo na vinda de Cristo para os seus santos, em sua visível revelação desde o céu, naquele dia. Assim, não se pode sustentar que essa vinda [parousia], essa revelação [apokalypsis], e esse dia [hemera], acontecerão em tempos diferentes.
O juízo executado por Deus na vinda de Cristo será duplo: bendito para o povo de Deus e punitivo para os incrédulos. Nada sugere que essa passagem fale apenas de punição temporal (morte) recebida pelos ímpios viventes na terra por ocasião do retorno de Cristo, e do juízo final a ser executado após o milênio. A linguagem do apóstolo é geralmente inclusiva. Ele fala não somente daqueles que estavam importunando os tessalonicenses, mas também dos “que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus”. Dizer que os ímpios precisam estar vivos no tempo do retorno de Cristo, para poder receber a punição, não é mais convincente do que afirmar que os crentes precisam estar vivos na volta de Jesus, a fim de poder receber o refrigério e a benção final. Se o julgamento aqui referido somente cair sobre aqueles que estarão vivos no retorno de Cristo, a ameaça falhará em seu cumprimento naqueles que perseguiam os tessalonicenses, porque eles morreram há muito tempo.
Essa passagem fala da condenação final e eterna – “destruição eterna [...] separação da presença do Senhor” – aplicada por Deus, o santo juiz, não após a ressurreição dos ímpios no final do milênio, mas no retorno de Cristo.
continua...
[16] “O grande e consumidor dia do Senhor, que porá fim a era atual, será um dia de salvação para alguns e de destruição para outros. Esse é, claramente, um e o mesmo dia” (Phillip E. Hugues, Interpreting prophecy [Grand Rapids: Eerdmans, 1980], p. 37).
[17] A linguagem é semelhante à usada nos evangelhos sinóticos para descrever a parusia, que o dispensacionalismo clássico tem ensinado ser uma referência ao arrebatamento secreto.